A REPERCUSSÃO NEURO-PSICOLÓGICA DA COVID-19

Completamos um ano de pandemia e continuamos aprendendo a cada dia. Além de todas as possíveis alterações físicas que o vírus pode causar (comprometimento pulmonar, perda de olfato e paladar, dores e atrofia muscular) e que podem permanecer por longos períodos, uma das consequências causadas pela COVID-19 são as alterações neuropsicológicas.

Um estudo publicado recentemente na revista Lancet (abril de 2021) procurou fornecer estimativas de taxas de incidência e riscos relativos de diagnósticos neurológicos e psiquiátricos em pacientes, nos seis meses após um diagnóstico de COVID-19. Foi comparado um grupo de pacientes com diagnóstico do coronavírus, com um grupo com diagnóstico de gripe e outro com diagnóstico de qualquer infecção respiratória. Entre 236 379 pacientes com diagnóstico de COVID-19, a incidência estimada de um diagnóstico neurológico ou psiquiátrico nos seis meses seguintes foi de 34%. Para pacientes que foram admitidos em uma UTI (doença mais grave), a incidência estimada de um diagnóstico foi de 47%. Condições neurológicas como derrame e demência foram raras, mas também aumentadas no grupo do COVID. E, quadros de ansiedade e transtornos de humor foram mais diagnosticados no grupo do COVID (17% dos pacientes com distúrbios de ansiedade e 14% com distúrbios de humor, incluindo depressão, nas infecções mais leves do vírus).

Esse estudo reforça a importância das medidas de prevenção da infecção (álcool gel, máscara, distanciamento social e principalmente as vacinas). A incidência de alterações emocionais que já está aumentada neste momento de incerteza (profissional, familiar, financeiro, futuro), pode ser exacerbada com a infecção pelo coronavírus.

A ajuda precoce de um especialista em saúde mental nos casos desses diagnósticos é fundamental para evitar agravamento do quadro. O importante é buscar ajuda, assim que se percebe a necessidade; o tratamento pode ser mais curto e menos estressante.

Os benefícios da psicoterapia têm sido significativos no enfrentamento do momento atual. Vão desde a conquista da autonomia para controlar as mais diversas situações, o autoconhecimento, a autogestão emocional e a uma melhor qualidade de vida dos pacientes.

Cuidem-se!

Dra. Patrícia Pereira Faure

Psicóloga / Psico-Oncologista