Efeitos do distanciamento social.
Para algumas pessoas, “a quarentena” está sendo apenas uma “viagem de férias”, com poucas coisas a fazer e que podem ser resolvidas à distância, para outras a incerteza do futuro sob vários aspectos, frente a estatísticas que mudam diariamente e para outras, toda a incerteza da epidemia, aliada ao fato de não terem condição de comprar comida, o que leva à desnutrição, diminuição da imunidade e consequentemente maior exposição à doenças infectocontagiosas.
Além de termos que contabilizar o impacto que a crise na saúde causa nas pessoas, temos que pensar também na crise financeira. Como dosar qual o menor impacto? Temos muitos fatores que podem contribuir para uma vasta lista de doenças físicas e/ou emocionais. Além da mortalidade pelo “coronavírus”, temos que avaliar o impacto causado por outras variáveis que essa epidemia pode ocasionar como medo, angústia, insegurança, quadros de depressão, ansiedade e mesmo pânico e as consequências que podem causar.
Como determinar o melhor modelo de restrição das pessoas? Qualquer previsão que fizermos, mesmo as mais isentas, vai ser uma mera estimativa. Não sabemos exatamente quantos casos existem no mundo (número de infectados) e não sabemos com precisão a taxa de mortalidade. O Brasil é um país muito grande, heterogêneo e se comporta como se fosse um conjunto de países. Muito difícil adotar uma política de distanciamento sem errar. Temos muitas variáveis a considerar:
- Teríamos que restringir quem pode trabalhar de casa sem prejuízo, todos acima de 60 anos, todos com comorbidade. Esse é o grupo onde a doença deve ser evitada para não termos muitas hospitalizações de uma só vez. Este é o maior objetivo do distanciamento social. 80% dos óbitos ocorrem neste grupo.
- Teríamos que evitar qualquer contato deste grupo, principalmente com crianças que são muitas vezes portadores assintomáticos.
- Teríamos que resolver o problema da exclusão social (onde vivem muitas pessoas em um ou poucos cômodos) e não existe condição para isolamento. Qual vai ser o impacto disso?
Enquanto analisamos todo o contexto, os hábitos de higiene como lavar sempre as mãos, passar álcool gel após contato com áreas potencialmente contaminadas, usar máscara quando sair, manter distância de pelo menos 1,5 a 2 metros de outras pessoas, ajudam a minimizar a exposição ao vírus.
Muitos não vão gostar ou aprovar as medidas adotadas, somos seres individuais, cada um com sua vivência: aprendemos com a família, com os amigos, na escola; tudo isso nos prepara para enfrentar a vida. Por isso, não julgue. Faça tudo o que você puder para ajudar o próximo. O benefício dessa ação é muito recompensador.
Cada individuo vai sair desta pandemia com sua lição. Estaremos num mundo diferente. Para alguns, talvez igual, para outros muito diferente, mas alguma lição temos que levar desta experiência. Temos que enxergar além de ideologias políticas, além da religião, além da nossa própria existência. Pratique sempre a empatia, tente olhar pelo ponto de vista do outro, ajude da melhor maneira possível.
Com o intuito de minimizar os efeitos causados por esta quarentena, hoje existem serviços de atendimento telefônico gratuito (psiquiatras e psicólogos). Se você conhece alguém que precisa conversar ou mesmo, apenas para tentar entender este turbilhão de sentimentos, repasse essa informação.
Telefone de um dos serviços: SOS – Apoio emocional Fone: 988630550 – (9h às 24h)
Dr. Ricardo Faure / Dra. Patrícia Pereira Faure