Efeitos do distanciamento social.

Para algumas pessoas, “a quarentena” está sendo apenas uma “viagem de férias”, com poucas coisas a fazer e que podem ser resolvidas à distância, para outras a incerteza do futuro sob vários aspectos, frente a estatísticas que mudam diariamente e para outras, toda a incerteza da epidemia, aliada ao fato de não terem condição de comprar comida, o que leva à desnutrição, diminuição da imunidade e consequentemente maior exposição à doenças infectocontagiosas.

Além de termos que contabilizar o impacto que a crise na saúde causa nas pessoas, temos que pensar também na crise financeira. Como dosar qual o menor impacto? Temos muitos fatores que podem contribuir para uma vasta lista de doenças físicas e/ou emocionais. Além da mortalidade pelo “coronavírus”, temos que avaliar o impacto causado por outras variáveis que essa epidemia pode ocasionar como medo, angústia, insegurança, quadros de depressão, ansiedade e mesmo pânico e as consequências que podem causar.

Como determinar o melhor modelo de restrição das pessoas? Qualquer previsão que fizermos, mesmo as mais isentas, vai ser uma mera estimativa. Não sabemos exatamente quantos casos existem no mundo (número de infectados) e não sabemos com precisão a taxa de mortalidade. O Brasil é um país muito grande, heterogêneo e se comporta como se fosse um conjunto de países. Muito difícil adotar uma política de distanciamento sem errar. Temos muitas variáveis a considerar:

  1. Teríamos que restringir quem pode trabalhar de casa sem prejuízo, todos acima de 60 anos, todos com comorbidade. Esse é o grupo onde a doença deve ser evitada para não termos muitas hospitalizações de uma só vez. Este é o maior objetivo do distanciamento social. 80% dos óbitos ocorrem neste grupo.
  2. Teríamos que evitar qualquer contato deste grupo, principalmente com crianças que são muitas vezes portadores assintomáticos.
  3. Teríamos que resolver o problema da exclusão social (onde vivem muitas pessoas em um ou poucos cômodos) e não existe condição para isolamento. Qual vai ser o impacto disso?

Enquanto analisamos todo o contexto, os hábitos de higiene como lavar sempre as mãos, passar álcool gel após contato com áreas potencialmente contaminadas, usar máscara quando sair, manter distância de pelo menos 1,5 a 2 metros de outras pessoas, ajudam a minimizar a exposição ao vírus.

Muitos não vão gostar ou aprovar as medidas adotadas, somos seres individuais, cada um com sua vivência: aprendemos com a família, com os amigos, na escola; tudo isso nos prepara para enfrentar a vida. Por isso, não julgue. Faça tudo o que você puder para ajudar o próximo. O benefício dessa ação é muito recompensador.

Cada individuo vai sair desta pandemia com sua lição. Estaremos num mundo diferente. Para alguns, talvez igual, para outros muito diferente, mas alguma lição temos que levar desta experiência. Temos que enxergar além de ideologias políticas, além da religião, além da nossa própria existência. Pratique sempre a empatia, tente olhar pelo ponto de vista do outro, ajude da melhor maneira possível.

Com o intuito de minimizar os efeitos causados por esta quarentena, hoje existem serviços de atendimento telefônico gratuito (psiquiatras e psicólogos). Se você conhece alguém que precisa conversar ou mesmo, apenas para tentar entender este turbilhão de sentimentos, repasse essa informação.

Telefone de um dos serviços: SOS – Apoio emocional                                                Fone: 988630550 – (9h às 24h)

Dr. Ricardo Faure / Dra. Patrícia Pereira Faure

Uma visão sobre o Coronavírus

Coronavírus. Mais uma pandemia que acometeu o mundo. O que podemos tirar de lição desse novo episódio?

            Como qualquer situação nova, por mais que tenhamos conhecimento de doenças antigas, tecnologias, mentes brilhantes, sempre existe o período de aprendizado, que vem sendo cada vez mais rápido.

            Entendemos que o vírus se propaga rapidamente, que a grande maioria das pessoas tem um quadro gripal clássico e/ou sintomas mais leves, talvez mesmo sem sintomas, como em outras gripes. Entendemos que o vírus ainda não matou crianças abaixo de 10 anos, que é sempre um grupo preocupante para infecções e que tem uma alta taxa de letalidade nos idosos, principalmente quando existem doenças associadas como hipertensão e diabetes, sobretudo mal controladas.

            Também nos serve de aprendizado o fato de que não adiantam discursos de desunião. A evolução da doença só pode ser otimizada, se houver colaboração das pessoas, se houver empatia, se houver união de conhecimentos e compartilhamento.

            Porque somos submetidos a eventos como este, onde ocorre de uma hora para outra uma desestabilização mundial? Podemos acreditar em aquecimento global, devastação sem controle, dieta com consumo de animais, falta de conscientização e união das pessoas e até mesmo num aprendizado de teor religioso. Ou talvez a somatória de tudo.

            Dentro do que aprendemos até aqui para esta doença, o fundamental é que devemos proteger nossos idosos, evitando ao máximo a exposição deles ao vírus, porque apesar de estarmos todos expostos e neste aspecto somos iguais, os idosos apresentam pior evolução. Conseguimos isso fazendo o vírus circular menos, procurando sair de casa o necessário, evitando aglomerações e aí entram escolas, empresas, reuniões, cultos, cinemas, mesmo que isso represente a nossa fração de sacrifício. Temos exemplos como Singapura, que conteve a disseminação do vírus com essas medidas, mesmo que tenham sido radicais. Aprenderam com eventos pregressos e desenvolveram estratégias para contenção da doença.

                       Além do trabalho de toda equipe de saúde, estamos diante de uma situação onde a colaboração da população é o fator mais importante.

            Para obtermos sucesso nesta empreitada, siga os seguintes passos:

  1. Higienize as mãos e rosto com frequência, com sabonete e use álcool gel nas mãos.
  2. O grande objetivo é evitar grande número de infecções simultâneas, como o que aconteceu na China e na Itália. Muitas pessoas doentes demandam muitas internações ao mesmo tempo e sempre existem limitações no sistema de saúde.
  3. Se estiver com sintomas gripais, evite contato com outras pessoas e use máscara. Em caso de sintomas importantes como febre e principalmente dificuldade para respirar procure um pronto socorro. Não faça teste se você estiver assintomático. Com alta probabilidade o teste pode dar negativo e a pessoa desenvolve a doença mais para frente, tornando-se uma disseminadora e atrasando o diagnóstico de quem precisa.
  4. Procure seguir atentamente e com rigor as medidas que forem tomadas pela equipe de saúde que está conduzindo o caso. A restrição antecipada é sempre alarmista, mas certamente os efeitos que a doença pode causar vão ser insuficientes se nada for feito e então essa equipe será criticada.
  5. Seja consciente com os recursos que temos. Não vai acabar a comida e nem estamos diante do apocalipse. Compre comida com consciência e principalmente máscaras e álcool gel. Só deve usar máscara quem tiver suspeita da doença ou quem está cuidando de pessoas doentes. Se não tiver álcool gel para todos, estamos ajudando na disseminação da doença por quem não conseguiu comprar o produto.
  6. Não deixe de dar amor para sua família desde que tome as precauções de evitar contato direto. Neste momento, a presença vale muito mais que um abraço.

Dr. Ricardo Faure

UMA VISÃO SOBRE A MEDICINA E SUAS RELAÇÕES

Você está no final de campeonato da sua filha e recebe uma ligação dizendo que o filho do seu paciente idoso precisa falar com você com urgência. Um colega tem uma emergência familiar e o hospital precisa que você trabalhe em turno duplo. A ressonância magnética do seu paciente não é coberta e a única opção é ligar para a companhia de seguros e argumentar.

Esses dilemas são uma questão padrão para médicos e enfermeiros. Felizmente, a resposta também costuma ser uma questão padrão: uma maioria esmagadora faz a coisa certa para seus pacientes, mesmo a um alto custo pessoal, o que leva muitas vezes o profissional a um esgotamento.

Assim como no futebol, o profissional de saúde virou uma empresa, na qual tudo importa, menos os jogadores. O protagonismo fica com as emissoras de televisão, patrocinadores, empresas de material esportivo e os “cartolas” dos grandes clubes.

Na área da saúde, o profissional e o paciente também têm papel de figurantes. As negociações com os sistemas de saúde são muitas vezes difíceis, negadas ou não estão disponíveis. O desenvolvimento de novas drogas, sempre buscando a melhor eficácia e segurança e principalmente a incorporação de novas tecnologias mostra que temos recursos, mas que são limitados quando falamos em convênios e principalmente na rede básica de saúde (Sistema Único de Saúde – SUS).

O médico está, então, numa situação conflitante, pois tem a obrigação ética de oferecer o melhor para o paciente, que pode não estar disponível. Além disso, é angustiante ver hospitais, clínicas, empresas de seguros e de assistência médica se referir a médicos como “prestadores de serviço”.

Devemos defender firmemente o princípio sagrado da relação médico-paciente e rejeitarmos veementemente sua corrupção em uma transação fornecedor-consumidor.

A “businessificação” da saúde transformou a área em negócio, inclusive com e telemedicina, que orienta pacientes sem ao menos olhar para a expressão dos mesmos. Até que ponto isso está realmente ajudando?

Resta a cada um se adaptar aos novos conceitos de “trabalhar”, sempre com muita determinação e vontade de melhorar.

 

Dr. Ricardo Faure

 

Fonte:

  1. Henry A. Nasrallah; MDCurrent Psychiatry; Vl. 19, No. 2, p. 5-8
  2. Amaral, JLG; Revista APM; nº 716, 2019
  3. Ofri D; The New York Times; 8, jun, 2019

CÂNCER DE COLO UTERINO

O câncer de colo uterino (ou cervical) é o terceiro em incidência entre as mulheres, atrás apenas do câncer de mama e do câncer colorretal. Tem uma relação importante com doenças sexualmente transmissíveis, principalmente alguns vírus HPV oncogênicos (Papilomavírus).  Apesar disso, a infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes.

Apresenta normalmente uma progressão lenta e existe uma evolução da alteração das células, desde a célula normal até a formação do câncer. Elas passam por alterações que chamamos de atipias leve, moderada e severa e na grande maioria das vezes podem ser detectados pelo exame de prevenção (Papanicolaou). Neste estágio a lesão ainda está localizada no colo (órgão de origem da doença) e sem possibilidade de disseminação, portanto é a fase ideal para tratamento.

O exame de Papanicolaou é muito simples e tem alta sensibilidade, principalmente quando feito anualmente. É importante que a mulher faça o exame para detectar as lesões pré-malignas. Nos casos alterados deverão ser realizados exames mais detalhados como a colposcopia e a vulvoscopia com uma biópsia, se houver alguma anormalidade.

O tratamento dependerá do estágio da doença e do desejo de gestação de cada pessoa. Muitas vezes temos casos de pacientes jovens que ainda não engravidaram. Nos casos de doenças iniciais podem ser feitas cirurgias menores ou menos invasivas, visando uma menor “agressão” cirúrgica e minimizando os efeitos de uma cirurgia radical (físicos e emocionais). A quimioterapia e a radioterapia também fazem parte das alternativas terapêuticas e sua sequência é determinada individualmente, dependendo da análise de cada caso.

O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, em 2014, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos. A partir de 2017, o Ministério estendeu a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.  Essa vacina evita 70% dos casos de câncer de colo de útero.

Nas relações sexuais use sempre preservativo. O início precoce da atividade sexual e o contato com múltiplos parceiros aumenta o risco de infecção por HPV e consequentemente de câncer de colo.

Vacine-se e faça exame ginecológico periodicamente.

 

Dr. Ricardo Faure                                                                      Fonte: INCA

Câncer de Colo Uterino

          O câncer de colo uterino (ou cervical) é o terceiro em incidência entre as mulheres, atrás apenas do câncer de mama e do câncer colorretal. Tem uma relação importante com doenças sexualmente transmissíveis, principalmente alguns vírus HPV oncogênicos (Papilomavírus). Apesar disso, a infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes.

         Apresenta normalmente uma progressão lenta e existe uma evolução da alteração das células, desde a célula normal até a formação do câncer. Elas passam por alterações que chamamos de atipias leve, moderada e severa e na grande maioria das vezes podem ser detectados pelo exame de prevenção (Papanicolaou). Neste estágio a lesão ainda está localizada no colo (órgão de origem da doença) e sem possibilidade de disseminação, portanto é a fase ideal para tratamento.

         O exame de Papanicolaou é muito simples e tem alta sensibilidade, principalmente quando feito anualmente. É importante que a mulher faça o exame para detectar as lesões pré-malignas. Nos casos alterados deverão ser realizados exames mais detalhados como a colposcopia e a vulvoscopia com uma biópsia, se houver alguma anormalidade.

         O tratamento dependerá do estágio da doença e do desejo de gestação de cada pessoa. Muitas vezes temos casos de pacientes jovens que ainda não engravidaram. Nos casos de doenças iniciais podem ser feitas cirurgias menores ou menos invasivas, visando uma menor “agressão” cirúrgica e minimizando os efeitos de uma cirurgia radical (físicos e emocionais). A quimioterapia e a radioterapia também fazem parte das alternativas terapêuticas e sua sequência é determinada individualmente, dependendo da análise de cada caso.

         O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, em 2014, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos. A partir de 2017, o Ministério estendeu a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Essa vacina evita 70% dos casos de câncer de colo de útero.

         Nas relações sexuais use sempre preservativo. O início precoce da atividade sexual e o contato com múltiplos parceiros aumenta o risco de infecção por HPV e consequentemente de câncer de colo.

         Vacine-se e faça exame ginecológico periodicamente.

Escrito por: Dr. Ricardo Faure

Fonte: INCA

A prevenção de doenças e a cura pela mente

Chegamos ao final de mais um ano. Quanto aproveitamos este período para cuidar da nossa saúde? De que maneira estamos cuidando do nosso “corpo”, que é a ferramenta que nos foi dada para realizar nossa jornada?

Saímos de um ano difícil. Muitas discussões, conflitos e desentendimentos; com amigos, familiares e companheiros do trabalho, somado com toda carga que suportamos com as nossas atividades cotidianas. Quanto isso nos acrescentou e foi positivo para o nosso crescimento? Quanto de “stress” e ansiedade isso gerou?

O “stress” é uma condição que pode ser benéfica em “pequenas doses”, pois nos ajuda a resolver as situações diárias, mas se for contínuo e principalmente intenso (maior do que nossa capacidade de administrá-lo), pode levar a sérios danos à saúde, culminando com a diversidade de doenças que acometem hoje as pessoas.

Alguns cientistas acreditam que podemos usar o nosso subconsciente para curar o corpo. O dr. Herbert Benson, pesquisador e fundador-presidente do Instituto Mente / Corpo da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, em Boston, nos Estados Unidos, realiza há mais de três décadas, estudos que vem comprovando, que aquietar a mente é um hábito poderoso na prevenção e no combate de problemas como insônia, tensão pré-menstrual, infertilidade e hipertensão. Além disso, alivia os efeitos de doenças crônicas e tratamentos químicos fortes, como o de câncer. O doutor Benson concluiu que de 60 a 90% das doenças podem ser curadas pela mente. A repetição de palavras e o esvaziamento da mente são grandes aliados neste combate, sem deixar de lado obviamente os tratamentos medicamentosos e os procedimentos cirúrgicos.

A meditação consiste em deixar a mente livre de pensamentos. E isso, é geralmente conseguido pela repetição de palavras. Quando um católico reza um terço, por exemplo, ele está meditando. Não importa o que está dizendo, desde que aquela palavra tenha um significado importante para ele. Pode ser paz, amor, aleluia, shalom ou um mantra.

A importância desta informação é procurarmos entender o quanto estamos fazendo para “curar” ou “prevenir” nossas doenças. Mesmo que estejamos longe de conseguir aquietar nossas mentes, isso sempre será um grande aliado.

Bom final de ciclo a todos e que venha um novo ano com muitas revelações e realizações.

 

Equipe CEMEP

Novembro Azul

A luta contra o câncer é uma causa a ser debatida diariamente. O diagnóstico precoce aumenta muito as chances de sucesso no tratamento

 

Chegamos em novembro e desta vez vamos falar da saúde dos homens. O câncer de próstata tem grande importância quando falamos em prevenção e detecção precoce e é o segundo tipo de câncer mais incidente no homem, atrás apenas do câncer de pele (não melanoma). Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer) aproximadamente 68 mil novos casos devem ser diagnosticados este ano.

O aumento da expectativa de vida, assim como para outros tipos de câncer, faz aumentar sua incidência, mas as novas tecnologias ajudam a fazer diagnósticos mais precoces.

O câncer de próstata tem evolução silenciosa e os primeiros sintomas vão, portanto, aparecer quando a doença pode já não ser tão inicial. Os sintomas que devem ser valorizados são: dificuldade para urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou a noite e infecções urinárias e/ou prostáticas.

O urologista é o médico indicado para fazer este acompanhamento e os dois principais exames associados ao diagnóstico precoce são o toque retal e um exame de sangue, que dosa um antígeno produzido pelos tumores: o PSA (Antígeno Prostático Específico). Estes dois exames podem diagnosticar até 90% dos casos suspeitos para a doença.

A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que homens a partir de 50 anos façam os exames de prevenção anualmente. Os homens negros, ou que tenham antecedentes na família devem começar a prevenção a partir dos 45 anos.

Uma dieta rica vegetais, grãos e cereais integrais, e com menos gordura, principalmente as de origem animal, ajuda a diminuir o risco de câncer, como também de outras doenças crônicas. A atividade física feita por pelo menos por 150 minutos semanais, de moderada a intensa, manter o peso adequado à altura (IMC – Índice de massa corpórea), diminuir o consumo de álcool e eliminar o hábito de fumar também são fatores fundamentais.

Lembrem-se que a prevenção é fundamental. Conversem com as pessoas que estão ao seu lado.

Outubro Rosa

“A prevenção é pilar fundamental em qualquer doença.”

Estamos novamente em outubro, o mês escolhido para reforçarmos um assunto muito importante para as mulheres. Hoje sabemos que o câncer de mama é uma doença heterogênea e com padrão de comportamento distinto.

Estamos vivendo a era da biologia molecular e isso determina tratamentos individuais, quando levamos em consideração todas as características de cada caso. Existem medicações que atuam especificamente em cada variável da doença, assim como cada paciente se beneficia de determinado tipo de cirurgia. Em muitos casos e após o aparecimento de novos testes, houve diminuição da agressividade no tratamento. Hoje sabemos por exemplo, que a quimioterapia pode ser evitada em muitos casos.

O assunto é complexo e inclui avaliações multi e interdisciplinares. As várias especialidades médicas (cirurgião, oncologista clínico, radioterapeuta), assim como outras disciplinas (psicologia, fisioterapia, nutrição), são fundamentais para adesão e uma boa evolução do tratamento.

A psico-oncologia é uma especialidade da psicologia que acolhe e acompanha cada paciente num momento em que o planejamento de vida muda radicalmente. Entender esse novo momento que altera a estrutura não só do paciente, mas dos familiares e amigos é fundamental, alivia e melhora a evolução do tratamento.

Quando tiver dúvida de alguma alteração na mama, não deixe de consultar seu médico. O câncer de mama é uma doença curável para aproximadamente 80 % das mulheres, quando diagnosticado em fases iniciais e as novas estratégias de detecção da doença, aliadas a tratamentos cada vez mais precisos, tem mostrado aumento da sobrevida.

 

Dr. Ricardo Faure / Dra. Patrícia Pereira Faure

 

Setembro Amarelo

“Setembro Amarelo: mês de prevenção do suicídio. Conversar sobre o tema não estimula, pelo contrário: pode salvar uma vida!”

O “Setembro Amarelo” é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, criada no Brasil em 2015, pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). No dia 10 de setembro se comemora o “Dia Mundial de Prevenção do Suicídio”.

Este é um tema recorrente porque estamos falando da desistência de viver, que na grande maioria das vezes (90%), pode ser evitada. Qualquer ameaça ou tentativa de suicídio deve ser levada a sério e a ajuda e o apoio devem ser providenciados. Quem busca o suicídio, na realidade tenta se livrar da dor, do sofrimento, que de tão intenso, parece insuportável.

O comportamento suicida inclui:

  • Tentativa de suicídio:Um ato de autoagressão cuja intenção é a morte, que acaba não ocorrendo. Uma tentativa de suicídio pode ou não resultar em lesão.
  • Suicídio consumado:Um ato intencional de autoagressão que resulta em morte.

automutilação não suicida é um ato de autoagressão que não tem o intuito de resultar em morte. Tais atos incluem por exemplo a realização de arranhões ou queimaduras em alguma parte do corpo e a ingestão uma dose excessiva de algum medicamento não letal. A automutilação não suicida pode ser uma maneira de reduzir a tensão ou pode ser um pedido de ajuda por parte de pessoas que ainda têm vontade de viver. Esses atos não devem ser menosprezados.

Isolamento, mudanças de hábitos, perda de interesse por atividades que gostava, descuido com aparência, piora do desempenho na escola ou no trabalho, alterações no sono e apetite, frases como “preferia estar morto” ou “quero desaparecer” podem indicar necessidade de ajuda.

As redes sociais, que são ferramentas do cotidiano, devem ser usadas com muita cautela. Até que ponto vale uma determinada quantidade de likes? O quanto a foto postada representa a vida real de cada um de nós? E o que estamos tentando mostrar ou esconder? Ou mesmo sermos aceitos? Isto tudo pode ser sinal de baixa autoestima.

A educação é muito importante. É preciso perder o medo de se falar sobre o assunto, estimular o diálogo, compartilhar informações e estar sempre próximo das pessoas de sua convivência para perceber mudanças de atitude.

Se você perceber que algum amigo pode estar deprimido, sofrendo repressão ou se isolando do convívio social, ofereça ajuda, apoio e atenção. Muitas vezes esta ajuda não chega até a pessoa que está querendo “desparecer”.

Pacientes com pensamentos suicidas devem ser encaminhados e tratados por médicos psiquiatras e psicólogos.

Não importa onde e nem em que momento da vida você parou, sempre é possível recomeçar.”

 Dra. Patrícia Pereira Faure / Dr. Ricardo Faure

  

 

 

 

Fonte: www.setembroamarelo.org.br

 

ATÉ QUE PONTO PODEMOS EVITAR AS DOENÇAS?

Um estudo divulgado nesta semana, por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), mostrou uma causa, que explica porque os ataques cardíacos coronarianos são tão comuns em seres humanos e são “virtualmente inexistentes” em outros mamíferos, inclusive nos nossos “parentes” chimpanzés.

Em algum momento entre dois e três milhões de anos atrás, nossos ancestrais “perderam” um gene chamado CMAH e suas funções foram desativadas. Essa característica foi passada até o Homo sapiens (200 mil anos atrás) e trouxe uma maior propensão a sofrer ataques cardíacos (Infarto agudo do miocárdio).

As doenças cardiovasculares são a maior causa de mortalidade no mundo (31% das causas) e a maioria destas mortes são por complicações da aterosclerose (“deposição de gordura nas artérias”); a ausência da CMAH impulsiona o desenvolvimento da aterosclerose e pode também contribuir para aumentar o risco de câncer de cólon e diabetes.

Embora exista uma série de fatores que aumenta o risco de ataque cardíaco (colesterol alto, sedentarismo, idade avançada, hipertensão, obesidade e tabagismo), em 15% dos casos de doença cardiovascular, o paciente não tem nenhum desses fatores. Seriam casos, apenas, de predisposição genética. Chimpanzés que foram criados em cativeiro e também com os fatores de risco listados acima, não apresentaram maior incidência dessas doenças.

Entre os nossos alimentos, a carne vermelha tem uma molécula em abundância, produzida por este gene, que por ser “estranha” ao homem causa uma reação imunológica, que pode causar uma reação inflamatória na circulação sanguínea e contribuir para o aparecimento da aterosclerose, sendo então um alimento prejudicial, principalmente se consumido em excesso.

Esse estudo pode ajudar a explicar por que os seres humanos são mais propensos a desenvolver complicações cardiovasculares em comparação com outras espécies, apesar de possuírem fatores de risco semelhantes e ajudar a desenvolver maneiras de combater a ausência deste gene.

Num momento em que muito se discute sobre meio ambiente, sustentabilidade e dietas sem proteína animal, devemos tentar diminuir o consumo de carne vermelha. Essa é uma medida que pode nos ajudar a melhorar nossa qualidade de vida.

 

Dr. Ricardo Faure                         Fonte: BBC.com – “O gene perdido” –

ALIMENTAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA

Quando pensamos em qualidade de vida e longevidade, não podemos deixar de falar em nutrição e atividade física. Estes fatores são importantes para manutenção do peso e prevenção de doenças, entre elas, as cardíacas, metabólicas (diabetes) e do sistema nervoso.

A alimentação é o conjunto de hábitos e substâncias utilizado pelo homem para manter suas funções vitais, contribuindo para o desenvolvimento físico e intelectual e fazendo com que o corpo funcione em harmonia. As dietas são individualizadas e culturais e por isso, muito variáveis.

O intestino é um órgão importantíssimo, já que a qualidade da alimentação proporciona o equilíbrio da flora bacteriana, que se não estiver adequada (disbiose), pode desencadear doenças que vão de simples infecções até doenças alérgicas, auto-imunes e câncer. O intestino sofre processo inflamatório (colite) e passa a absorver de maneira inadequada.

Embora o padrão da microbiota (bactéria intestinais) seja estabelecido até os 2 anos, ele pode ser impactado por fatores da nossa alimentação diária que apresenta mais influência sobre a constituição desta microbiota, quando comparada aos fatores genéticos (57% vs. 12%).

Uma das dietas mais estudadas atualmente é a “dieta do mediterrâneo”, onde você deve balancear o prato com metade de frutas, verduras e legumes e a outra metade com carne branca, grãos e frutas secas. A carne vermelha e a gordura animal (saturada) devem ser reduzidas, assim como os produtos refinados (açúcar e farinha). Deve se dar preferência aos produtos menos processados (integrais e orgânicos).

Apesar de sabermos o que comer, muitas vezes somos “sabotados” por dietas da moda e nutrientes e produtos que prometem milagres.

 

A refeição deve retornar à mesa, deve ser um momento saudável nutricionalmente e uma troca entre familiares e/ou amigos. Aspectos assim são fundamentais para nutrir um estilo de vida realmente saudável.

 

Dr. Ricardo Faure

Fonte: Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição

Vacinas: Devo tomar?

A História das vacinas começou há cerca de 200 anos, quando Edward Jenner observou que as mulheres ordenhadoras de leite de vaca, que tinham se contaminado com a “vaccinia” ou varíola bovina, mantinham-se imunes à varíola humana, que era uma doença com alta taxa de mortalidade. A partir daí, foram realizados testes que comprovaram a eficácia da imunização, o que evitou a morte de milhões ou mesmo bilhões de pessoas até hoje. O nome vacina ficou então consagrado desde esta época.

Historicamente sempre houve resistência às campanhas e no Brasil não foi diferente. Em 1904 tivemos a “Revolta da Vacina”, que foi causada pela insatisfação da população contra a obrigatoriedade da vacinação posta em prática pelo sanitarista Oswaldo Cruz, a mando do presidente Rodrigues Alves.

Já foram desenvolvidas imunizações para várias doenças com alto poder de letalidade ou mesmo com sequelas incapacitantes, como a febre amarela e a poliomielite e certamente, isso determinou um forte impacto na redução da mortalidade por doenças infecciosas. Com exceção da água potável, nenhuma outra intervenção teve tanto impacto na redução da mortalidade e no crescimento populacional. A diminuição dos casos de determinadas doenças, faz a população diminuir a adesão à vacinação, o que pode causar novo aumento dos casos, como o que está acontecendo com o sarampo atualmente. O Brasil não tinha casos de sarampo desde setembro de 2016.

Assim como tudo na área da saúde, existe uma evolução contínua no desenvolvimento dos imunizantes, que em muitos casos já são feitos através de engenharia genética, o que diminui radicalmente os efeitos adversos (até os anos 80 as técnicas eram mais precárias). Diversas vacinas estão atualmente em desenvolvimento (HIV, Dengue, Zika, Malária) e existem recomendações de vacinação para cada idade segundo os órgãos responsáveis (OMS, Ministério da Saúde), que devem ser seguidas. Cada vacina tem o seu público alvo e sua relação risco/benefício e devem ser sempre realizadas, salvo em casos onde exista uma contraindicação. Consulte sempre um profissional de saúde. Previna-se

Dr. Ricardo Faure                      Fonte: Revista Ser Médico n° 85 ano 2018

“Abril Laranja” – Envelhecimento e animais de estimação

O mês de abril é dedicado à prevenção de maus tratos contra animais. O “Abril Laranja” foi criado pela Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (ASPCA) e a intenção é que as mais variadas organizações mundiais possam aderir e fortalecer a causa. Os maus tratos ainda são uma forte realidade no mundo todo.

O Brasil possui parâmetros legais para punir quem pratica agressões físicas, abandono ou tráfico de animais silvestres: a Lei 9605/98, art. 32, afirma: “Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos é crime”.

Temos que ter muita responsabilidade ao adotar um animal, pois o mesmo se torna um “dependente” nosso, mas iremos ter inúmeros benefícios com a companhia deles.

Uma pesquisa divulgada na semana passada, realizada pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, revelou que o envelhecer pode ser mais saudável e mais feliz para quem tem um animal de estimação. Os dados mostram que 90% das pessoas, de 50 a 80 anos, que tem um animal de estimação como cão ou gato, dizem que os animais ajudam a aproveitar a vida e a se sentir amados. Além da diminuição do stress em 80% deste grupo.

Os “pets” modificam a saúde mental assim como a física. Animais como cachorro demandam um incremento na mobilidade (passeios, cuidados diários, cuidados com saúde) e a atividade física acaba contribuindo para melhorar o bem-estar emocional. As pessoas acabam se sentindo úteis num momento da vida em que isto pode começar a ser questionado mais a fundo. Problemas de isolamento social, solidão, depressão e ansiedade, evoluem de maneira melhor para 60% das pessoas que tem um animal.

Vamos proteger os animais. Eles são parte da nossa convivência!!!!!

 

Dr. Ricardo Faure                                    Fonte: O Estado de São Paulo

www.mundodosbichos.com

 

Você já ouviu falar de endometriose?

No mês de março temos a campanha de conscientização sobre esta doença.

O endométrio é a camada interna do útero que se prolifera mensalmente. Essa proliferação ocorre para que seja recebido o ovo (óvulo fecundado pelo espermatozoide). Quando não ocorre a implantação do ovo, o endométrio descama em forma de sangramento (menstruação).  Em algumas mulheres este tecido pode se implantar em regiões fora do seu local original e neste caso caracteriza a endometriose.

Os sintomas dependem da localização e da quantidade dos implantes, mas nem sempre o volume da doença determina a intensidade dos sintomas ou a gravidade da doença. Entre as principais queixas estão a cólica menstrual, dor na relação sexual e dificuldade para engravidar.

O diagnóstico final é feito por biopsia, geralmente por via laparoscópica. A história e o exame físico detalhados podem nos trazer importantes dados para a suspeita clínica e direcionamento para os exames subsidiários, que incluem exames de sangue e de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética.

O tratamento deve ser “planejado” através do diagnóstico inicial e depende da idade, do antecedente obstétrico, do desejo de futuras gestações e do quadro clínico. Pode-se lançar mão de tratamentos clínicos que incluem drogas anti-inflamatórias, medicamentos hormonais como anticoncepcionais, dispositivos implantáveis e tratamento cirúrgico.

Os fatores protetores parecem ser gestações múltiplas, métodos de diminuição ou interrupção do fluxo menstrual como o uso de contraceptivos orais de baixa dosagem ou dispositivos implantáveis e exercícios físicos regulares.

Consulte seu médico regularmente. É importante uma avaliação minuciosa quando existem sintomas que sugerem endometriose.

Fonte: msdmanuals.com                             Dr. Ricardo Faure

 

Telemedicina – Um olhar para o “futuro”

Em 2018, o Plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM) encerrou o ano aprovando a Resolução n° 2.227/18, que é um novo marco para o exercício da profissão no Brasil. O texto, elaborado após debates com especialistas, amplia as possibilidades de atendimento médico a distância e estabelece as primeiras regras, levando em consideração questões éticas, técnicas e legais.

A resolução, em seu artigo 1.º, define a telemedicina como “o exercício da medicina mediante a utilização de metodologias interativas de comunicação audiovisual e de dados, com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em saúde”.

Não existe dúvida, que a telemedicina já está presente em nossa realidade há algum tempo, através de “consultas” por rede social, aplicativos, e-mail e mesmo por telefone, mas a velocidade de crescimento da tecnologia é exponencial e todas as profissões estarão sempre se reajustando e rapidamente.

O benefício para determinadas situações como segunda opinião de tratamento, avaliações que são monitoradas por aparelhos como determinação de tipo de deficiência visual, avaliações de exames de diagnóstico, além de cirurgias à distância são incontestáveis. A demora no atendimento em postos de saúde e hospitais é apontada como fator crítico no funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS).

A finalidade da telemedicina pode beneficiar populações de cidades mais distantes, mas estas cidades precisam formar estruturas para viabilizar o projeto. Em muitos lugares a prioridade provavelmente nem é esta. Existem ainda diferenças culturais, que dificultam a comunicação médico-paciente.

A relação médico-paciente é sem dúvida um fator importante para o sucesso do tratamento. Em muitos casos, o olhar para cada pessoa, seu tom de voz, sua expressão e mesmo a característica de sua narração podem ser fundamentais para fazermos um diagnóstico. O cuidado com a informação que o médico recebe virtualmente deve ser muito bem avaliada. Tomar condutas nesta situação requer mais cuidado.

A medicina é uma profissão que exige ética acima de tudo.

A chegada da telemedicina é mais um avanço, mas como toda novidade que se incorpora em qualquer atividade humana, tem um período de adaptação, uma curva de aprendizado.

Precisamos contar com a honestidade, a coragem e a empatia das pessoas, para que a saúde seja de fato um direito da população, que novas tecnologias sejam aplicadas de fato em prol da saúde e não para interesses secundários. E que prevaleça sempre a intenção de curar, ajudar, aliviar…

 

Dr. Ricardo Faure                                             Fonte: Conselho Federal de Medicina