O vegetarianismo e o veganismo foram as principais tendências de dieta em 2019 e isso deverá progredir. No Brasil, estima-se que 14% das pessoas sejam vegetarianas ou veganas (pesquisa IBOPE de abril de 2018). A estatística, portanto, representa um crescimento de 75% em relação a 2012, onde 8% da população se declarou vegana ou vegetariana, representando hoje, quase 30 milhões de brasileiros que se declaram adeptos a esta opção alimentar.
O veganismo é um movimento que tem como objetivo promover a libertação dos animais, bem como valorizar seus direitos e bem-estar.
A principal diferença entre os dois é que o veganismo, mais do que uma opção de alimentação, é um estilo de vida e uma escolha filosófica. Nele, não se deve consumir produtos de origem animal, como carne, peixe, laticínios, ovos e mel. Mas as escolhas ultrapassam a área da alimentação e se espalham por outros aspectos da vida. Não se usa produtos de couro, velas à base de cera de abelha na decoração e artigos para higiene e limpeza que tenham componentes de origem animal e nem podem ter sido testados em animais. Já o vegetariano não come carne, peixe e aves, mas pode consumir outros produtos de origem animal como o leite e o ovo.
Existem pessoas não-veganas que possuem alimentação inadequada e podem ter deficiências nutricionais, ao passo que um vegano pode ter uma ingestão suficiente de nutrientes de fontes vegetais, sem possuir deficiência em, por exemplo, ferro, cálcio, vitamina B12 e ácido fólico, que estão presentes em grande quantidade na carne e leite. Tudo vai depender da qualidade da alimentação. É muito importante então, que as pessoas que optam por esta alimentação façam uma avaliação nutricional para entender se não estão com deficiência de algum nutriente. Existem muitas escolhas não saudáveis e não balanceadas tanto no veganismo quanto fora dele, que podem levar a carências nutricionais
É possível ter uma variedade enorme de alimentos naturais, que muitas pessoas sequer experimentam por estarem acostumadas com o padrão alimentar que muitas vezes não possui diversidade. Combinações de frutas, verduras, legumes, temperos, cereais e grãos dos mais diversos resultam em receitas incríveis. A alimentação vegana de qualidade deve ser composta por uma ampla variedade de alimentos naturais e integrais. Deve-se ter cuidado para não aumentar muito a ingestão de carboidratos refinados, como biscoitos e pães não integrais e ter uma baixa ingestão de leguminosas, frutas e legumes, que são ricos em proteínas e fibras. Existem vários alimentos veganos ultra processados no mercado e todos devem ser evitados.
Entre as principais dicas estão a quinoa (também rica em fibras, ferro, magnésio e manganês), grão de bico (rico em fibras), lentilhas (também tem fibras) e o bom e o velho feijão, que, quando associado com o arroz, torna-se uma combinação perfeita; fonte não só de proteínas, mas de aminoácidos, vitaminas e sais minerais. Outras opções são o amaranto (rico também em ferro, vitaminas do complexo B e magnésio), aveia, castanhas, tofu, pasta de amendoim, semente de abóbora e de girassol. Entre os alimentos ricos em ferro estão as leguminosas, como feijão, frutas secas, sementes, oleaginosas (castanhas, amêndoas, nozes), vegetais verde-escuros (espinafre, couve, agrião, coentro, salsa), cereais integrais (trigo, aveia, arroz) e diversos outros, como mandioca, molho de tomate, tofu e melaço de cana.
Existem também opções riquíssimas em cálcio, especialmente hortaliças verde-escuras como espinafre, brócolis, agrião e couve. Além disso, tomate, amêndoas, ameixa-preta, soja orgânica e frutas cítricas. Ou seja, um grande cardápio de variedades.
Por um lado, existem muitas evidências que comprovam os benefícios da dieta vegetariana/vegana na diminuição do risco de desenvolver doenças crônicas, por outro, o consumo exclusivo de vegetais pode favorecer deficiências de nutrientes específicos, mas que podem ser evitadas com facilidade. Portanto, uma dieta vegetariana/vegana equilibrada permite oferta nutricional adequada, previne doenças crônicas e promove a saúde. As dietas baseadas em vegetais constituem alternativa segura, oportuna e preferencial para garantir qualidade de vida e longevidade.
Dra. Patrícia Faure Fonte: Globo.com / G1 / Nutrição