O que é a Doença Falciforme e Quais Exames Identificam?

A Doença Falciforme é uma condição genética que afeta os glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os em forma de foice ou crescente, ao invés de sua forma normal, arredondada e flexível. Essa deformidade dificulta a passagem dos glóbulos vermelhos pelos vasos sanguíneos, resultando em bloqueios que podem causar dor e danos aos tecidos e órgãos. Neste artigo, exploramos o que é a Doença Falciforme, seus sintomas e os exames que ajudam a identificá-la.

O que é a Doença Falciforme?
A Doença Falciforme é causada por uma mutação no gene HBB, que codifica a hemoglobina, uma proteína responsável pelo transporte de oxigênio no sangue. A forma alterada dessa proteína, conhecida como hemoglobina S, faz com que os glóbulos vermelhos adquiram a forma de foice quando desoxigenados. Essa deformidade resulta em:

Bloqueio dos vasos sanguíneos: Os glóbulos vermelhos em forma de foice podem se agrupar e obstruir pequenos vasos sanguíneos, causando dor intensa e danos aos tecidos.
Anemia: Devido à destruição rápida dos glóbulos vermelhos deformados, ocorre uma diminuição na quantidade de glóbulos vermelhos saudáveis, levando à anemia.
Complicações de saúde: As crises dolorosas, infecções frequentes, danos a órgãos como rins, fígado e baço, entre outras complicações, são comuns em pessoas com Doença Falciforme.
Sintomas da Doença Falciforme
Os sintomas da Doença Falciforme variam de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:

Dor intensa (crises de dor)
Fadiga e cansaço
Infecções frequentes
Icterícia (pele e olhos amarelados)
Inchaço nas mãos e pés
Problemas de crescimento em crianças
Complicações respiratórias
Exames para Identificação da Doença Falciforme
A Doença Falciforme pode ser diagnosticada através de uma série de exames laboratoriais, que incluem:

Teste do Pezinho: Realizado em recém-nascidos, este teste de triagem é obrigatório no Brasil e pode identificar a presença de hemoglobina S, permitindo o diagnóstico precoce da Doença Falciforme.

Eletroforese de Hemoglobina: Este exame de sangue identifica e quantifica os diferentes tipos de hemoglobina presentes no sangue. A presença de hemoglobina S é um indicador da Doença Falciforme.

Teste de Solubilidade da Hemoglobina: Um teste rápido que detecta a presença de hemoglobina S no sangue. No entanto, este teste não distingue entre a Doença Falciforme e o traço falciforme.

Teste Genético: Analisa diretamente o DNA para identificar mutações no gene HBB. Este teste é mais preciso e pode confirmar o diagnóstico de Doença Falciforme e identificar portadores do traço falciforme.

Importância do Diagnóstico Precoce
O diagnóstico precoce da Doença Falciforme é crucial para o manejo adequado da doença. Com tratamento adequado e acompanhamento médico, é possível reduzir a frequência e a gravidade das crises de dor, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. As estratégias de tratamento incluem:

Uso de medicamentos para controlar a dor e prevenir infecções
Transfusões de sangue em casos graves
Terapia com hidroxiureia para reduzir a frequência das crises
Suporte nutricional e cuidados gerais de saúde

A Doença Falciforme é uma condição genética grave que requer atenção e cuidado contínuo. Conhecer os sintomas e os exames de diagnóstico disponíveis é fundamental para o manejo eficaz da doença. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, as pessoas com Doença Falciforme podem viver vidas mais saudáveis e produtivas.

Cuidados com a pele durante o período menstrual

O período menstrual pode ser bastante sensível para algumas mulheres. Além das dores menstruais, é normal que nossa pele fique mais sensível, oleosa e com a aparição de comedões, por isso, é recomendado cuidados especiais com a pele durante o período menstrual.

Mas relaxa! O DermaBlog está aqui para te mostrar como cuidar da sua pele nesses dias! Antes de tudo, é importante entendermos que o período menstrual passa por algumas ‘fases’, e a pele vai mudando de acordo com elas.

Fase folicular (1º ao 14º dia)
Durante a fase folicular, os níveis de estrogênio começam a aumentar gradualmente. Isso pode ajudar a melhorar a aparência da pele durante o período menstrual, tornando-a mais iluminada. Por isso, nessa fase é importante manter uma rotina de limpeza regular da pele, além de investir em produtos hidratantes que mantém a pele macia e saudável. Você também pode realizar a esfoliação, para remover as células mortas e estimular a renovação celuar.

Fase ovulatória (14º dia)
Durante a fase ovulatória, o pico de estrogênio pode aumentar a produção de sebo, deixando a pele oleosa e propensa a acne. Por isso, é importante continuar com a rotina de limpeza da pele, utilizando produtos específicos para pele oleosa e evitando produtos que obstruem os poros. A Proteção Solar também é necessária durante esses dias, para evitar danos à pele.

Fase lútea (14º ao 28º dia)
Durante a fase lútea, o nível de progesterona começa a aumentar. Isso pode levar a retenção de líquidos, inchaço e acne. Ou seja, é importante continuar a rotina de limpeza regular da pele durante o período menstrual e investir em produtos específicos para reduzir a inflamação e controlar a oleosidade. Além disso, é recomendado evitar alimentos ricos em sal, que podem contribuir para a retenção de líquidos.

Dicas adicionais:
Beba bastante água durante todo o ciclo menstrual para ajudar a manter a pele hidratada.
Evite produtos químicos e fragrâncias fortes, que podem irritar a pele sensível durante o período menstrual.
Durma o suficiente para ajudar a reduzir o estresse e a fadiga, que podem afetar a saúde da pele.
Mantenha uma dieta saudável e equilibrada, rica em nutrientes que ajudam a manter a saúde da pele.
Utilize protetor solar toda vez que entrar em contato com o sol, para evitar o surgimento de manchas ou queimaduras.
Evite ficar tocando na pele, durante esse período sua derme está mais sensível, tocá-la com as mãos sujas pode entupir os poros e gerar mais acne ou inflamação por bactéria.
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Cuidar da pele durante o período menstrual requer atenção às mudanças hormonais que ocorrem no corpo feminino. Por isso, é importante adaptar a rotina de cuidados com a pele para atender às necessidades específicas de cada fase do ciclo menstrual. Investir em produtos específicos e manter uma dieta saudável são algumas das formas de manter a pele saudável e bonita durante todo o ciclo menstrual. Se tiver dúvidas pessoais, um dermatologista também pode ser útil para orientações mais personalizadas e eficazes.

Dia da Mulher: O que é e por que é celebrado em 8 de março?

Comemorado todos os anos em 8 de março, o Dia da Mulher pode parecer apenas mais uma data comercial como tantas outras. O que nem todo mundo sabe é que o dia possui razões mais sérias para existir. Afinal, não é de hoje que as mulheres desempenham um papel fundamental para o mundo e que merecem ser respeitadas e tratadas com igualdade. Para ajudar a promover essa reflexão sobre a importância da mulher na sociedade e celebrar a data, preparamos este post especial. Nele, você vai entender o que é o dia 8 de março, quais eventos deram origem, como comemorar o Dia Internacional da Mulher e como a Accor incentiva a equidade de gênero e as lideranças femininas. Acompanhe!

feliz dia da mulher flores

O que é o Dia da Mulher?

Comemorado desde o começo do século 20, o Dia da Mulher é uma data que destaca a importância da figura na sociedade e também suas conquistas e direitos.

Oficial pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, esse é um dado usado para a igualdade de gênero e Organização para Reivindicar às mulheres.

O Dia Internacional da Mulher homenagemia, principalmente, a luta e as conquistas femininas através da história do mundo. E, cá entre nós, não são poucas e merecem ser relembradas.

 

Contudo, mesmo o Dia da Mulher existe uma importante celebração em nível global, controvérsias sobre sua origem. E é sobre elas que falaremos a seguir.

empoderamento feminino

Qual foi o objetivo da greve de 1857?

Uma das versões mais conhecidas para a criação do Dia Internacional da Mulher foi uma greve realizada por mulheres operárias em Nova Iorque, nos Estados Unidos, em 1857.

Segundo conta a narrativa histórica, essas mulheres teriam se reunido para reivindicar a redução da jornada de trabalho e a criação de uma espécie de licença-maternidade.

Naquela época, trabalhava-se muito e ganhava-se pouco, o que teria motivado os protestos.

Na luta por seus direitos, contudo, as operárias teriam morrido em um incêndio criminoso ocorrido na fábrica de tecidos Cotton, supostamente, comandado pelo diretor da empresa.

 

Mesmo sendo a origem mais popular no mundo, essa tragédia nunca foi comprovada. Porém, ela aconteceu em um momento de eclosão de passagem feminina de mulheres nos Estados Unidos, se torna mola propulsora para uma mobilização feminina por seus direitos.

feliz dia da mulher 8 de março

Conheça a origem do Dia Internacional da Mulher

Embora a origem da data mais feminina do ano seja, de fato, ligada à luta de mulheres operárias por seus direitos, o que aconteceu, na verdade, foi um pouco diferente.

As motivações para a criação de um dia especial foram parecidas, o que muda, no entanto, são as datas e cenários.

Conforme mostram as comprovações históricas, o Dia da Mulher ganhou força a partir de greves realizadas por mulheres nos Estados Unidos e na Rússia. Entenda mais sobre esses dois importantes acontecimentos nos próximos tópicos.

Greve nos Estados Unidos

Mais de 60 anos antes da oficialização do dia 8 de março como o Dia Internacional das Mulheres, cerca de 15 mil mulheres americanas se reuniram para uma greve.

Essa manifestação aconteceu em Nova Iorque, em 1909, e ficou conhecida como Dia da Mulher.

Naquela época, a carga horária de trabalho era exaustiva: trabalhava-se cerca de 14 horas em semanas de seis dias e o salário era baixíssimo. Além disso, as condições de trabalho delas eram piores que as dos homens.

Ambos trabalhavam em ambientes tão precários que representavam um cenário propício para o perigo.

Em 25 de março de 1911, então, aconteceu um incêndio na fábrica têxtil Triangle Shirtwaist Company, em Nova Iorque, que matou 125 mulheres e 21 homens.

A comoção com a tragédia foi tão grande que os sindicatos e o movimento trabalhista nos Estados Unidos se fortaleceram após o incidente.

A relação do Dia da Mulher com a Revolução Russa

Já na Rússia de 1917, cerca de 90 mil mulheres trabalhadoras do setor de tecelagem se reuniram para protestar nas ruas.

A fome mundial foram as principais figuras da primeira aparição, que aconteceu em fevereiro do antigo calendário russo e em 8 de março, no calendárioriano.

Por esses motivos, a ficou conhecida como “Pão e Paz”.

Com a adesão de milhares de pessoas, foi um evento que impulsionou a Revolução Russa. Após o episódio, o dia 8 de março foi oficializado pelos soviéticos como um data para comemorar a “mulher heróica e trabalhadora”.

Controvérsias sobre as origens do Dia Internacional da Mulher 

Embora a origem da Mulher seja associada ao incêndio na fábrica têxtil, ainda há teoria que diz que a existência na Europa está relacionada a outros dados, a outros dados.

De acordo com ela, anual 1910, a sindicalista alemã, do Partido Comunista da Alemanha, Clara Zetkin, do Partido Comunista da Alemanha, das mulheres, uma jornada de manifestações socialistas pela igualdade de direitos.

 

A data, porém, não foi determinada e o primeiro dia oficial da mulher na Europa foi celebrado no dia 19 de março de 1911.

international women's day

Qual a importância do Dia da Mulher?

Mesmo existindo controvérsias sobre as origens do Dia da Mulher, esse é um dado para reflexão e não apenas destinado a homenagens ou troca de presentes.

Embora tenha se tornado uma data com forte apelo comercial, é um dia de luta pelo empoderamento feminino, equidade e respeito.

Em países como Brasil e Estados Unidos, o dia 8 de março é marcado por protestos organizados por mulheres em suas principais cidades.

Além da igualdade salarial, as bandeiras mais levantadas pelos participantes desses movimentos são a descriminalização do aborto, a política de combate à cobrança do feminicídio, entre outras questões urgentes a serem resolvidas.

Ou seja, é um momento que serve para levantar os principais problemas que as mulheres enfrentam e também para aumentar a conscientização sobre a igualdade e a necessidade de respeito.

Marcos históricos das conquistas das mulheres no Brasil

Mesmo com uma história marcada pela submissão e violência, é verdade que, com o passar do tempo, a mulher conquistou muitos direitos. Mas ainda há muito a ser superado.

Vamos relembrar os principais marcos históricos das conquistas das mulheres no Brasil?

No país, o movimento por melhores condições para as mulheres remonta ao começo do século 19.

Em 1813, o baiano Domingos Borges de Barros passou a defender junto às cortes portuguesas a participação da mulher na política.

Já 60 anos depois, em 1873, elas tiveram o direito a frequentar instituições de ensino superior pela primeira vez na história.

Em 132, durante o governo do então Getúlio Vargas, como presidente do Tribunal99 ter o direito ao voto.

Lei Maria da Penha

Outro marco histórico importante veio em 7 de agosto de 2006, quando foi sancionada a Lei nº 11.340, conhecida popularmente como Lei Maria da Penha.

Ela é o principal instrumento legal para coibir e punir a violência doméstica praticada contra as mulheres no Brasil.

Seu nome foi uma homenagem à farmacêutica que, por anos, foi vítima de violência doméstica pelo próprio marido.

A lei Maria da Penha é uma importante feminina, ajudando a combater o problema que afeta a cada dois minutos em todo o país. O dado foi divulgado em 2019 durante a realização do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

 

A luta, no entanto, continua.

abraço interracial de mulheres

Liberdade no Trabalho de Parto

O caminho para um parto fisiológico e respeitoso passa pela liberdade de movimentação no trabalho de parto e parto. A mulher precisa ter liberdade para sentir seu próprio corpo e estar livre para mover-se da maneira que encontre conforto e alívio.

“Liberdade no Trabalho de Parto” é um material ilustrativo que traduz para gestores(as), profissionais de saúde, mulheres e suas parcerias, informações relacionadas à liberdade de movimentação das mulheres durante o processo de parto.

O material foi produzido a partir de recomendações sobre as melhores práticas no trabalho de parto e parto, e validado por um painel de especialistas composto por enfermeiras obstetras e mulheres que pariram. Mais do que mostrar diferentes posições comumente adotadas pelas mulheres nesse período, o material objetiva lembrar que as mulheres devem ser livres e ter apoio para adotar as posições que desejarem no trabalho de parto. Portanto, não é um material prescritivo, tampouco exaustivo. É uma ferramenta recomendada para uso durante a gestação – em consultas pré-natais, grupos de gestantes, educação em saúde, orientação de acompanhantes/parcerias – e durante o trabalho de parto, especialmente se colocada em um local de fácil visualização pelas mulheres, suas parcerias e profissionais de saúde.

Sabe-se que a livre movimentação no trabalho de parto agrega muitos benefícios (Sabatino 2000 2 2010; Guizzo et. Al, 2014; Hung et al, 2019; Berta et al, 2019):

  • Para as parturientes, melhora seu senso de controle, permitindo a vivência de uma experiência positiva de parto;
  • Diminui o tempo total do trabalho de parto;
  • Favorece o processo de descida fetal, facilitando o alinhamento do feto aos planos da pelve materna;
  • Proporciona maior mobilidade do sacro, promovendo mais espaço para o feto no estreito inferior da pelve;
  • Melhora do bem-estar materno e fetal por evitar a compressão dos vasos intra-abdominais, especialmente a veia cava inferior, com menor padrão de frequência cardíaca fetal não tranquilizadora;
  • Melhor equilíbrio ácido básico materno e fetal em posições não supinas;
  • Descompressão do diafragma materno;
  • Por ação da gravidade, a mulher recebe uma força extra de 30 a 40 mmHg para empurrar o bebê;
  • Contrações uterinas mais eficientes pela melhor circulação uterina;
  • Menor nível de dor nas contrações;
  • Permite que a mulher busque posições de conforto, o que pode promover analgesia não farmacológica.

Além da liberdade de movimentação, o pôster também traz um lembrete sobre o direito a acompanhante de livre escolha da mulher no trabalho de parto, e sobre a hidratação/ingesta alimentar no trabalho de parto.
O material é de uso livre e gratuito, pode ser baixado e impresso para uso por profissionais e instituições de saúde.

 

 

Fonte:

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Postagens: Liberdade no Trabalho de Parto. Rio de Janeiro, 11 dez. 2023. Disponível em: <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/liberdade-no-trabalho-de-parto/>.

Saúde da mulher contempla cuidados específicos

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saúde da mulher vai além de questões ginecológicas e deve contemplar, além do bem-estar físico, a saúde mental e emocional, incluído o planejamento familiar, que também faz parte desse rol de cuidados necessários. O funcionamento do corpo feminino tem peculiaridades quando comparado ao organismo do homem, o que gera doenças e distúrbios específicos. Essas especificidades são ainda maiores quando se trata de públicos como mulheres negras, indígenas, privadas de liberdade ou mesmo aquelas que vivem em zonas rurais.

A saúde ginecológica, é claro, não pode ficar de lado e engloba vários aspectos do bem-estar feminino. Nesse sentido, entre os fatores que devem ser observados pelas mulheres estão: alterações do ciclo menstrual, sangramentos transvaginais anormais, sangramentos após a menopausa, dor pélvica aguda ou crônica, nódulos mamários, infertilidade, corrimentos vaginais, úlceras genitais, verrugas vulvares, dor ao urinar, incontinência urinária, dor durante a relação sexual e alterações na sexualidade.

“Em todos esses casos, a atenção médica deve ser procurada para avaliação e acompanhamento adequado”, explica a chefe da Unidade de Atenção à Saúde da Mulher, da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Muse Santiago. A MEAC faz parte da Rede Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que administra 40 hospitais universitários federais no país.

Saúde ginecológica

Mulheres devem dedicar-se aos cuidados com a higiene íntima; a exames ginecológicos de rotina para prevenção e detecção precoce do câncer ginecológico; e ao uso regular de preservativos, a fim de evitar infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

“As mulheres devem cuidar de sua saúde ginecológica por meio da prevenção de gravidez não planejada; da escolha adequada de métodos anticoncepcionais; do autoexame mamário e da realização de mamografia periódica (a depender da idade) para identificação de nódulos ou outras alterações”, pontua Muse Santiago.

Saúde reprodutiva

Muse explica também que a busca de atendimento profissional para o planejamento reprodutivo é fundamental para otimizar a possibilidade de sucesso do método anticoncepcional escolhido, levando em consideração aspectos como segurança e eficácia: “Por fazer parte de sua formação acadêmica, o profissional mais indicado nestes casos é o médico ginecologista e obstetra. O mesmo observará os riscos e benefícios de cada método, com base na condição clínica da mulher”.

Ela esclarece também que os profissionais observarão aspectos e características referentes ao tipo de método proposto (se é reversível ou não, se é cirúrgico, se é hormonal, se é de longa ou curta duração etc.) e avaliar cada caso especificamente, de acordo com os objetivos, interesses e crenças da paciente. A escolha, segundo Muse, é uma decisão conjunta entre a mulher e o profissional de saúde.

Gravidez, pré-natal e neonatal

A especialista da Maternidade Escola Assis Chateaubriand explica que o pré-natal é “de fundamental importância” para a prevenção e a detecção precoce de doenças maternas ou fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da gestante.

“Durante o acompanhamento pré-natal, é possível identificar doenças como hipertensão arterial, diabetes, doenças cardíacas, anemias, doenças infecciosas (sífilis, por exemplo). Seu diagnóstico permite medidas de tratamento que evitam maior prejuízo à mulher não só durante a gestação, mas também por toda a sua vida.”

A atenção profissional durante o parto, segundo a profissional, também é fundamental para identificar eventuais complicações e possibilitar, quando necessário, intervenções adequadas.

Cânceres

De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer, os cânceres mais prevalentes na população feminina são o câncer de mama, cólon e reto, colo do útero, pulmão e tireoide.

A incidência do câncer colorretal é semelhante entre homens e mulheres e está relacionado a fatores genéticos e hábitos de vida, como obesidade, sedentarismo e fatores associados à dieta. O câncer de pulmão, por sua vez, é mais comum em homens, mas aumentou muito entre as mulheres, e a causa principal é o maior consumo de tabaco, observado entre a população feminina ao longo dos anos.

O câncer de tireoide, glândula responsável por controlar diversas funções do metabolismo, é três vezes mais frequente no sexo feminino, explica Muse Santiago: “Embora sem causa determinada, alguns estudos apontam que fatores hormonais e alimentares estão ligados ao desenvolvimento deste tumor”.

A prevenção contra esses cânceres envolve exames ginecológicos de rotina; mamografia anual a partir dos 40 anos; adoção de hábitos saudáveis (evitar o tabagismo, adotar uma dieta rica em fibras, frutas e vegetais etc.). “Também está indicada realização de colonoscopia periódica, a partir dos 50 anos, para detecção precoce deste último. A atividade física regular representa um fator protetor para a maioria dos cânceres.”

Saúde mental

A saúde mental de mulheres possui peculiaridades com relação à de homens. Muse Santiago explica que isso se deve às típicas flutuações hormonais, que ocorrem nas diferentes fases do ciclo menstrual, na gravidez, amamentação e menopausa. Além desses fatores, a cobrança social em relação a padrões de vida e beleza elevam o nível de estresse entre as mulheres.

Por conta de todos esses fatores, mulheres estão mais propensas às alterações de humor e transtornos de ansiedade, sendo mais suscetíveis a sofrerem de depressão. Dessa maneira, os cuidados devem ser diferentes para esse público. “Mulheres também têm maior probabilidade de acumularem mais de um distúrbio mental ao mesmo tempo e são mais suscetíveis a sofrerem de estresse pós-traumático”, esclarece Muse.

Períodos pré e pós-menopausa

Ainda segundo Muse, após a menopausa, é mais comum o surgimento de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, dislipidemias, artrite reumatoide e osteoporose, bem como cânceres, ginecológicos ou não. “Além do ginecologista, por vezes, é necessário seguimento por outros especialistas, como cardiologista, endocrinologista, geriatra, reumatologista e oncologista, a depender de cada caso.”

Idade avançada

A atenção à saúde do homem idoso, segundo explica Muse Santiago, se diferencia da saúde da mulher idosa por peculiaridades que envolvem diferenças físicas, sociais, emocionais e epidemiológicas, no que diz respeito à maior prevalência de determinadas doenças a depender do gênero.

“No homem idoso, os cuidados diferenciados são destinados à prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata, enquanto na mulher idosa este cuidado está direcionado ao câncer de mama, endométrio, ovário e colo uterino. A prevalência de osteoporose também é mais comum em mulheres idosas.”

A importância do Pré Natal

O pré-natal é uma etapa crucial do cuidado da saúde materna e fetal durante a gravidez. É um processo de monitoramento regular e acompanhamento médico que visa garantir que a mãe e o feto estejam saudáveis e bem-cuidados durante todo o período gestacional. A importância do pré-natal é inquestionável, pois ele ajuda a prevenir e identificar problemas de saúde que possam surgir durante a gravidez, além de fornecer orientação para o parto e pós-parto.

Durante o pré-natal, a mãe recebe uma série de exames e avaliações que ajudam a monitorar sua saúde e a saúde do feto. Entre esses exames estão a verificação da pressão arterial, a medição do peso e altura, o exame de urina, o exame de sangue, a ultrassonografia, entre outros. Esses exames ajudam a identificar qualquer problema de saúde que possa surgir durante a gravidez e permitem que o médico tome medidas preventivas ou inicie um tratamento adequado para garantir a saúde da mãe e do feto.

Além disso, o pré-natal é uma oportunidade para a mãe receber orientação sobre como manter uma dieta saudável, evitar substâncias prejudiciais como o álcool e o tabaco, praticar atividade física adequada e fazer outras escolhas que possam contribuir para uma gravidez saudável. A mãe também pode receber informações sobre o parto, as opções de parto e sobre o cuidado do recém-nascido após o nascimento.

O acompanhamento pré-natal é especialmente importante para mulheres que apresentam riscos adicionais durante a gravidez, como mulheres com idade avançada, mulheres com doenças crônicas, mulheres com histórico de abortos espontâneos ou mulheres que já tiveram partos complicados anteriormente. Nesses casos, o pré-natal pode ajudar a monitorar os riscos e a tomar medidas para garantir que a gravidez prossiga da maneira mais segura possível.

Em resumo, o pré-natal é uma etapa fundamental do cuidado da saúde materna e fetal durante a gravidez. Ele ajuda a identificar e prevenir problemas de saúde, oferece orientação e suporte para a mãe e o feto e contribui para uma gravidez saudável e segura. Por isso, é essencial que todas as mulheres grávidas recebam acompanhamento pré-natal adequado e regular durante toda a gestação.

Tromboembolismo venoso e contracepção

O tromboembolismo venoso (TEV) é caracterizado pela formação de coágulos de sangue no interior das veias, bloqueando de forma parcial ou total a passagem do sangue. Além disso, o termo é empregado para designar a combinação de duas doenças: a trombose venosa profunda (TVP) e a embolia pulmonar (EP). A trombose venosa profunda é causada pela formação de coágulos no interior das veias profundas, geralmente ocorrendo nos membros inferiores do corpo, enquanto a embolia pulmonar é a obstrução das artérias do pulmão causada pela formação de coágulos (trombo).

É uma doença decorrente de condições diversas, adquiridas ou congênitas, e dentre os principais fatores de risco para o desenvolvimento do TEV estão aumento da idade, obesidade, cirurgia e trauma, câncer, gravidez e pós-parto, tabagismo, viagem de avião, varizes e uso de alguns hormônios. Entretanto, é uma doença rara em jovens.

O público feminino é mais comumente atingido pela doença devido à maior frequência de problemas genéticos que desencadeiam a trombose. Além disso, certos hormônios femininos, tanto os próprios da mulher quanto os ingeridos, tendem a provocar o aumento do processo de coagulação sanguínea em pessoas que já têm histórico familiar de trombose.
Para saber mais acesse a sessão de doenças femininas do gineco.com.br

Tromboembolismo Venoso e Contracepção

Fonte:

Cannegieter SC , Rosendaal FR. Pregnancy and travel-related thromboembolism. Thromb Res. 2013;131(1):S55-58.
Lensing AWA, Prandoni P, Prins MH, Büller HR. Deep-vein thrombosis. Lancet 1999; 353: 479–85.

Contracepção e tromboembolismo

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A maioria das mulheres não possui grande chance de desenvolver tromboembolismo, visto que é uma doença rara em jovens. sendo assim por esse motivo não possuem nenhuma contra indicação para o uso de quaisquer métodos contraceptivos.

No entanto, existem algumas mulheres que têm aumento de chance de desenvolver trombose ou que já tiveram e assim possuem restrições a certos contraceptivos, isso porque todos os contraceptivos combinados (pílulas, adesivo, anel vaginal, injeção mensal), ou seja, que contêm 2 tipos de hormônios femininos, o estrogênio e progesterona, aumentam o risco de desenvolver a doença.

A gestação nessas mulheres deve ser bem planejada, pois a gravidez e o pós-parto aumentam ainda mais o risco de desenvolver tromboembolismo.

Para essas mulheres, opções seguras são as opções sem hormônios ou contendo somente progesterona. Sendo que a eficácia é muito importante, os métodos mais indicados são os métodos de longa ação (LARCs da silga em inglês). são eles: DIU hormonal também conhecido como DIU Hormonal, DIU de cobre e implante.

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Vale ressaltar que algumas mulheres com alto risco de desenvolver tromboembolismo às vezes utilizam anticoagulantes que podem aumentar o fluxo menstrual. assim a opção do DIU Hormonal torna-se interessante já que também é indicado para reduzir o fluxo menstrual.

Caso você deseje saber se tem um aumento do risco para tromboembolismo ou deseja discutir mais sobre as características de cada método, procure o seu ginecologista; ele é a pessoa mais indicada para fazer essa avaliação.

FONTE:

Lensing AWA, Prandoni P, Prins MH, Büller HR. Deep-vein thrombosis. Lancet 1999; 353: 479–85.

Dhont M. History of oral contracception. Eur J Contracep Reprod Health Care. 2010;15(S2):S12-18.

Braga GC, Brito MB, Ferriani RA, et al. Oral anticoagulant therapy does not modify the bleeding pattern associated with the levonorgestrel-releasing intrauterine system in women with thrombophilia and/or a history of thrombosis. Contraception.2014;89(1):48-53.

A importância da vacinação durante a gravidez

Você sabe por que as grávidas têm prioridade na vacinação? Um dos motivos é que o sistema imunológico da mãe baixa um pouco a guarda durante a gravidez e, quando um vírus ou bactéria ataca, ela pode adoecer. Para evitar a doença, a melhor saída é a vacinação.

Toda grávida precisa fazer o pré-natal. O acompanhamento permite identificar e reduzir muitos problemas de saúde. E a vacinação é parte fundamental desse cuidado. A imunização durante a gestação protege não somente a mãe, mas também o bebê.

No primeiro ano de vida, o organismo do bebê se defende de infecções usando os anticorpos recebidos da mãe via placenta e/ou leite materno. Isso vai ajudar a protege-lo até que ele produza os próprios agentes de defesa, estimulados pela vacinação, explica a pediatra Bárbara Furtado.

Confira as vacinas que as grávidas precisam tomar e que ajudam a evitar problemas mais sérios:

  • Hepatite B: deve tomar a mulher que não foi vacinada ANTES de engravidar ou que não tenha tomado as três doses. No total são três doses, com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda, e de seis meses entre a primeira e a terceira.
  • Tríplice bacteriana (dTpa – Difteria, Tétano e Coqueluche): a vacina deve ser tomada a partir da 20ª semana de gestação e repetida a cada gravidez.
  • Gripe: protege contra os principais tipos de vírus influenza, que provocam a gripe. É preciso tomar uma dose anual, durante qualquer fase da gestação e a cada gestação, o mais cedo possível, inclusive no primeiro trimestre da gravidez.

Fonte: G1

Mitos sobre a gravidez

“A mulher grávida precisa comer por dois”

– O recomendado é por volta de 200 calorias a mais por dia, dependendo da gravidez.

“Uma taça de vinho não faz mal ao bebê”

– Não existe ainda uma quantidade de álcool considerada inofensiva para o bebê, e mais, e variaria de pessoa para pessoa.

“O formato da barriga define o gênero do bebê”

  • De forma alguma.

Manteiga de cacau evita estrias

Não há nenhuma comprovação que confirma esta afirmação. Mulheres grávidas podem ficar com estrias devido à condições genéticas e ao ganho de peso.

“A alimentação da mãe influência o paladar do bebê”

– A alimentação da mãe somente influência a saúde do bebê.

“Grávidas não podem ter gatos”

– Boas notícias para as cat lovers: isso é balela. É só não entrar em contato com as fezes do bichinho. Evite limpar a caixinha de areia, peça para outra pessoa.

“Exercícios físicos podem estrangular o bebê”

A posição do bebê independe da posição da mãe. Inclusive, exercícios físicos são recomendados durante a gravidez.

“Sexo machuca o bebê”

– Greve de sexo? Mas nem pensar! O bebê está extremamente protegido pela  membrana, pelo líquido amniótico e pela parede do útero que é bem grossa.

“Comidas apimentadas estimulam o parto”

Não há nem o que falar.

“Pintar ao cabelo pode fazer mal ao bebê”

-É só não utilizar produtos com amônia.

“A pele fica melhor”

A mulher pode ter acne e ou manchas por conta do aumento de progesterona.

“Yoga estimula o parto”

– Na verdade não…A yoga apenas ajuda a relaxar e alongar.

“Mulher grávida não pode fazer raio x”

– Somente se for excesso.

“Nenê cabeludo dá náusea na gravidez”

– A náusea na gravidez está relacionada com os hormônios

Personal trainer da musculatura vaginal

Pompoarismo é uma técnica milenar tailandesa que consiste em treinar a musculatura vaginal por meio de exercícios para fortalecê-la e usufruir dos benefícios. A prática também estimula a conexão da mulher com o seu próprio corpo e o conhecimento das suas partes mais sensíveis, colaborando para o a autonomia corporal e o e o autoestima.

No entanto, quando feito sem assistência de profissionais, o pompoarismo pode não só fazer diferença alguma, como prejudicar a saúde da mulher.

O movimento dos músculos vaginais em excesso ou de forma despreparada podem gerar uma disfunção no assoalho pélvico, e, consequentemente, o aparecimento de problemas intestinais, urinários, e até mesmo de dores durante o sexo.

Quando a ideia surgir na mente, a primeira pessoa a se procurar é um fisioterapeuta. O profissional vai avaliar o seu corpo e propor um que não o prejudique, além de ensinar a forma correta de contrair o assoalho pélvico. A fisioterapia pélvica leva em consideração:

-Reflexo: capacidade de contrair a musculatura por um comando recebido pelo cérebro;

-Controle: capacidade de contrair e relaxar. Mulheres com incontinência urinária podem apresentar dificuldade nesta etapa.

-Coordenação: capacidade de contrair e relaxar sem apertar o bumbum, a perna ou a barriga;

-Tônus: tensão do músculo relaxado;

-Força: força da contração medida pela palpação vaginal;

-Resistência: por quanto tempo os movimentos são mantidos.

Após as instruções, é necessário manter as consultas com o fisioterapeuta para que ele possa acompanhar a evolução da musculatura vaginal, o surgimento de algum problema e também para  montar novos treinos.

Fez tudo certinho? Aproveite os benefícios!

  • Redução das cólicas menstruais e dos sintomas da menopausa
  • Auxílio na preparação do parto e na recuperação pós-parto
  • Melhora do funcionamento do intestino
  • Tratamento da incontinência urinária
  • Combate a flacidez vaginal
  • Aumento da lubrificação e da libido
  • Autoconhecimento
  • Habilidade de contrair a musculatura vaginal durante o sexo

Sexo e gravidez combinam?

Um casal continua sendo um casal durante a gravidez e suas vontades e necessidades continuam existindo.

Os médicos afirmam seguramente que não há motivos para decretar greve de sexo se a gestação é de baixo risco. No entanto, a penetração não é aconselhável quando há:

  • Risco ou histórico de aborto espontâneo;
  • Risco de parto prematuro;
  • Sangramento vaginal antes da causa ser conhecida;
  • Problemas no saco amniótico;
  • Histórico de insuficiência de colo do útero;
  • Placenta prévia (também chamada de placenta baixa), quando a placenta está cobrindo o colo do útero;
  • Gestações de gêmeos, trigêmeos, etc.

Mas não é só a possibilidade de riscos que podem alterar a frequência das relações durante a espera de um bebê. As vontades da mulher também tem grande influência nisso tudo.

No primeiro trimestre, o desejo sexual pode perder para os enjoos, vômitos, dor os seios, cansaço e sono. Na ausência desses sintomas, é mais provável que a mulher tenha mais apetite sexual.

A mulher diz adeus a maioria dos sintomas no segundo semestre e passa a se sentir mais bonita, enérgica e mais sensível, principalmente na região pélvica, devido ao aumento de irrigação sanguínea.

O barrigão marca presença no terceiro semestre, mas não anula a atividade sexual, se ambos os parceiros desejarem. Tentar posições mais confortáveis, como a mulher por cima, de lado ou em quatro apoios, é uma forma interessante de manter a relação tranquila. Quando a gravidez é saudável, o sexo é possível até o momento da bolsa estourar, inclusive pode até induzir o trabalho de parto.

A maior dica de todas é:  conversa. Consigo mesma, com o parceiro e, principalmente, com o médico.

 

 

Registrar para advertir: parteiras

Maria dos Prazeres de Souza tem 80 anos e realiza partos desde os 17 anos, assim como sua mãe e sua avó faziam. E ela tem mãos de anjo: já auxiliou mais de 5 mil partos sem nenhuma morte.

É difícil perceber a importância de parteiras quando se mora em uma cidade repleta de hospitais. Mas estas mulheres são rainhas em lugares longe de tudo e de todos. E é por causa delas que as mães dão à luz a um bebê vivo e continuam vivas. No entanto, este ofício está ameaçado pela expansão das casas de saúde. Como forma de se adaptar, muitas delas se tornam enfermeiras e carregam as suas práticas tradicionais consigo.

Alerta através da arte

As antropólogas Júlia Morim e Sumaia Vieira, a psicóloga Dan Gayoso e o fotógrafo Eduardo Queiroga, se juntaram para registrar a vida e o trabalho dessas rainhas, para que suas histórias originadas do sertão chegam no urbano que chamem atenção.

Esta união deu a luz ao livro Cordão, que retrata o cotidiano das parteiras através de fotografias  e relatos pessoais. As mulheres aparecem caminhando por paisagens áridas, abastecendo fogões a lenha, descansando em redes e participando de cerimônias religiosas. O livro abrange muito mais do que “partos”. Ele mergulha de cabeça na vida destas pessoas para contar as suas histórias que carregam tradição.

“Meu objeto não era o nascimento. Queria entender quem são as parteiras e como vivem. Elas têm outras profissões e são donas de casa. Via de regra, não recebem nada por acompanhar os partos, mas se tornam líderes em suas comunidades, desempenhando, muitas vezes, os papéis de juíza, psicóloga e assistente social entre as famílias”, revela o Fotógrafo.

Para estas mulheres, ser parteira é uma missão, é um dom divino que foi lhes dado para salvar vidas. Elas respeitam o tempo de cada mãe, as escutam e decidem em conjunto o momento certo.

“Elas estão à frente de seu tempo, várias já têm mais de 80 anos, e praticam a sororidade desde muito antes de o termo virar moda. Elas superam o cansaço de uma rotina exaustiva e contrariam a opinião dos maridos para ajudar outras mulheres nesse momento de vulnerabilidade”, conta a Antropóloga Julia.

Como o conhecimento das parteiras sempre foi transmitido oralmente, os registros escritos, fotográficos e audiovisuais recolhidos pelos pesquisadores estão sendo utilizados em um pedido oficial ao governo para que reconheça o ofício como patrimônio cultural nacional. Para as parteiras, a proposta é a valorização do trabalho de toda uma vida e, para a sociedade, um lembrete de que o cuidado e a atenção no atendimento às mulheres na hora do parto são valores que não podem ser perdidos com o tempo.

Fonte e fotos: Revista Crescer

Como (e quando) partos passaram a ser feitos por médicos

Entre os anos 1980 e as primeiras décadas dos 2000, quase todos os partos no Brasil foram feitos em hospitais. Em 2017, segundo o IBGE, apenas 0,6% do total de nascidos vivos no Brasil nasceram no domicílio.

Nascer no hospital, no Brasil e no mundo, nem sempre foi a regra.

Além disso, embora esses dados tratem da segunda metade do século 20, a transição entre nascer em casa – normalmente pelas mãos de uma parteira – e no hospital – normalmente pelas mãos de médicos –, remonta pelo menos ao século 19.

O Nexo conversou com Anayansi Correa Brenes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais e autora do livro “Parteiras: Escola de Mulheres” e consultou estudos sobre o tema, e resume abaixo, em alguns pontos, como essa transição aconteceu, no mundo e no Brasil.

O parto era “coisa de mulheres”

Segundo Brenes, o parto era tradicionalmente feito por mulheres – normalmente por aquela que, na comunidade, tivesse tido ela própria um grande número de partos bem-sucedidos, sem complicações, julgada apta para realizar o parto das outras.

Essas mulheres eram conhecidas como comadres ou parteiras, e a princípio realizavam esse trabalho de maneira voluntária.

Portanto, até o surgimento da medicina moderna, no século 19, as mulheres pariam seus filhos em casa, sendo assistidas por outras mulheres.

No livro “Ao Sul do Corpo”, publicado em 1993, a historiadora Mary del Priore relata que, também no Brasil colonial, o parto era um evento de mulheres. Quando havia dificuldades, no entanto, ele passava a contar com a participação da vizinhança, tornando-se um evento coletivo.

Segundo del Priore, as mulheres se valiam de rezas, benzimentos, de instrumentos do mundo doméstico, como a bacia e a tesoura, para cortar o cordão umbilical, a garrafa de cachaça para limpar a tesoura, azeite, óleo ou banha para as massagens. Circunscrito ao âmbito domiciliar e culturalmente  imerso em tradições, rituais e crenças, todo o processo do parto e do nascimento era atendido pela parteira.

Parteiras de ofício

Com o passar dos séculos, a atuação das parteiras se tornou um ofício e passou a receber remuneração.

Foram criados cursos, ministrados pelos barbeiros-cirurgiões, que as capacitavam para fazer intervenções cirúrgicas caso o parto se complicasse.

No século 18, surge a que é considerada por historiadores como a primeira professora de obstetrícia da história: a francesa Angélique du Coudray (1712-1794), conhecida como Madame du Coudray.

Ela trabalhou na corte do rei francês Luís 15 que, em 1759, lançou uma iniciativa de combate à mortalidade infantil. Du Coudray foi designada a ensinar o ofício de parteira a mulheres de toda a França. Viajou pelo interior do país de 1760 a 1783 e estima-se que tenha treinado cerca de 10 mil mulheres.

Ela também criou o primeiro manequim obstétrico em tamanho real,  uma tecnologia de ensino que foi registrada e vendida ao mundo inteiro   – chegando inclusive ao Rio de Janeiro, segundo Anayansi Brenes. A boneca de pano permitia às parteiras aprendizes praticarem e aprenderem sobre anatomia.

Brenes aponta que a preocupação demográfica do rei francês marca, na história, a “entrada” do Estado no âmbito do parto.

No século 19, parteiras formadas começaram a atuar no Rio de Janeiro.  Conhecida como a primeira parteira graduada da então capital, Madame Durocher (1809-1893), se formou no curso de parteira da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1834 e se tornou a primeira mulher a integrar a Academia Nacional de Medicina.

A regulamentação das profissões

Na passagem do século 18 para o 19, a regulamentação das profissões abalou as práticas tradicionais, como a das parteiras.

“Não foi só a comadre: os herboristas foram substituídos pelos farmaceutas, e várias profissões tradicionais – que eram mais arte do que profissão – foram abaladas naquele momento, [que iniciou] um certo controle do Estado sobre as profissões”, diz Anayansi Brenes.

Nesse momento, aproximam-se as funções de cirurgião e médico, que antes tinham papéis distintos.

Os cirurgiões, que eram homens, passaram a se interessar nessa época pela atividade do parto. Com a atuação deles, configura-se uma disputa entre as duas classes, conflito que teria reverberações imediatas no Rio de Janeiro. A disputa entre médicos e parteiras ou obstetrizes perdura, como guerra cultural, até os dias de hoje.

Surgiam, no século 19, especialidades médicas voltadas à mulher e suas funções reprodutivas, como a ginecologia e a obstetrícia.

“A história feminista do parto e da maternidade retirou de cena a oposição ideológica entre saber e superstição, para colocá-la no campo das disputas profissionais e da constituição de novos saberes sobre o corpo feminino que tiveram lugar a partir do século 18. Dessa forma, mostrou como a entrada dos médicos na cena do parto foi muito mais o resultado de uma relação de forças do que simplesmente a superação do obscurantismo pelo progresso do conhecimento médico”

Ana Paula Vosne Martins

Historiadora, no artigo ‘A Ciência Obstétrica’, de 2004

Segundo Anayansi Brenes, foi a intervenção do Estado, tanto no caso da França quanto do Brasil, que consolidou a atuação dos médicos como a mais adequada na realização do parto.

“Era uma disputa entre profissionais, depois virou uma disputa de mercado, e o Estado, entrando na briga, acabou dando ganho de causa aos homens parteiros e à medicina, por ser [na época] uma categoria de maioria masculina, articulada com a política e com o poder”, disse Brenes ao Nexo.

Medicalização

O domínio moderno da medicina sobre o parto levou o procedimento para dentro de clínicas e hospitais, modificando suas práticas tradicionais e sua concepção natural. “Foi uma ruptura que isolou o parto no ambiente hospitalar e depois o transformou em doença, medicalizou”, afirma Brenes.

Mas a medicina também trouxe conquistas importantes, que ajudaram a reduzir a mortalidade materna, como o aprimoramento de intervenções cirúrgicas capazes de salvar vidas, a descoberta da causa da febre puerperal e o uso da anestesia.

Ainda no século 17, a família francesa Chamberlain disseminou o uso do fórceps no parto normal, instrumento que foi posteriormente aprimorado e contribuiu para a atuação médica no parto, além de evitar mortes de mães e bebês.

A cesariana, antes realizada apenas após a morte de uma mulher durante o parto, passou de um recurso importante – que justificou a participação dos cirurgiões – para a norma, se sobrepondo ao parto natural.

Fonte: Nexo

O veto ao termo violência obstétrica pelo governo

Um documento emitido pelo Ministério da Saúde em 3 de maio de 2019 determinou a suspensão do uso do termo violência obstétrica em normas e políticas públicas.

A expressão, consolidada na literatura científica e popularizada pelo movimento de mulheres envolvidas em seu combate, denomina a violência psicológica ou física praticada no atendimento a gestantes.

No documento, a pasta toma como posicionamento oficial a avaliação de que o termo “tem conotação inadequada, não agrega valor e prejudica a busca do cuidado humanizado” durante a gestação, o parto e o puerpério.

A resolução se baseia em uma definição da palavra violência dada pela Organização Mundial da Saúde, que a caracteriza como “uso intencional de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade”.

A partir disso, o uso da expressão violência obstétrica seria impróprio, “pois acredita-se que, tanto o profissional de saúde quanto os de outras áreas, não tem a intencionalidade de prejudicar ou causar dano”.

Pedido de entidades

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que o posicionamento foi feito a pedido de entidades médicas, seguindo pareceres dessas entidades.

Entre elas, o Conselho Federal de Medicina já havia se posicionado contrariamente à expressão por considerar que ela responsabiliza somente os médicos pelos atos de violência e discriminação, sem considerar o contexto mais amplo da assistência à gestante no país.

Para o ginecologista Ademar Carlos Augusto, relator de um parecer de 2018 do Conselho sobre “a proliferação de leis” relativas à violência obstétrica, a discussão sobre o tema “veio importada de países com viés socialista, e o Brasil também adotou”, disse Augusto ao jornal Folha de S.Paulo.

O parecer do Conselho considera ainda que o termo está “impregnado de uma agressividade que beira a histeria”. A ementa do documento o coloca como uma “agressão contra a medicina e especialidade de ginecologia e obstetrícia, contrariando conhecimentos científicos consagrados, reduzindo a segurança e a eficiência de uma boa prática assistencial e ética”.

Em nota enviada ao Nexo, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, afirma que “há evidências sólidas e crescentes de uma série de práticas desrespeitosas e violentas que as mulheres experimentam em instalações de atendimento obstétrico, particularmente durante o parto, sendo este um ponto sem grandes divergências na literatura”.

“Conquanto as evidências comprovem a violência obstétrica como uma realidade, não há consenso em nível global sobre como essas ocorrências são definidas e medidas. Nesse sentido, vale destacar que as atitudes e ações agrupadas na expressão violência obstétrica não se restringem aos atos dos profissionais de saúde, embora os inclua. A literatura revela que a violência pode decorrer de falhas sistêmicas nos diferentes níveis de atenção dos sistemas de saúde e inclui uma variedade de atos intencionais ou inadvertidos que possam vir a causar sofrimento ou ferir a autonomia da paciente”, diz o posicionamento da federação.

A federação ressalta ainda que o reconhecimento da violência obstétrica como uma realidade “não significa culpabilizar nenhuma categoria profissional específica” porque, como parte da violência de gênero, ela é estrutural.

Violência obstétrica no Brasil

São caracterizados como violência contra a gestante, por exemplo:

  • a restrição do direito de estar acompanhada
  • a realização de qualquer procedimento sem explicação prévia  sobre o que é ou do motivo de estar sendo realizado
  • a negação de alívio da dor durante o parto
  • a realização de procedimentos sem o consentimento da mulher
  • a realização de procedimentos constrangedores ou dolorosos, como a episiotomia, corte feito entre a vagina e o ânus para aumentar o canal de parto, sem que haja real necessidade
  • a separação do bebê saudável de sua mãe após o nascimento, sem necessidade clínica justificável
  • ameaças, piadas e frases desrespeitosas

Em 2010, uma pesquisa nacional realizada pela Fundação Perseu Abramo e Sesc mostrou que 25% das mulheres que tiveram partos normais (nas redes pública e privada) relataram terem sofrido maus-tratos e desrespeitos durante o trabalho de parto, parto e/ou pós-parto imediato.

Segundo a pesquisa Nascer no Brasil, da Fundação Oswaldo Cruz, que entrevistou mais de 23 mil mulheres sobre a assistência ao parto no Brasil entre 2011 e 2012 e divulgada em 2014, 53,5% entre as entrevistadas que tiveram parto normal haviam sofrido episiotomia, procedimento necessário em menos de 10% dos casos.

Outras 36% haviam sofrido manobra de Kristeller, pressão no útero para saída do bebê, contraindicada pelo Ministério da Saúde.

Grupos de profissionais da saúde e defensores dos direitos humanos e reprodutivos femininos vêm se organizando desde as décadas de 1980 e 1990 para discutir e combater a violência no parto. Mas foi nos anos 2000 que esse debate se intensificou, principalmente a partir do ativismo de mulheres mães pela internet.

“O movimento contra a violência obstétrica no Brasil é derivado das críticas crescentes de diferentes grupos a respeito da assistência ao parto no país, sendo considerado como um ‘movimento em prol da humanização do parto e nascimento’”, diz um artigo publicado em 2017 pelos pesquisadores Ligia Moreiras Sena e Charles Tesser.

Esse movimento, segundo define o artigo, se baseia “no reconhecimento da participação ativa da mulher no processo de parto, com ênfase nos aspectos emocionais e no reconhecimento dos direitos reprodutivos femininos”.

As críticas de entidades e especialistas em 3 pontos

Negação

À Folha de S. Paulo, a pesquisadora Débora Diniz, do Instituto Anis de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, afirmou que o novo posicionamento do ministério representa uma tentativa do governo de negar a existência do problema. É o mesmo que ignorar e considerar que isso não existe”.

Segundo ela, a decisão deve ter impacto sobre as mulheres vítimas desse tipo de violência, já que o Estado passa a não reconhecer essa experiência e a forma como é descrita.

Para a advogada Ruth Rodrigues, da ONG Nascer Direito, ouvida pelo portal Uol, essa negação se volta para uma discussão mundialmente reconhecida: “Legislações e pesquisas internacionais se debruçam sobre o assunto usando o termo. A própria Organização Mundial da Saúde fala disso e cria campanhas contra práticas abusivas. Estamos indo contra uma corrente global”, disse.

Com isso, para organizações que estudam e combatem esse tipo de violência, a normativa pode deixar mulheres mais vulneráveis.

Dificuldade no combate

Para a advogada Ruth Rodrigues, o posicionamento do ministério pode criar um obstáculo para processos em andamento e futuras denúncias de abuso por parte de mulheres que tenham sofrido violência enquanto gestantes.

“A mulher corre o risco de processar um hospital público por episiotomia, por exemplo, mas o juiz não considerar violência obstétrica já que o termo, para o ministério, nem existe”, disse ao portal Universa, do Uol.

Produção de dados

Ao Nexo, a doutora em Saúde Coletiva com ênfase em violência obstétrica no Brasil Ligia Moreiras disse que a mudança atesta a falta de especialistas em cargos técnicos no governo “que fica à mercê de decisões equivocadas como essa” em um “claro corporativismo médico”.

“Este despreparo técnico é atestado em inúmeros pontos do despacho, começando por induzir o leitor à conclusão equivocada de que ‘não há consenso quanto à definição do termo’. Há consenso, há evidências científicas, há legislação nacional e internacional, há convenções e há reconhecimento internacional”, disse.

Do ponto de vista da produção de dados sobre o tema, Moreiras acredita que o documento não deve desestimular a realização de estudos.

“Os grupos de pesquisa não deixarão de pesquisar algo legítimo, real e grave à saúde da população”, disse. “Da mesma forma, certamente aumentarão as iniciativas do movimento de mulheres usuárias dos sistemas público e privado de saúde, apoiados pelos profissionais da assistência, em mobilizar as mulheres para lutar contra esta violação de direitos”.

Fonte: Nexo

O que é misoprostol. E os problemas se ele faltar no SUS

A compra de misoprostol pelo Ministério da Saúde está seis meses atrasada, segundo uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo publicada em 31 de março de 2019. Ao Nexo, a pasta negou o atraso.

O medicamento tem finalidades diversas, sendo usado para o tratamento de úlcera estomacal, por exemplo. É a versão sintética da prostaglandina E1, ácido graxo que atua como um hormônio no corpo, e foi desenvolvido pela indústria em 1973. Chegou ao Brasil em 1984.

Hoje, ele é fundamental para a saúde da mulher. É usado em situações como a indução do parto normal, o estancamento de hemorragia pós-parto e, ainda, em tratamentos de aborto incompleto, espontâneo ou provocado.

Ele atua na dilatação e no amolecimento do colo do útero, provocando contrações no órgão e a consequente expulsão do embrião ou feto, e da placenta, ou o estancamento de uma hemorragia.

Por conta desses usos, seu fornecimento é obrigatório nos 4.141 serviços de saúde obstétricos do país que possuem leitos disponíveis para o SUS, o Sistema Único de Saúde do governo federal. Ele também está na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais, lista que orienta a oferta e prescrição de fármacos no SUS.

Para não haver escassez em 2019, seria necessário que a licitação para compra fosse iniciada em setembro de 2018. Até o momento, segundo a Folha, o Ministério da Saúde não deu entrada nos trâmites necessários para a compra. O processo leva cerca de sete meses. Devido à demora, o estoque já fabricado pelo Hebron, único laboratório que produz o medicamento no país, localizado em Recife (PE), corre o risco de vencer e perder sua utilidade.

O que diz o Ministério

Questionado pelo Nexo, o Ministério da Saúde se posicionou em nota afirmando não ter havido atraso na aquisição do misoprostol para o ano de 2019.

“A compra centralizada é realizada anualmente pela pasta e o Termo de Referência para aquisição da referida medicação já foi elaborado e está em fase interna do processo licitatório. As últimas entregas do medicamento foram realizadas no segundo semestre de 2018 com cobertura estimada até agosto de 2019”, disse a assessoria do órgão.

Uma vez realizada a compra, segundo o ministério, os medicamentos são encaminhados para os estados, “que recebem orientação, de caráter sugestivo, de quais maternidades deverão receber o insumo com base na produção de partos, curetagens e abortos”.

Para receber o medicamento comprado pelo Ministério da Saúde, cada hospital público deve fazer um cadastro na secretaria de vigilância sanitária do seu estado. As instituições privadas também realizam esse cadastro, mas a compra ocorre diretamente com distribuidores da empresa Hebron, com fiscalização da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e da Polícia Federal.

Além da compra centralizada pelo ministério, os estados e municípios podem adquirir o misoprostol diretamente do fornecedor e distribuí-lo de acordo com as necessidades locais.

As consequências da escassez

Ao Nexo, Ana Luiza Faria, médica do Hospital Pérola Byington, especializado no atendimento à mulher em São Paulo, disse que o misoprostol “é um medicamento de ótima utilidade, uma ferramenta que a gente tem nesses cenários” de saúde da mulher – de aborto retido, hemorragia pós-parto ou no auxílio ao parto normal.

Segundo ela, há outros recursos que podem ser utilizados nesses casos, mas a falta do misoprostol pode prejudicar a aplicação de um protocolo de tratamento estabelecido mundialmente, fazendo com que os médicos tenham que se adaptar.

Aumento no número de cesáreas

“Sem o misoprostol para indução do trabalho de parto, cerca de 70% dos partos normais virarão cesarianas”, estimou em entrevista à Folha de S.Paulo o médico ginecologista e obstetra Olímpio Barbosa de Moraes Filho, presidente da Comissão de Assistência ao Pré-Natal da Febrasgo, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.

Essa mudança forçada vai de encontro a medidas tomadas nos últimos anos para reduzir o alto índice de partos cirúrgicos no Brasil, seguindo recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Aumento no número de mortes evitáveis por complicações decorrentes de partos e abortos

Desde 2016, a Anvisa analisa duas novas apresentações do Prostokos (nome comercial do misoprostol vendido pela Hebron), oral e sublingual, específicas para tratamento da hemorragia pós-parto.

À Folha, o diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Hebron, Avaniel Marinho, afirmou que há resistência da Anvisa em aprovar o registro de um produto sem estudos clínicos feitos no Brasil sobre seu uso. Para Marinho, a restrição é um retrabalho. “Há uma infinidade de estudos clínicos do misoprostol em outros países para hemorragia pós-parto”, disse.

Por ser mais estável, mais fácil de armazenar e de administrar, e ter bom custo-benefício, o misoprostol é indicado pela OMS para prevenção e tratamento de hemorragia pós-parto, em substituição à ocitocina, para partos domiciliares e em locais distantes dos centros de saúde.

Sobretudo nessas circunstâncias, vividas por exemplo pelas mulheres indígenas, o medicamento pode salvar vidas.

Uso de procedimentos invasivos para abortos legais

Os abortos legais são previstos em casos de risco de morte da mãe, feto anencéfalo e gravidez decorrente de estupro. O misoprostol pode ajudar nesses casos, e também nos casos de aborto espontâneo incompleto.

Assim, a escassez do fármaco pode aumentar o número de curetagens, procedimento de raspagem da parte interna do útero utilizando um instrumento chamado cureta. A curetagem exige que a paciente esteja anestesiada e é mais invasiva em relação ao efeito do medicamento.

Os gargalos do acesso ao misoprostol

No Brasil, o misoprostol só é legalmente encontrado em hospitais, não em farmácia. A portaria 344, de 1998, incluiu o medicamento na lista de substâncias controladas, limitando seu uso ao ambiente hospitalar.

A restrição visava a barrar a ampla utilização do Cytotec, medicamento com o princípio ativo do misoprostol, como método abortivo, o que vinha ocorrendo no país nos anos 1980 e 1990.

Com isso, a droga se tornou alvo de um controle mais rigoroso por parte da Anvisa do que praticamente qualquer outra medicação usada nacionalmente.

Além da regulamentação restritiva da agência, a burocracia para adquirir o medicamento, o estigma do aborto e problemas na distribuição também prejudicam o acesso ao misoprostol no país.

No dia 28 de março de 2019, a Defensoria Pública da União recomendou que a Anvisa volte a permitir a venda do misoprostol em farmácias, para o uso nos casos em que o aborto é legalmente permitido no Brasil.

A comercialização seria feita com prescrição médica e retenção da receita. Para o órgão, a restrição viola o direito à saúde de mulheres que desejam e estão autorizadas pela lei a interromper a gestação.

A orientação tem aval da OMS e já foi adotada em outros países, como a Argentina, que liberou a venda do misoprostol em farmácias em dezembro de 2018.

Fonte: Nexo

Recomendações Febrasgo: Cuidados Gerais na Assistência ao Parto (assistência ao nascimento baseado em evidências e no respeito)

A assistência obstétrica no Brasil passa por profundas mudanças. Gradativamente a medicina baseada em evidências vem demonstrando que podemos fornecer uma assistência menos intervencionista, mais respeitosa e dentro dos critérios éticos da autonomia, mantendo ou melhorando os resultados perinatais. O presente texto pretende construir alguns posicionamentos, baseados no conhecimento atual, sobre aspectos relacionados à assistência ao parto eutócico e de risco habitual. Questões como avaliação da vitalidade fetal, partograma, analgesia e outras serão abordadas oportunamente.

Dieta

A restrição da ingestão oral foi recomendada durante o trabalho de parto ativo devido ao risco de pneumonite por aspiração, que pode ocorrer como uma complicação de uma eventual anestesia geral. No entanto, este risco é muito baixo e a restrição da ingestão oral pode levar à desidratação, cetose e prolongamento do trabalho de parto.

Durante o trabalho de parto eutócico, a ingestão de líquidos e de alimentos com baixo teor de resíduos pode ser permitido nas parturientes com risco habitual de necessitarem de uma anestesia geral.

Se necessário a restrição da ingestão oral, no trabalho de parto mais longo deve-se considerar a hidratação endovenosa, bem como a administração de glicose e eletrólitos.

Tricotomia e enemas

Não deve ser realizado a prescrição rotineira de enemas, bem como de tricotomia. Essas intervenções não são benéficas, podem ser incômodas e possuem potenciais efeitos colaterais.

Acompanhantes

As mulheres podem ter acompanhantes de sua escolha durante o trabalho de parto, parto e puerpério. O apoio individual durante o processo de parto pode reduzir a necessidade de analgesia intraparto e aumentar a satisfação da parturiente.

Deambulação e posição

Não existem evidências de alto nível comparando as diversas posições ou a mobilização durante o trabalho de parto e parto em relação aos benefícios clínicos e danos nos desfechos maternos ou perinatais.

Recomenda-se orientar as mulheres a adotarem as posições que lhes sejam mais confortáveis durante o primeiro estágio do parto. Deve-se evitar a posição horizontal em decúbito dorsal, que pode provocar compressão aorto-cava, induzindo hipotensão arterial e bradicardia fetal.

Caso não exista necessidade de manipulação do feto ou complicações previstas, a parturiente pode optar pela posição que acredita ser mais confortável no período expulsivo. As posições semi-sentadas, de cócoras ou laterais (Sims), são as mais comuns. As posições verticalizadas podem encurtar um pouco o segundo período.

Se houver necessidade de instrumentalização, manipulação do feto, episiotomia e/ou partos cirúrgicos, a posição de litotomia é vantajosa.

Imersão na água

O uso da imersão na água, durante a primeira fase do trabalho de parto, parece ser benéfico, pois é um método não farmacológico para o controle da dor, sem aumentar as complicações materno-fetais. Ainda é incerto o momento que pode ser indicado, ou por quanto tempo. No Brasil a experiência maior é com o uso da água em forma de ducha morna ou quente. A parturiente fica sentada em um banquinho ou na bola de Bobath, sob um bom chuveiro. É uma técnica que não exige muitas modificações na estrutura física das maternidades e facilita muito os cuidados de limpeza e controle de infecções. Foi relatado que a imersão prolongada (mais de duas horas) prolonga o trabalho de parto e diminui as contrações uterinas ao suprimir a produção de ocitocina.

Contudo, a imersão em água durante a segunda fase do trabalho de parto não foi associada com o benefício materno ou fetal e existem relatos de graves complicações. Evidências atuais alertam para um maior risco de lesões perineais, possivelmente pela dificuldade de o profissional assistente auxiliar na proteção perineal, ou diagnosticar algum problema. Deve ser restrita para situações de ensaios clínicos.

Pressão manual do fundo do útero

Não existem provas do benefício da realização rotineira da manobra de Kristeller realizada no segundo período do parto. Bem como, são escassas as evidências que tal manobra possa causar algum dano. Em dois estudos clínicos nos quais a manobra foi estudada, não se verificou vantagem, nem desvantagens, em sua realização. Portanto, não deve ser um procedimento de rotina e deve ser desaconselhado. Se a manobra for necessária, numa situação de excepcionalidade, deve ser realizada por profissional experiente, com consentimento da parturiente e devidamente justificada no prontuário.

Episiotomia

O uso rotineiro da episiotomia é desnecessário e deve ser evitado. Fica reservada para partos com alto risco de laceração perineal grave, distocia significativa dos tecidos moles ou necessidade de encurtar o segundo período devido uma situação fetal não tranquilizadora.

Não é indicação de rotina nos partos instrumentalizados ou na distocia de ombros, contudo, pode haver necessidade técnica de sua realização nessas situações. Quando indicada, deve ser media-lateral.

Contato pele a pele e ligadura do cordão umbilical

Se o recém nato estiver vigoroso e for desejo da mãe, o contato pele a pele deve ser realizado, antes mesmo da ligadura do cordão. Pode melhorar a qualidade da amamentação e do vínculo mãe e filho, bem como ser eficiente na manutenção da temperatura corpórea. Quando o recém nato estiver vigoroso, deve-se retardar o clampeamento do cordão em, pelo menos, um minuto.

Referências

1.Ciardulli A, Saccone G, Anastasio H, Berghella V. Less-Restrictive Food Intake During Labor in Low-Risk Singleton Pregnancies: A Systematic Review and Meta-analysis. Obstet Gynecol 2017; 129:473.

2.Singata M, Tranmer J, Gyte GML. Restricting oral fluid and food intake during labour. Cochrane Database Syst Rev 2013.

3.Reveiz L, Gaitán HG, Cuervo LG. Enemas during labour. Cochrane Database Syst Rev 2013.

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5.WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience. Geneva: World Health Organization; 2018.

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14.Cox J, Cotzias CS, Siakpere O, Osuagwu FI, Holmes EP, Paterson-Brown S. Does na inflatable obstetric belt facilitate spontaneous vaginal delivery in nulliparae with epidural analgesia? British Journal of Obstetrics & Gynaecology 1999;106(12):1280-6.

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16.Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal. Relatório de Recomendação, Ministério da Saúde – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Janeiro/2016.

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22.McDonald SJ, Middleton P, Dowswell T, Morris PS. Effect of timing of umbilical cord clamping of term infants on maternal and neonatal outcomes. Cochrane Database Syst Rev 2013.

Recomendações Febrasgo: Local para o Parto Seguro

Defendemos o parto com segurança para a saúde da gestante e de seu bebê. Defendemos o parto realizado dentro do hospital, com equipe de saúde completa, composta por médicos obstetras, médicos neonatologistas/pediatras, médicos anestesistas, enfermeiras, técnicas de enfermagem e demais profissionais.

A defesa do parto hospitalar tem como base os resultados de estudos científicos robustos realizados na Inglaterra, na Holanda e nos Estados Unidos.

Ressalte-se que nestes países já existe uma estrutura preparada para a realização de partos domiciliares, com logística organizada para o transporte e a comunicação com os hospitais, além de possuírem equipes treinadas para este tipo de assistência ao trabalho de parto e parto (domiciliar); e mesmo com tudo isso, os resultados perinatais foram piores para os partos realizados fora do ambiente hospitalar.

Descrevemos a seguir os estudos que fundamentam a segurança e o apoio ao parto realizados dentro das Maternidades/Hospitais:

– Annemieker Evers e colaboradores (BMJ, 2010), com o intuito de demonstrar a eficiência do sistema de saúde na Holanda, avaliaram 37.735 nascimentos de gestantes de baixo risco que tiveram parto domiciliar ou em Centro de Parto Normal realizado por enfermeiras e os compararam com os nascimentos de gestações de alto risco realizados por obstetras no hospital. Os recém-nascidos de partos de baixo risco realizados fora do hospital tiveram mais do que o dobro da mortalidade perinatal relacionada ao nascimento. As parturientes que foram referidas aos obstetras pelas enfermeiras tiveram 3,6 vezes mais risco de mortalidade perinatal e 2,6 vezes mais chance de ter seu filho internado em UTI neonatal.

– Estudo Inglês (Fonte: Birthplace in England Collaborative Group. BMJ 2011; 343 doi: 10.1136/bmj.d7.400. http://www.bmj.com/highwire/filestream/545014/field highwire article pdf/0.pdf) demonstrou que a mortalidade neonatal foi 1,75 vezes maior nas nulíparas que tiveram partos de baixíssimo risco realizados no domicílio ou em casas de parto normal, quando comparados com os partos hospitalares realizados por médico. A taxa de transferência desta nulíparas para o hospital chegou a 45% e o tempo de transferência chegou a 97 a 157 minutos. O tempo de deslocamento é outro fato relevante a ser considerado, já que estas horas podem ser definitivas para a sobrevida do recém-nascido. E é importante considerar que o tempo de transferência nas grandes capitais Brasileiras pode ser ainda maior, pelas condições piores de trânsito.

– Amos Grünebaum e colaboradores (Am J Obstet Gynecol, 2014) estudando 13.936.071 nascimentos entre 2006 e 2009 nos EUA, com dados do CDC, avaliaram dois desfechos neonatais: Apgar zero no 5º minuto e dano neurológico em 3 tipos de locais de parto: parto feito por enfermeiras no domicílio, em Centros de Parto Normal e em hospitais. A chance do recém-nascido ter Apgar zero no 5º minuto foi 3,5 vezes maior nos Centros de Parto Normal, 10,5 vezes maior no domicílio, quando comparados com o parto hospitalar. A chance do recém-nascido ter dano neurológico foi 2 vezes maior nos Centros de Parto Normal, 4 vezes maior no domicílio, quando comparados com o parto hospitalar. Demonstrando que o local do nascimento é um fator determinante nos resultados para os recém-nascidos.

– Outro estudo foi realizado nos EUA, com 79.727 nascimentos (The New England Journal of Medicine, dezembro de 2015) concluiu de forma semelhante aos trabalhos anteriores que a mortalidade perinatal é 2,43 vezes maior nos partos planejados fora do hospital quando comparada com os partos hospitalares. Além disso, o risco de convulsões neonatais também foi maior no parto domiciliar.

– Na mesma linha, a Academia Americana de Pediatria e o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia afirmam que os Hospitais e as Maternidades são os locais mais seguros para o nascimento nos EUA. Em respeito aos direitos da mulher escolher, ela deverá ser informada sobre os riscos e benefícios baseados nas evidências científicas recentes para a tomada da sua decisão (www.pediatrics.org/cgi/doi/10.1542 /peds.2013-0575, PEDIATRICS – The American Academy of Pediatrics, 2013 – COMMITTEE ON FETUS AND NEWBORN Planned Home Birth; ACOG Committee Opinion, number 669).

Os resultados dos estudos demonstram que o local do nascimento é um fator determinante nos resultados para os recém-nascidos.

Além disso, o parto normal, eutócico, sem complicações pode ser um evento simples. No entanto, a classificação de baixo risco ou de risco habitual é dinâmica e esta definição só se completa depois do nascimento, com o bebê já no colo da mãe. O que incialmente parecia de baixo risco, pode se transformar em alto risco em poucos minutos e as ações necessárias para preservar a vida da mãe e do bebê precisam ser rápidas. Demorar ou não fazer o diagnóstico do alto risco ou da complicação do parto pode ser crucial e determinar resultados adversos para mãe e recém-nascido.

À luz dessas evidências que mostram consequências e impactos significativos para o binômio mãe-filho é óbvio concluir que o parto realizado em ambiente hospitalar é o capaz de assegurar as melhores chances e condições de cuidado adequado à vida e à saúde da parturiente e do recém-nascido, sendo, portanto, mais seguro.

No nosso meio não existem ainda publicações dos resultados dos partos domiciliares, mas acreditamos que estes riscos sejam ainda maiores pela falta de estrutura e preparo.

É necessário advertir as pacientes que manifestem desejo de ter parto fora do ambiente hospitalar que, embora sejam menores as intervenções maternas (menores taxas de uso de ocitocina, fórcipe, cesárea), são maiores os riscos neonatais:

– Risco duas vezes maior de morte neonatal

– Risco três vezes maior de complicações como convulsões e danos neurológicos neonatais.

É necessário trabalhar na melhoria da ambiência hospitalar para o parto, pois é muito mais fácil tornar o ambiente hospitalar agradável do que tornar o domicílio seguros.

Referências:

ACOG Committee Opinion Planned Home Birtth number 669. OBSTETRICS & GYNECOLOGY. VOL. 128, NO. 2, AUGUST 2016.

Olsen O, Clausen JA. Planned hospital birth versus planned home birth. Cochrane Database of Systematic Reviews 2012, Issue 9. Art. No.: CD000352. DOI: 10.1002/14651858.CD000352.pub2

Snowden, Jonathan M et al. Planned Out-of-Hospital Birth and Birth Outcomes. N Engl J Med 2015;373:2642-53.
DOI: 10.1056/NEJMsa1501738.

Annemieke C C Evers et al. Perinatal mortality and severe morbidity in low and high risk term pregnancies in the Netherlands: prospective cohort study. BMJ 2010;341:c5639, doi:10.1136/bmj.c5639.

Kooy et al. Planned home compared with planned hospital births: mode of delivery and Perinatal mortality rates, an observational study. BMC Pregnancy and Childbirth (2017) 17:177 DOI 10.1186/s12884-017 1348-y.

de Jonge A, Geerts CC, van der Goes BY, Mol BW, Buitendijk SE, Nijhuis JG. Perinatal mortality and morbidity up to 28 days after birth among 743 070 low-risk planned home and hospital births: a cohort study based on three merged national perinatal databases. BJOG – Royal College of Obstetricians and Gynaecologists – 2015;122:720–728.

Fonte: Febrasgo

Alta taxa de cesáreas no Brasil é tema de audiência pública

Ação do MPF pede regulamentação dos serviços obstétricos realizados por consultórios médicos e hospitais privados.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que, com uma taxa de 55%, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking de países com maior porcentagem de cesáreas no mundo, atrás apenas da República Dominicana. Para debater os altos índices dessa modalidade de parto no país, em 23 de outubro, foi promovida Audiência Pública no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3).

A iniciativa foi da desembargadora federal Consuelo Yoshida, relatora de recurso apresentado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) contra sentença que julgou procedente ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2010, que pediu a regulamentação dos serviços obstétricos realizados por consultórios médicos e hospitais privados no país, onde a taxa de cesáreas chega a 90%. Seguindo pedido do MPF, o juiz federal Victorio Giuzio Neto determinou que a remuneração do parto normal seja, no mínimo, três vezes superior ao da cesárea, como forma de estimular a rede privada de saúde.

Durante a audiência, o juiz afirmou que é preciso tentar buscar um acordo que consiga unir os objetivos econômicos dos hospitais com o interesse genuíno da saúde pública. “O Brasil é um dos campeões de cesarianas, esse não é um título para se ter orgulho. Estamos precificando saúde, transformando dinheiro em valor dominante”.

Segundo o Conselho Federal de Medicina, no Brasil, o índice de morte materna em casos não-complicados é de 20,6 a cada 1000 cesáreas. Em contrapartida, são 1,73 mortes para 1000 nascimentos de parto normal. “Diante desses números, a situação torna-se absurda”, declarou o procurador regional da República Sergio Lauria, que atualmente atua no caso. Para ele, uma remuneração maior para partos normais é uma solução justa e compatível com os menores riscos para a vida da mãe e do bebê, que oferece o parto normal, incidindo a prevenção a ele inerente em verdadeiro custo de qualidade, o que justifica o valor a maior.

“Essa ação nem deveria ser necessária porque é farta a legislação que temos no Brasil para amparar o direito da mulher de dar à luz”, disse a procuradora da República Ana Carolina Previtalli, autora da ação. “É um contrassenso ter que recorrer ao Judiciário para seguir a legislação”, completou.

A procuradora conta que uma das mais importantes conquistas do processo foi a possibilidade de a mulher ter acesso às taxas de cesariana dos médicos que prestam serviços a operadoras de saúde. “Quando consultamos, vemos índices de até 98%. Isso é uma vergonha, um crime. São médicos que estão expondo suas pacientes a um risco de vida”.

Presente na audiência, Guillherme Silva, da ANS, argumentou que a Agência não tem a atribuição legal de definir os valores que devem ser cobrados pelos serviços prestados pela rede privada de saúde.

Representantes de entidades como a Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), o Conselho Regional de Enfermagem, a Rede Sentidos do Nascer, Associação de Doulas e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) concordam que o tema é complexo e que uma mudança de cultura é necessária.

Para Juvenal Barreto, diretor da Febrasgo, o aumento da remuneração de partos normais seria uma boa medida, que, no entanto, não resolveria a questão por completo. “Existe um ecossistema de problemas que passa pela remuneração, mas também por leniência hospitalar e por uma dificuldade de se trabalhar em equipe multidisciplinar”, constatou.

Marta Oliveira, diretora da Anahp, também afirma que o aumento da remuneração é medida insuficiente. “Estamos há 30 anos praticando a cesariana, precisamos recapacitar os profissionais. É uma reconstrução do nosso sistema de saúde que leva um tempo”. Ela acredita, no entanto, que o Brasil encontra-se hoje em um processo irreversível no sentido de cada vez mais diminuir o número de partos cesárea.

Além das entidades, a audiência também contou com a presença de mães e estudantes de medicina – representantes da sociedade civil, que deram depoimentos sobre suas experiências.

A ação será julgada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região

– Informações da Assessoria de Comunicação Social – Procuradoria Regional da República da 3ª Região

Parto natural é mais comum fora do horário comercial, diz estudo

Um estudo feito na City University of London, na Inglaterra, comparou os dados de cinco milhões de partos e identificou que cerca de sete entre dez nascimentos ocorreram fora do horário comercial, isto é, entre as 9h e as 17h.

“Isso talvez aconteça por causa da evolução. Nossos ancestrais viviam em grupos que eram ativos e dispersos durante o dia, ao passo que se juntavam à noite. Assim, uma mulher que entrasse em trabalho de parto durante a noite teria mais proteção”, falou Peter Martin, autor principal ao Evening Standard.

Em contrapartida, as cirurgias cesáreas, que responderam a somente 9,2% dos partos em solo inglês, aconteceram majoritariamente nos dias úteis entre as 9h e as 11h59, com um pico até as 10h59.

“Não foi uma surpresa descobrir que cirurgias cesáreas agendadas não sejam marcadas para feriados, mas não é possível saber por que os partos sem nenhuma intervenção obstétrica são mais baixos no Natal e no dia seguinte”, disse Peter.

Contrariando as estatísticas, o terceiro filho de Kate Middleton e príncipe William nasceu de parto natural às 11h01 (horário local) de uma segunda-feira. O parto gerou repercussão porque a duquesa de Cambridge saiu do hospital apenas sete horas após a chegada do menino.

Fonte: Estadão

Febrasgo recomenda vacina dTpa para as gestantes

Pensando na prevenção de óbitos por coqueluche em crianças com menos de três meses de vida, a Febrasgo orienta os Ginecologistas e Obstetras a prescreverem para todas as gestantes a vacina dTpa.

A vacinação deve ocorrer entre a 20ª semana de gestação e 15 dias antes do parto, para ter efeito de transferência de anticorpos para o feto, e está disponível tanto na rede privada, quanto, gratuitamente, na rede pública.

Também é importante registrar a prescrição, assim o Ginecologista e o Obstetra se eximem de uma possível responsabilização judicial, no caso de ocorrer alguma fatalidade decorrente da coqueluche neonatal, além de estar exercendo sua principal função, que é zelar pela vida.

Fonte: Febrasgo