Relações Sexuais Após a Menopausa: Desafios e Soluções

A menopausa é uma fase natural na vida de todas as mulheres, marcando o fim dos ciclos menstruais e da capacidade reprodutiva. No entanto, a vida sexual não precisa terminar com a menopausa. Embora muitas mulheres experimentem mudanças que podem afetar sua vida sexual, existem várias maneiras de enfrentar esses desafios e manter uma vida sexual satisfatória e saudável após a menopausa.

Mudanças Físicas
A menopausa traz uma série de mudanças físicas que podem influenciar a sexualidade:

Diminuição dos níveis hormonais: A queda nos níveis de estrogênio pode levar a secura vaginal, tornando as relações sexuais desconfortáveis ou dolorosas.
Mudanças na elasticidade vaginal: A redução do estrogênio também pode afetar a elasticidade vaginal, causando uma sensação de aperto ou dor durante a penetração.
Diminuição da libido: Algumas mulheres podem perceber uma redução no desejo sexual, que pode ser influenciada por fatores hormonais, emocionais e psicológicos.
Mudanças Emocionais e Psicológicas
Além das mudanças físicas, a menopausa pode trazer desafios emocionais e psicológicos que afetam a vida sexual:

Autoestima: Mudanças no corpo, como ganho de peso, alterações na pele e cabelos, podem impactar a autoestima e a imagem corporal.
Ansiedade e depressão: Algumas mulheres experimentam mudanças de humor, ansiedade ou depressão durante a menopausa, o que pode diminuir o interesse sexual.
Estresse e fadiga: As responsabilidades do dia a dia, somadas às mudanças hormonais, podem resultar em estresse e fadiga, reduzindo a energia e o desejo sexual.
Soluções para Melhorar a Vida Sexual Após a Menopausa
Apesar dos desafios, existem várias estratégias e tratamentos que podem ajudar a melhorar a vida sexual após a menopausa:

Lubrificantes e hidratantes vaginais: O uso de lubrificantes à base de água durante as relações sexuais pode aliviar a secura vaginal. Hidratantes vaginais usados regularmente também podem ajudar a manter a umidade e a saúde vaginal.

Terapia hormonal: A terapia de reposição hormonal (TRH) pode ser uma opção para algumas mulheres, ajudando a aliviar os sintomas da menopausa, incluindo a secura vaginal e a diminuição da libido. É importante discutir os riscos e benefícios com um profissional de saúde.

Exercícios do assoalho pélvico: Os exercícios de Kegel fortalecem os músculos do assoalho pélvico, melhorando a elasticidade vaginal e potencialmente aumentando o prazer sexual.

Terapia sexual: Conversar com um terapeuta sexual pode ajudar a abordar questões emocionais e psicológicas, melhorar a comunicação com o parceiro e encontrar soluções para os desafios sexuais.

Estilo de vida saudável: Manter um estilo de vida saudável, incluindo alimentação balanceada, exercícios físicos regulares e técnicas de gerenciamento de estresse, pode melhorar o bem-estar geral e a energia, contribuindo para uma vida sexual mais satisfatória.

Comunicação com o parceiro: Manter uma comunicação aberta e honesta com o parceiro sobre desejos, preocupações e necessidades pode fortalecer a intimidade e melhorar a experiência sexual.

A menopausa traz mudanças significativas, mas não significa o fim da vida sexual. Compreender as transformações físicas e emocionais e buscar soluções adequadas pode ajudar as mulheres a manter uma vida sexual saudável e prazerosa após a menopausa. Cada mulher é única, e encontrar o que funciona melhor para si mesma, com o apoio de profissionais de saúde e parceiros compreensivos, é fundamental para viver plenamente essa fase da vida.

Congelamento de Óvulos: O Que É e Quem Pode Fazer?

O congelamento de óvulos é uma técnica de preservação da fertilidade que tem ganhado popularidade nos últimos anos. Com avanços na medicina reprodutiva, muitas mulheres estão optando por congelar seus óvulos para adiar a maternidade sem comprometer suas chances de ter filhos no futuro. Neste artigo, exploramos o que é o congelamento de óvulos, o processo envolvido e quem pode se beneficiar dessa técnica.

O Que É o Congelamento de Óvulos?
O congelamento de óvulos, também conhecido como criopreservação de oócitos, é um procedimento que envolve a coleta e o armazenamento de óvulos não fertilizados em temperaturas muito baixas. O objetivo é preservar a qualidade dos óvulos para uso futuro, permitindo que a mulher possa tentar engravidar em um momento mais adequado para ela.

O Processo de Congelamento de Óvulos
O processo de congelamento de óvulos geralmente segue estas etapas:

Estimulação Ovariana: A mulher recebe medicamentos hormonais para estimular os ovários a produzir múltiplos óvulos em um único ciclo menstrual.

Monitoramento: Durante a estimulação, a mulher é monitorada regularmente através de ultrassons e exames de sangue para avaliar o desenvolvimento dos folículos ovarianos.

Coleta de Óvulos: Quando os folículos estão maduros, é realizada a punção ovariana, um procedimento minimamente invasivo em que os óvulos são coletados dos ovários utilizando uma agulha guiada por ultrassom.

Congelamento: Os óvulos coletados são rapidamente resfriados e armazenados em nitrogênio líquido, um processo chamado vitrificação, que previne a formação de cristais de gelo que poderiam danificar as células.

Quem Pode Fazer o Congelamento de Óvulos?
O congelamento de óvulos pode ser uma opção viável para diversas mulheres, incluindo:

Mulheres que desejam adiar a maternidade: Muitas mulheres escolhem congelar seus óvulos para focar em suas carreiras, educação ou por não terem encontrado o parceiro certo ainda. Congelar os óvulos em uma idade mais jovem pode aumentar as chances de uma gravidez bem-sucedida no futuro.

Pacientes com condições médicas: Mulheres diagnosticadas com câncer ou outras condições médicas que podem afetar a fertilidade, como doenças autoimunes, podem optar pelo congelamento de óvulos antes de iniciar tratamentos que podem prejudicar a função ovariana.

Histórico Familiar de Menopausa Precoce: Mulheres com histórico familiar de menopausa precoce podem considerar o congelamento de óvulos como uma forma de garantir a possibilidade de maternidade no futuro.

Mulheres em Transição de Gênero: Pessoas transgênero que desejam preservar sua fertilidade antes de iniciar a terapia hormonal ou cirurgias de confirmação de gênero também podem se beneficiar do congelamento de óvulos.

Considerações Importantes
Embora o congelamento de óvulos ofereça uma oportunidade de preservar a fertilidade, é importante considerar alguns pontos:

Idade: A qualidade e a quantidade dos óvulos diminuem com a idade, portanto, o congelamento de óvulos é mais eficaz quando realizado em mulheres mais jovens, idealmente antes dos 35 anos.

Custo: O procedimento pode ser caro, incluindo custos de medicamentos, coleta, armazenamento e futuros tratamentos de fertilização in vitro (FIV).

Taxas de Sucesso: Embora as técnicas de congelamento de óvulos tenham avançado significativamente, a garantia de uma gravidez bem-sucedida não é absoluta e pode variar de acordo com a idade da mulher e a qualidade dos óvulos congelados.

O congelamento de óvulos é uma opção valiosa para mulheres que desejam adiar a maternidade ou preservar sua fertilidade devido a condições médicas. Compreender o processo e as considerações envolvidas é crucial para tomar uma decisão informada. Consultar um especialista em fertilidade pode ajudar a determinar se o congelamento de óvulos é a escolha certa e o momento ideal para realizar o procedimento.

A Importância do Acompanhamento da Sexualidade Feminina na Adolescência

A adolescência é uma fase de transformações físicas, emocionais e sociais, marcada por descobertas e desafios. No contexto desse período, o acompanhamento da sexualidade feminina se torna crucial, pois as experiências vivenciadas nessa etapa podem influenciar significativamente a vida adulta. É fundamental que as jovens recebam suporte, informação e orientação para desenvolver uma compreensão saudável e positiva sobre sua sexualidade.

Desenvolvimento:

  1. Desmistificação e Educação Sexual: Durante a adolescência, muitas meninas enfrentam a falta de informação ou são expostas a mitos e concepções errôneas sobre a sexualidade. O acompanhamento adequado pode contribuir para a desmistificação desses temas, proporcionando conhecimento baseado em fatos científicos e promovendo uma visão positiva e respeitosa da sexualidade.
  2. Autoconhecimento e Empoderamento: O acompanhamento da sexualidade na adolescência permite que as jovens explorem seu próprio corpo, compreendam suas necessidades e desejos, promovendo um maior senso de autoconhecimento. Isso contribui para o desenvolvimento da autoestima e empoderamento, permitindo que as adolescentes tomem decisões conscientes e respeitem seus limites.
  3. Prevenção de Riscos e Saúde Reprodutiva: A orientação sobre métodos contraceptivos, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e cuidados com a saúde reprodutiva são elementos essenciais do acompanhamento da sexualidade feminina na adolescência. Essas informações são cruciais para que as jovens possam tomar decisões responsáveis e cuidar da sua saúde de maneira integral.
  4. Relacionamentos Saudáveis: O entendimento sobre relacionamentos saudáveis, respeitosos e consensuais é um aspecto vital do acompanhamento da sexualidade na adolescência. Isso inclui a importância do consentimento, a comunicação aberta e a compreensão das dinâmicas emocionais envolvidas nos relacionamentos íntimos.

Conclusão:

Investir no acompanhamento da sexualidade feminina na adolescência é investir no bem-estar das futuras mulheres adultas. Através do suporte, da educação e do diálogo aberto, podemos criar uma base sólida para que as jovens desenvolvam uma relação positiva com sua sexualidade. Isso não apenas promove a saúde física e emocional, mas também contribui para a construção de uma sociedade mais informada, igualitária e respeitosa. O diálogo contínuo e a atenção às necessidades das adolescentes são passos essenciais para garantir um desenvolvimento saudável e empoderado durante essa fase crucial da vida.

O que eu posso fazer para evitar corrimento?

Com a chegada do calor é muito comum o aparecimento de corrimento nas mulheres. São muitos os fatores que podem ocasionar infecções nas partes íntimas, mas alguns cuidados podem evitá-las.

Praias e piscinas colaboram para o aumento da umidadecalor e abafamento da região genital propiciando o desenvolvimento dos fungos. Além disso, a má alimentação, excesso de sol e bebidas alcoólicas baixam a imunidade contribuindo para o aparecimento de infecções.

A infecção genital feminina mais comum é causada por um fungo. A famosa Candidíase tem como sintomas um corrimento branco, pastoso que provoca coceira intensa, ardor, desconforto vaginal e vulvar, mas pode ser evitada com algumas medidas simples:

  • Use calcinhas de algodão, elas ajudam na transpiração vaginal;
  • Evite calcinhas com tecidos sintéticos (lycra e rendas), essas provocam abafamento e umedecem ainda mais a vagina;
  • Durma sem calcinha
  • Evite secar as roupas íntimas no banheiro, pois é um ambiente propício para proliferação de fungos e bactérias; 
  • Lave as roupas íntimas com sabão de coco, isso ajuda a evitar alergias; 
  • Passe o fundo das calcinhas para evitar a proliferação de fungos; 
  • Evite sabonetes íntimos
  • Evite o uso de absorvente diário
  • Melhore a alimentação com ingestão de alimentos coloridos e muitas frutas;
  • Evite permanecer com o biquíni molhado por muito tempo, melhor levar uma troca caso passe o dia na praia ou piscina;
  • Cuide da imunidade, busque descansar e dormir bem.

Prevenção da Gravidez na Adolescência: Cuidados e Orientações

 

A gravidez na adolescência é um tema de grande importância, uma vez que pode acarretar em impactos físicos, emocionais e sociais significativos para os jovens envolvidos. Para evitar uma gravidez não planejada nessa fase da vida, é essencial adotar medidas de prevenção adequadas. Aqui estão algumas informações e orientações sobre como cuidar para não engravidar durante a adolescência:

1. Educação Sexual Aberta e Informação: O primeiro passo para prevenir a gravidez na adolescência é ter acesso a informações confiáveis sobre saúde sexual e reprodutiva. É crucial que os adolescentes sejam informados sobre métodos contraceptivos, anatomia, ciclo menstrual e riscos associados à atividade sexual não protegida.

2. Uso Consistente de Métodos Contraceptivos: Existem vários métodos contraceptivos disponíveis, desde preservativos masculinos e femininos até pílulas anticoncepcionais, dispositivos intrauterinos (DIUs), implantes subcutâneos, entre outros. Consultar um profissional de saúde permitirá escolher o método mais adequado com base nas necessidades individuais.

3. Preservativos – Dupla Proteção: O uso de preservativos é fundamental para prevenir tanto a gravidez quanto as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Os preservativos fornecem uma camada adicional de proteção, sendo uma escolha sensata, especialmente para os jovens que ainda não estão em um relacionamento estável.

4. Conversas Abertas com Parceiros: Comunicar-se abertamente com um parceiro sobre o uso de métodos contraceptivos e a prevenção da gravidez é essencial. Garantir que ambos estejam alinhados quanto aos cuidados necessários ajuda a evitar situações não planejadas.

5. Acesso a Serviços de Saúde: Os adolescentes devem ter acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva. Isso inclui consultas regulares com um médico ou profissional de saúde, onde podem discutir suas preocupações, receber orientações e obter prescrições para contraceptivos, se necessário.

6. Autoconhecimento e Autocuidado: Entender o próprio corpo e ciclo menstrual é fundamental. O conhecimento do período fértil auxilia na escolha de quando é mais seguro ter relações sexuais sem proteção, mas essa não é uma abordagem infalível e deve ser combinada com um método contraceptivo.

7. Pressões Sociais e Comunicação Assertiva: Os adolescentes podem enfrentar pressões para se envolverem sexualmente. Aprender a dizer “não” de maneira assertiva e tomar decisões baseadas em seu próprio bem-estar é essencial.

8. Planejamento do Futuro: Ter metas educacionais e de carreira pode ajudar os adolescentes a focarem em seus objetivos, o que por sua vez pode influenciar a tomada de decisões responsáveis em relação à atividade sexual.

Lembrando que cada pessoa é única, é importante que os adolescentes busquem aconselhamento médico e orientação de profissionais de saúde para tomar decisões informadas sobre sua vida sexual e reprodutiva. Prevenir a gravidez na adolescência requer conscientização, educação e a adoção de medidas de proteção adequadas.

A sexualidade na adolescência feminina

A sexualidade na adolescência feminina é um tópico importante e complexo. Durante essa fase de desenvolvimento, as adolescentes passam por mudanças físicas, emocionais e sociais significativas, incluindo o despertar da sua sexualidade. Aqui estão algumas informações que podem ser relevantes:

  1. Puberdade: A adolescência feminina é marcada pelo início da puberdade, que traz mudanças no corpo, como o desenvolvimento dos seios, crescimento de pelos pubianos e menstruação. Essas mudanças físicas são influenciadas por hormônios sexuais, como o estrogênio e a progesterona.
  2. Desejo sexual: Durante a adolescência, as meninas podem experimentar um despertar do desejo sexual. Elas podem sentir atração física e emocional por outras pessoas, desenvolver fantasias sexuais e começar a explorar a sua própria sexualidade.
  3. Identidade sexual: A adolescência é um momento em que as jovens começam a questionar e explorar a sua identidade sexual. Algumas adolescentes podem se identificar como heterossexuais, outras como lésbicas, bissexuais, pansexuais ou podem ainda estar em processo de descoberta.
  4. Educação sexual: É fundamental que as adolescentes recebam informações adequadas sobre saúde sexual e reprodutiva. Isso inclui conhecimentos sobre contracepção, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e consentimento. Uma educação sexual abrangente e inclusiva pode ajudar as jovens a tomar decisões informadas e saudáveis sobre sua sexualidade.
  5. Pressões sociais: As adolescentes enfrentam pressões sociais relacionadas à sua sexualidade, como estereótipos de gênero, expectativas culturais e pressões dos pares. É importante que elas tenham um ambiente de apoio e compreensão, onde se sintam confortáveis em explorar sua sexualidade sem julgamento ou pressão.
  6. Saúde e bem-estar: As adolescentes devem cuidar de sua saúde sexual e emocional. Isso envolve fazer exames ginecológicos regulares, usar métodos contraceptivos quando sexualmente ativas e buscar apoio em caso de preocupações ou problemas relacionados à saúde sexual.
  7. Consentimento e limites: É fundamental que as adolescentes aprendam sobre consentimento, ou seja, a importância de obter o consentimento claro e voluntário de todas as partes envolvidas em qualquer atividade sexual. Elas também precisam aprender a estabelecer limites saudáveis e respeitar os limites dos outros.

É importante lembrar que cada adolescente é única, e o desenvolvimento da sexualidade pode variar de pessoa para pessoa. Além disso, é essencial que haja diálogo aberto, apoio e orientação dos pais, familiares, educadores e profissionais de saúde para auxiliar as adolescentes nesse período de descoberta e crescimento.

Cuidados com as DST’s

As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) afetam tanto homens quanto mulheres, mas as mulheres podem ter complicações mais graves se não tratadas adequadamente. Por isso, é importante que as mulheres tenham alguns cuidados para prevenir as DSTs e também saibam reconhecer os sintomas e buscar tratamento rapidamente, se necessário. Alguns desses cuidados incluem:

  1. Usar preservativo em todas as relações sexuais, mesmo no sexo oral, anal e vaginal.
  2. Fazer exames regularmente para detectar DSTs, especialmente se tiver mudado de parceiro sexual.
  3. Não compartilhar objetos pessoais, como escovas de dente, lâminas de barbear e alicates de unha.
  4. Evitar o uso de duchas vaginais, pois elas podem afetar o pH natural da vagina e aumentar o risco de infecções.
  5. Ter relações sexuais somente quando estiver em condições de segurança e conforto.
  6. Manter uma boa higiene íntima, lavando a região genital diariamente com água e sabão neutro.
  7. Evitar o consumo de drogas ilícitas, que podem aumentar o risco de transmissão de DSTs.
  8. Procurar um médico imediatamente se notar qualquer sintoma de DST, como corrimento vaginal, coceira, dor ao urinar, feridas ou bolhas na região genital.
  9. Comunicar ao parceiro sexual se for diagnosticada com uma DST, para que ele também possa buscar tratamento e evitar a reinfecção.

Lembrando que a prevenção é sempre o melhor remédio e que o diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para evitar complicações.

Comunicação na busca pelo prazer

Estudos realizados no Brasil apontam que 49% das mulheres e 33% dos homens possuem algum tipo de queixa ou problema sexual. E, na grande maioria dos casos, a solução para a questão está dentro de casa e se chama comunicação. “Primeiramente é preciso esclarecer que uma boa vida sexual não está relacionada à quantidade de relações, essa necessidade varia de pessoa para pessoa, mas sim à qualidade delas.

Para que essa qualidade seja alcançada, é preciso que exista intimidade, boa comunicação sexual, respeito e comprometimento entre os parceiros. É necessário que se entenda que as respostas sexuais da mulher e do homem são diferentes. Nas mulheres, ela é mais centrada no desejo e na excitação, e nos homens na ejaculação. É preciso, especialmente para a mulher, uma atenção maior no que antecede a relação sexual, além de dedicação do parceiro sobre preliminares.

É sabido que uma mulher leva algo em torno de vinte minutos para alcançar uma excitação adequada. O homem demanda muito menos tempo. Essas diferenças podem atrapalhar e devem ser solucionadas com conversas francas, mesmo porque não existe uma fórmula mágica, somos seres individuais, com particularidades próprias”, explica a doutora Lucia Alves Lara, mestre-doutora em ginecologia e obstetrícia pela Universidade São Paulo (USP) e presidente da Comissão Nacional Especializada em Sexologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

Muitas vezes a rotina toma conta do casal, especialmente naqueles que estão juntos há muito tempo. Estudos nesse sentido apontam que 52% das mulheres com mais de 10 anos de matrimônio acabam tendo relações sexuais sem um desejo espontâneo.

“A repetição de estímulos, em tempos cada vez menores, pode levar a um caminho sexualmente equivocado. Mais uma vez o diálogo é ferramenta poderosa para reverter a situação. É essencial que o casal busque momentos íntimos, exclusivos, como tomar uma taça de vinho a sós, ir a um cinema. Procurar se afastar um pouco do círculo de amizades e até mesmo dos filhos. Olho no olho, aproveitar o momento para falar abertamente sobre a relação. O que se pode mudar para retomarmos o desejo sexual? Novas fantasias, novas carícias, estímulos? Esse deve ser sim um caminho para enfrentar as dificuldades”, fala Dra. Lucia.

Terapia Sexual

Uma relação aberta com seu ginecologista também é recomendada. Atualmente são profissionais capacitados para lidar com as queixas sexuais das mulheres. “Quando identificada a causa, ou ele mesmo resolve, ou encaminha para um sexólogo, profissional especializado em terapia sexual.

Traumas psíquicos também podem ser fatores determinantes para uma vida sexual ruim. Um sexólogo ajudaria e muito a esclarecer diversos pontos. Muitas mulheres nem sabem que esse profissional existe. O desconhecimento é tamanho que até mesmo a questão do orgasmo feminino é uma incógnita para grande parte delas.

O orgasmo caracteriza-se por contrações fortes, por cerca de 8 segundos, seguida de um relaxamento. Ou por uma contração única, prolongada. Algumas mulheres acham que têm que expelir líquidos, assim como os homens, tamanha é a falta de informação. E 90% delas necessitam de um estímulo no clitóris para alcançá-lo”, afirma Dra. Lucia.

É sabido, porém, que a questão da falta de desejo sexual também pode estar relacionada a alguma doença, como o hipotireoidismo, que causa uma baixa na libido. Ou ainda, uma queda hormonal por conta da menopausa. Avaliações clínicas por parte do ginecologista podem ajudar nessas elucidações. Nos homens, a disfunção erétil e a ejaculação precoce são comuns e precisam ser tratadas por um urologista. “O importante é ter a consciência que a busca para uma melhor vida sexual passa por uma boa comunicação. Seja com o parceiro, marido ou com um profissional da medicina especializado nessa área. A troca de informações é essencial para solucionar os problemas e, consequentemente, trazer novamente uma vida sexual de qualidade”, conclui Dra. Lucia.

18 anos: a idade mais perigosa para mulheres no Brasil

Dezoito anos de idade, negra e morta dentro de casa. A frase descreve um perfil comum das mulheres vítimas de violência no Brasil, segundo dados de um estudo publicado nesta segunda-feira pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (Flacso).

De autoria do sociólogo argentino Julio Jacobo Waiselfisz, radicado no Brasil, o Mapa da Violência 2015 – Homicídio de Mulheres no Brasil analisa dados oficiais nacionais, estaduais e municipais sobre óbitos femininos no Brasil entre 1980 e 2013, passando ainda por registros de atendimentos médicos.

Em 2013, no último ano levado em conta pelo estudo, o maior índice de mortes registrado foi entre mulheres de 18 anos: 3,6% dos 4.762 dos óbitos (168 mulheres). É a incidência mais alta de assassinatos dentro do que foi traçado pelo estudo como a faixa etária mais perigosa para as mulheres – que vai dos 18 aos 30 anos de idade e responde por 39% do total de homicídios.

O que o autor chama de “domesticidade” da violência contra a mulher é ilustrada pelo perfil dos agressores, com base em dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, que registra os atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) ligados à violência. Parentes imediatos, parceiros e ex-parceiros são responsáveis por quase sete em cada dez atendimentos médicos. Entre mulheres jovens, namorados e maridos são responsáveis por 50,7% das agressões.

Essa nova geração de vítimas, em que parte das mulheres atingiu a maioridade após a Lei Maria da Penha, parece não estar se beneficiando da maior proteção oferecida pela legislação. Para Waiselfisz, as estatísticas mostram a necessidade de mais esforços na aplicação da lei, sobretudo no que diz respeito aos passos posteriores às denúncias e ocorrências.

Domesticidade

O Mapa da Violência sugere que o impacto da Lei Maria da Penha, cuja entrada em vigor completa 10 anos em 2016, foi diluído pela ausência de políticas públicas e mecanismos judiciários mais extensos para coibir as agressões, em especial a punição de agressores. Embora a legislação tenha registrado um efeito “inibidor” promissor imediato nos índices de violência, simbolizado por uma queda no índice de mortes – de 4,2 óbitos por 100 mil habitantes para para 3,9 entre 2006 e 2007 -,os casos de violência voltaram a crescer a partir de 2008 e e atingiram 4,8 mortes por 100 mil habitantes em 2013.

Tal número coloca o Brasil como o quinto país que mais mata mulheres no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde citados no Mapa da Violência. Apenas El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia são mais letais em grupo de 83 nações estudadas.

“A Lei Maria da Penha é um marco importante, especialmente porque facilitou a forma de se denunciar abusos e transferiu o ônus da prova para o agressor. Mas ela precisa ser implementada de forma apropriada, e o caminho é longo. Estamos falando de questões como o estabelecimento de centros de proteção para as vítimas e mesmo um sistema judiciário que aja com mais eficiência na punição e apuração dos crimes, bem como a mudança de uma mentalidade machista no país de uma forma geral”, afirma o sociólogo.

É importante ressaltar que os números gerais levam em conta casos em que mulheres foram vítimas também da violência urbana, que ainda é responsável pela maioria das mortes registradas nos dois sexos. Porém, enquanto quase metade dos homicídios masculinos ocorre na rua (48,2%) e apenas 10% no domicílio, entre as mulheres a proporção é assustadoramente mais equilibrada: 31,2% e 27,1%, respectivamente.

“Isso revela a alta domesticidade dos homicídios de mulheres. Elas são muitos mais agredidas no lar”, afirma Waiselfisz.

O número de mortes cresceu 22% entre 2003 e 2013, mas houve alargamento desproporcional também no que diz respeito ao perfil racial das vítimas: enquanto o número de mortes de mulheres brancas caiu quase 10% entre 2003 e 2013 (de 1747 para 1576), os casos de mulheres negras saltaram mais de 54% no mesmo período, passando de 1864 para 2875.

Segundo o sociólogo, os números mais recentes mostram que morrem 66,7% mais mulheres negras do que brancas no Brasil.

Waiselfisz apresentou também uma panorama de certa forma surpreendente da distribuição geográfica da violência contra a mulher no país: há enorme diversidade de situações entre regiões e Estados. Roraima, por exemplo, foi o Estado “mais violento” contra mulheres, apresentando um índice de 15,3 homicídios femininos por 100 mil habitantes, mas que o triplo da média nacional. São Paulo, Santa Catarina e Piauí, por outro lado apresentaram apenas 3/100 mil, ficando no fundo da lista.

O argentino também notou que o “efeito Maria da Penha” reduziu as taxas de mortalidade em apenas cinco Estados brasileiros (Rio de Janeiro, Rondônia, Espírito Santo, Pernambuco e São Paulo), enquanto as unidades de federação restantes cresceram em ritmos extremamente variados.

Outra disparidade acentuada foi no plano municipal: ainda que algumas capitais brasileiras apresentem índices bem altos de homicídios femininos, são os pequenos municípios em que as mulheres se encontram mais vulneráveis. Barcelos (AM), que tem população feminina em torno de 12 mil pessoas, registrou uma assustadora marca de 45,2 homicídios por dez mil mulheres e foi o mais violento do país. Nenhuma capital apareceu nas primeiras 100 posições.

“É difícil indicar uma tendência nacional, e as oscilações estão relacionadas a circunstâncias locais, que precisam ser estudadas particularmente. O que parece estar ocorrendo aqui é que políticas de contenção da violência feminina parecem estar funcionando mais apropriadamente em grandes cidades, onde na teoria há melhor aparelhamento do Judiciário” , pondera Waiselfisz.

Para o sociólogo argentino, porém, há um culpado claro: a impunidade.

” Pesquisas especializadas mostram que o índice de elucidação dos crimes de homicídios é baixíssimo no Brasil, variando entre 5 e 8%. Apenas nos EUA, ele é de 65%. Se a impunidade prevalece amplamente nos homicídios em geral, ela deve ser norma também nos casos de homicídios de mulheres. Existe uma certa normalidade da violência contra a mulher no Brasil “.

Dispareunia: Dor durante a relação sexual não é normal

Dor durante a relação sexual em mulheres pode ter origem emocional ou física, mas não é normal apresentar o sintoma. Conheça suas possíveis causas e tratamentos.

 

A dor durante o ato sexual, também chamada de dispareunia, é mais comum do que se imagina. Ela dificulta não só a relação sexual, mas compromete a rotina da mulher porque impede qualquer tipo de penetração, inclusive na hora de fazer exames ginecológicos. Ela pode ser classificada em dois tipos: superficial, quando ocorre em torno da abertura da vagina, normalmente no momento da penetração, ou profunda, quando a dor é sentida dentro da pelve, em geral durante o movimento peniano. Em ambos os casos, as características da dor são as mesmas e se manifestam em forma de ardência ou como uma cólica muito forte.

 

DOENÇAS QUE PODEM CAUSAR DOR DURANTE A RELAÇÃO SEXUAL

 

A recomendação inicial é procurar ajuda especializada ao primeiro sinal de dor, e não postergar imaginando que o desconforto vai passar de uma hora para outra. O médico irá solicitar exames como ultrassom, papanicolaou e exames de urina para se certificar de que o desconforto não é sinal de alguns problemas comuns.

No caso da dor superficial, algumas possíveis causas são: infecções genitais como herpes e candidíase (que costumam causar bastante ardência, já que a área da vulva fica inflamada), vaginismo (condição na qual a musculatura pélvica se contrai involuntariamente, tornando a penetração inviável) e sensibilidade aumentada na área vaginal.

Durante o exame ginecológico, os médicos pode fazer um teste rápido para identificar se você sofre de dor provocada, isto é, causada por algum agente externo como absorvente interno, coletor menstrual ou a própria penetração. O teste é simples e consiste em pressionar a área sensível com um cotonete.

 

 A dor profunda pode ser sinal de endometriose, que costuma ser uma das grandes responsáveis pela dor durante o ato sexual por conta do quadro inflamatório que provoca na pelve.

Cistos no ovário e cicatrizes na região pélvica provindas de alguma infecção, cirurgia ou radioterapia também podem se manifestar com dor durante o sexo.

É importante também ficar atenta à possibilidade de esse sintoma ter relação com a chegada da menopausa, pois nessa fase pode haver ressecamento vaginal por conta da diminuição do nível de estrogênio.

 

NÃO DEIXE DE LADO OS FATORES EMOCIONAIS

 

Não podemos esquecer que as causas da dispareunia podem ser de fundo emocional. Sexo ainda é tabu para muitas mulheres, cuja sexualidade com frequência é reprimida, o que dificulta a busca por informação. Existem pacientes que sentem o desconforto desde a primeira relação sexual e acham que isso é normal, que a dor faz parte da relação íntima. Assim, em vez de o sintoma ser encarado imediatamente como um problema a ser tratado, muitas podem pensar que é comum e negligenciar a procura por tratamento.

O cenário é ainda mais delicado se a mulher tiver passado por experiências traumáticas relacionadas à sexualidade, incluindo abuso e repressão por questões de gênero, ocorrências muito frequentes no Brasil. Mulheres com tal histórico tendem a suportar muitas dores e guardar os problemas para si.

 Porém, não são necessários grandes traumas para o sintoma aparecer. A dor pode surgir quando a mulher está com medo do contato íntimo por qualquer motivo, ou quando sente forte insegurança em relação à sua imagem, por exemplo. Esses fatores fazem com que ela não se sinta relaxada, o que dificulta a lubrificação vaginal e, consequentemente, provoca dor e desconforto. É o caso de procurar um psicólogo ou terapeuta.

É importante buscar esse tipo de acompanhamento o quanto antes, pois tratamentos que envolvem a saúde emocional podem ser longos. Além disso, conviver com a dor durante o sexo tende a provocar sentimentos de frustração e baixa autoestima, além de comprometer a saúde do relacionamento. Guarde: não é normal sentir dor.

 

TRATAMENTO DA DISPAREUNIA

 

Uma dica simples para aumentar lubrificação vaginal é utilizar lubrificantes próprios para uso íntimo e investir mais tempo nas preliminares. Contudo, o mais importante é descobrir a origem da dor e atuar nela.

Se você tem sentido dor em todas as relações sexuais, é preciso buscar ajuda especializada. O diagnóstico é fundamental, portanto, o primeiro passo é marcar uma consulta com o ginecologista para verificar se existe alguma doença por trás do sintoma. Problemas desse tipo geralmente são combatidos com antifúngicos ou antibióticos.

Para pacientes com endometriose, há muitas opções de tratamento cirúrgico ou clínico. Para os casos de vaginismo, sessões de fisioterapia pélvica podem ajudar. Nesses casos, é comum treinar a capacidade de se ter algo dentro da vagina, iniciando com a inserção, pela própria mulher, de objetos chamados dilatadores.

Se a questão for emocional, vale a consulta com um psiquiatra e, na maior parte das vezes, iniciar um acompanhamento terapêutico.

Sexualidade feminina: Esqueça a vergonha e seja dona de si

Entre quatro paredes tudo está liberado, não é mesmo? Para algumas mulheres, não. A sexualidade feminina ainda rende tabus. Há quem não consiga explorar e valorizar os próprios desejos. Assim, fica difícil dominar o e mostrar ao parceiro que algumas vontades podem ser prazerosas para ambos.

De acordo com a sexóloga Laura Meyer, despertar a sensualidade é essencial. A mulher que ainda se sente tímida ao tirar a roupa ou falar sobre suas preferências deve tentar melhorar a autoestima e livrar-se das paranoias. Saiba como fazer isso.

Tabus da sexualidade feminina

“A mulher que procura melhorar sua aparência usando roupas provocantes, cuidando do e perfumando-se para despertar o interesse do parceiro certamente está com sua sensualidade à flor da pele”, explica a sexóloga. Ao se produzir, ela também se sente melhor, garantindo a autoconfiança que precisa para deixar os medos de lado. “Ao sentir que é bem-sucedida em seu objetivo, sente-se segura e continuará agindo dessa forma sensual.”

Há quem acredite que se masturbar é um erro, por exemplo. Esse é um dos tabus que, além de ultrapassados, podem prejudicar o prazer feminino. A mulher que consequentemente não sabe o que é bom e o que garante bem-estar para si mesma. Por isso, separar um tempo para se divertir e descobrir do que você gosta é, sim, necessário.

sexo anal também é sinônimo de polêmica. Adorado por muitos homens e temido por várias mulheres, o ato deve ser discutido pelos parceiros e praticado, caso os dois se sintam à vontade. Se existe confiança e intimidade, o parceiro irá com calma e você sentirá prazer. O importante é manter diálogo e comentar quando algo está desconfortável.

Mitos e verdades da sexualidade feminina

1. Mulheres não têm tanto desejo sexual quanto os homens

Verdade. Segundo Laura, eles pensam muito mais em sexo que elas e, consequentemente, sentem mais desejo. Enquanto os homens pensam no que pode rolar em uma transa, as mulheres não sentem a necessidade de imaginar e pensar nisso ao longo de todo o dia. Ainda assim, o desejo sexual existe e deve ser explorado.

2. A masturbação pode atrapalhar o prazer sexual com o parceiro

Mito.Ela garante o autoconhecimento e proporciona transas mais quentes. A partir do momento em que você descobre do que gosta, deixa de perder tempo com estímulos que não garantem tanto prazer. De acordo com Laura, a masturbação pode atrapalhar apenas “se a mulher deixar de fazer a relação sexual com o parceiro para se masturbar”.

3. Mulheres apenas sentem prazer por masturbação clitoriana

Mito. É mais fácil sentir prazer com o estímulo clitoriano, fato. Laura destaca que o clitóris é o gatilho do prazer na grande maioria das mulheres. Porém, a também pode garantir boas sensações. O orgasmo vaginal depende muito da prática, da intimidade com o parceiro e do autoconhecimento.

4. O orgasmo feminino é difícil de alcançar

Mito. É fácil, desde que você esteja relaxada e conheça os pontos que garantem mais prazer. O orgasmo feminino, segundo Laura, é difícil nos casos em que a mulher seja sexualmente reprimida ou não esteja excitada. Se o parceiro for empenhado, inclusive, pode garantir sensações únicas e prolongadas.

Mulheres são mais vulneráveis ao HIV

HIV não é sinônimo de AIDS

HIV é a sigla para Vírus da imunodeficiência humana. Este vírus é contraído por meio de relações sexuais, de mãe para filho durante a gravidez ou amamentação, por meio de transfusão sanguínea, seringas e objetos cortantes contaminados. 

A fase inicial da contaminação por HIV é chamada de Síndrome Retroviral. Em muitos casos, ela pode apresentar diversos sintomas temporários, mas que não aparentam sérios por serem confundidos com uma gripe ou virose. Entre eles, estão:

  • Febre Alta
  • Fraqueza
  • Lesões de Pele
  • Dor de Garganta
  • Linfonodos Palpáveis e Indolores
  • Perda de Peso
  • Diarréia
  • Suores Noturnos
  • Dores Musculares

Após aproximadamente 4 semanas, os sintomas desaparecem e o paciente entra na fase latente. Esta fase é assintomática, no entanto, tem o potencial de destruir todo o nosso sistema de defesa, assim, causando a a Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

Daí que surge a importância de se realizar exames periódicos, pois contrair HIV não é sinônimo de contrair AIDS. Quanto antes o diagnóstico for feito, maior será a efetividade do tratamento e, consequentemente, menores serão os danos do sistema imunológico, protegendo o corpo da AIDS.

Os tratamentos de hoje permitem que diversos indivíduos portadores de HIV vivam uma vida inteira saudável sem sequer chegar no estágio da AIDS.

Por que as mulheres estão mais vulneráveis ao HIV?

A superfície do órgão genital feminino é muito maior nas mulheres do que nos homens. Por ser externa, a mucosa da vagina acaba se tornando porta de entrada para o HIV ao ter contato com o esperma soropositivo.

Segundo Rowena Johnston, vice-presidente da Fundação Americana para a Pesquisa da AIDS (amfAR), há indícios de que as próprias defesas do organismo feminino contribuam para facilitar a propagação do vírus pelo corpo.

De acordo com a especialista, a mulher teria um sistema imune mais ativo, o que, em se tratando de vírus como o HIV, pode ser algo ruim. “Como o sistema imunológico passa o tempo todo tentando, sem sucesso, combater esse agente infeccioso, eventualmente ele pode falhar e parar de responder como deveria”, informa Rowena.

Vulnerabilidade social

Além das questões físicas, há também questões sociais. Muitas mulheres casadas não acham que podem contrair a doença do marido, e há solteiras que costumam ter dificuldade em negociar o uso do preservativo com o parceiro. “Sem falar que as mulheres estão muito mais sujeitas a sofrerem violência sexual”, lembra Rowena Johnston, que também é diretora de pesquisa da amfAR.

Aids e mulheres em números: por que você deve ficar alerta

  • Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres representam mais da metade das pessoas infectadas pelo vírus HIV no mundo inteiro.
  • De todas as mortes causadas pela aids no Brasil até 2012 28,4% ocorreram entre mulheres, de acordo com o Boletim Epidemiológico Aids HIV/Aids 2013.
  • O documento do Ministério da Saúde também aponta que a única faixa etária em que o número de casos de aids é maior entre as mulheres é de 13 a 19 anos.
  • No sexo feminino, 86,8% dos casos registrados em 2012 decorreram de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV, segundo o boletim.

 

Prevenção e cuidados

Camisinha

A camisinha ou preservativo continua sendo o método mais eficaz para prevenir muitas doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids, a sífilis, a gonorreia e alguns tipos de hepatites em qualquer tipo de relação sexual (anal, oral ou vaginal), seja homem com mulher, homem com homem ou mulher com mulher.

Cuidado com objetos cortantes

Devido a possibilidade de se transmitir o vírus HIV durante o compartilhamento de objetos perfuro-cortantes, que entrem em contato direto com o sangue, é indicado o uso de objetos descartáveis. Se os instrumentos não forem descartáveis, como lâmina de depilação, navalhas e alicates de unha, é recomendável que se faça uma esterilização simples (fervendo, passando álcool ou água sanitária).

Atenção à transfusões sanguíneas

O contagio de diversas doenças, principalmente do vírus HIV, através da transfusão de sangue e da doação de órgãos tem contribuído para que as instituições de coleta selecionem criteriosamente seus doadores e adotem regras rígidas para testar, transportar, estocar e transfundir o material. Estes procedimentos estão garantindo cada vez mais um número menor de casos de transmissão de doenças através da transfusão de sangue e da doação de órgãos.

Prevenção no uso de drogas injetáveis

Os usuários de drogas injetáveis também precisam tomar alguns cuidados: Ter matérias de uso próprio (seringa, agulha, etc) e não compartilhá-los com outros usuários; Não reutilizar as agulhas e seringas; Descartar os instrumentos em local seguro, dentro de uma caixa ou embalagem.

Gravidez

É importante que toda mulher grávida faça o teste que identifica a presença do vírus HIV. Se o exame for positivo, a gestante vai receber um tratamento adequado para evitar a transmissão para o filho na hora do parto.

A gestante soropositiva recebe ao longo da gravidez e no momento do parto medicamentos indicados pelo médico. Até as seis primeiras semanas de vida, o recém nascido também deverá fazer uso das drogas.

Como a transmissão do HIV de mãe para filho também pode acontecer durante a amamentação, através do leite materno, será necessário substituir o leito materno por leite artificial ou humano processado em bancos de leite que fazem aconselhamento e triagem das doadoras.

Sexo e gravidez combinam?

Um casal continua sendo um casal durante a gravidez e suas vontades e necessidades continuam existindo.

Os médicos afirmam seguramente que não há motivos para decretar greve de sexo se a gestação é de baixo risco. No entanto, a penetração não é aconselhável quando há:

  • Risco ou histórico de aborto espontâneo;
  • Risco de parto prematuro;
  • Sangramento vaginal antes da causa ser conhecida;
  • Problemas no saco amniótico;
  • Histórico de insuficiência de colo do útero;
  • Placenta prévia (também chamada de placenta baixa), quando a placenta está cobrindo o colo do útero;
  • Gestações de gêmeos, trigêmeos, etc.

Mas não é só a possibilidade de riscos que podem alterar a frequência das relações durante a espera de um bebê. As vontades da mulher também tem grande influência nisso tudo.

No primeiro trimestre, o desejo sexual pode perder para os enjoos, vômitos, dor os seios, cansaço e sono. Na ausência desses sintomas, é mais provável que a mulher tenha mais apetite sexual.

A mulher diz adeus a maioria dos sintomas no segundo semestre e passa a se sentir mais bonita, enérgica e mais sensível, principalmente na região pélvica, devido ao aumento de irrigação sanguínea.

O barrigão marca presença no terceiro semestre, mas não anula a atividade sexual, se ambos os parceiros desejarem. Tentar posições mais confortáveis, como a mulher por cima, de lado ou em quatro apoios, é uma forma interessante de manter a relação tranquila. Quando a gravidez é saudável, o sexo é possível até o momento da bolsa estourar, inclusive pode até induzir o trabalho de parto.

A maior dica de todas é:  conversa. Consigo mesma, com o parceiro e, principalmente, com o médico.

 

 

Sempre conte os seus segredos para o ginecologista

Parece que não, mas muitas mulheres tem medo de compartilhar seus detalhes íntimos com os ginecologistas. Entendemos que é complicado se abrir com uma pessoa “estranha”, no entanto, não cabe ao médico te julgar e sim te acolher, ajudar e orientar. 

Vamos falar sobre algumas informações importantes que devem ser ditas em uma consulta ginecológica.

Aborto

É essencial mencionar se você  passou por abortos anteriormente, voluntários ou espontâneos. Abortos podem causar cicatrizes na cavidade do útero que facilitam o desenvolvimento da Síndrome de Asherman. Entre os sintomas desta síndrome, estão a dificuldade de engravidar, ausência de menstruação, abortos de repetição, problemas na placenta se a mulher conseguir engravidar, e nos piores casos, infertilidade e dor pélvica crônica.

Parceiros (as)

Às vezes é difícil contar para o médico que você tem mais de um(a) parceiro(a), né? Mas não tem problema nenhum nisso! Você tem quantos parceiros(as) quiser. O importante é se proteger direitinho para não ter riscos maiores de adquirir ou transmitir infecções sexualmente transmissíveis. Usar camisinha pode parecer suficiente, mas pois bem…Não é bem assim! Quando a penetração acontece em mais de um orifício,  é necessário trocar a camisinha.

Hábitos 

Hábitos como fumar, beber, usar drogas ilícitas, ou até mesmo, de se automedicar influenciam no tratamento de certas doenças. Se o ginecologista não souber desses hábitos, ele pode acabar te receitando um remédio que faça mal a quem consome drogas licitas ou ilícitas.

Por exemplo, fumar e tomar anticoncepcional ao mesmo tempo pode aumentar em 30 vezes a incidência de infarto, derrame ou trombose.

Dúvidas

Dúvidas sobre métodos de contracepção também é algo comum, até mesmo entre mulheres que tem uma vida sexual ativa há bastante tempo. Mas não tem problema não saber tudo, principalmente quando se trata da sua saúde. Somente o ginecologista tem conhecimento de qual é a melhor alternativa para você, além dos riscos e benefícios de cada tipo de tratamento. Seu papel é escolher qual das opções oferecidas te agrada mais.

Acontecimentos

Revelar se já fez sexo desprotegido, os tipos de sexo que costuma fazer (oral, vaginal e anal), se já sofreu abusos, entre outros detalhes, também é importante. A consulta não é apenas uma orientação ginecológica, é um momento para se abrir, ser compreendida, ser ouvida e encontrar formas de melhorar sua saúde física e mental. A vida sexual diz muito sobre o nosso psicológico.

Como tratar disfunção sexual feminina no consultório de ginecologia?

Faz parte do dia a dia de diversas especialidades, e principalmente da Ginecologia, ouvir queixas relacionadas à perda de libido, dispareunia  e ressecamento vaginal. A disfunção sexual (DS) acomete diversas faixas etárias, e impacta diretamente na qualidade de vida das mulheres.

Primeiro passo: identificar os fatores relacionados

O primeiro passo dessa abordagem é conhecer e tentar identificar os fatores que podem estar associados à queixa de disfunção:

 Condições médicas Diabetes, hipertensão arterial, tireoidopatias, neuropatias, dor pélvica crônica, depressão, ansiedade, hipoestrogenismo, hiperprolactinemia, hipoandrogenismo
Medicamentos Benzodiazepínicos, antidepressivos tricíclicos, inibidores da recaptação da serotonina (ISRSs), antipsicóticos antidopaminérgicos, antiandrogênicos (ciproterona, espironolactona), betabloqueadores adrenérgicos (propanolol), anti-hipertensivos de ação central (metildopa, reserpina), bloqueadores H2 histamina (cimetidina, ranitidina), anticoncepcionais hormonais
Didáticas e relacionais Relação conflituosa, de longa duração, rotina relacional, ausência do ritual de sedução, preliminares insuficientes, disfunção sexual da parceria
Aspectos socioculturais Costumes, valores, tabu e mitos, autoestima rebaixada, valores negativos em relação à sexualidade
Violência Sexual Abuso sexual, estupro
Quebra de contrato Traições cursam com desejo sexual hipoativo (DSH) e dificuldade de entrega
Repressão sexual Familiar, religiosa e social no processo de formação da sexualidade induz ao sentimento negativo em relação a sua sexualidade e inibe a expressão sexual
Hormonais Hiperprolactinemia, hipotireoidismo, hipoestrogenismo e hipoandrogenismo, anticoncepcionais hormonais
Desconhecimento da anatomiagenital e da resposta sexual Repertório sexual limitado, inibição, dificuldade de entrega
Disfunção sexual prévia Alteração em uma fase da resposta sexual pode desencadear disfunção de outra fase. Ex.: anorgasmia primária pode levar ao DSH, disfunção de excitação ou dor durante a relação sexual

*Adaptado de: Lara LA, Lopes GP, Scalco SC, Vale FB, Rufino AC, Troncon JK, et al. Tratamento das disfunções sexuais no consultório do ginecologista. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); 2018. (Protocolo Febrasgo – Ginecologia, nº 11/Comissão Nacional Especializada em Sexologia).

O tratamento em si

O tratamento das DS consiste principalmente na educação e na terapia sexual, podendo ser individual e de casal, associando ou não medicações. A educação sexual se inicia com a explicação ao paciente sobre a anatomia e o funcionamento normativo da resposta sexual, resumido no modelo EOP :

E: ensinar sobre resposta sexual que inclui as três fases: desejo, excitação e orgasmo

O: Orientar sobre saúde sexual, oferecendo informações sobre a importância da sexualidade durante toda a vida, sobre ISTs e os métodos anticoncepcionais.

P: Permitir e estimular o prazer sexual, explicar que o sexo é uma função biológica importante para o bem-estar físico e emocional da pessoa, que todos têm a capacidade e o direito de sentir prazer sexual.

A TS foca no componente sensorial e visa diminuir a aversão aos toques sensuais ou a atividade sexual devido à ansiedade; melhorar a comunicação sexual e a intimidade do casal, reintroduzindo a atividade sexual de forma gradual.

Tratamento Hormonal

Nos casos em que a queixa de diminuição do desejo vem associada a manifestações clínicas da menopausa, como sintomas vasomotores e síndrome urogenital, a terapia hormonal está indicada, Pode ser administrado estrogênio, tibolona, ou testosterona.

Quando a disfunção de excitação está associada ao ressecamento vaginal na peri e pós-menopausa, a terapia hormonal tópica pode resolver a queixa. Está indicada a prescrição de creme de estrogênio conjugado 0,625 mg/g; creme de estradiol 100 mcg/g, creme de estriol 1 mg e promestrieno creme vaginal 1% (10 mg/g) ou promestrieno cápsula vaginal 10 mg. Uso local, intravaginal, contínuo, à noite, durante duas a três semanas e, em seguida, duas a três vezes por semana para manutenção.

A testosterona de uso cada vez mais corriqueiro na população feminina, de fato, melhora todas as fases da resposta sexual. A aplicação de testosterona transdérmica é efetiva no tratamento do DS em mulheres na pós-menopausa (Grau de evidência A), bem como em mulheres nos últimos anos da menacme (Grau de evidência B). E seu uso por período curto, até 3 anos, é seguro. Porém, caso não haja resposta terapêutica em até seis meses, o uso da testosterona deve ser descontinuado (Grau de evidência A).

No momento, nenhuma preparação para a terapia com testosterona foi deliberado pela FDA e Anvisa, mas pode ser manipulada nas doses de 300 μg/dia em adesivos colados na pele do abdome, ou em 1 grama de gel alcoólico ou Pentravan® aplicado na pele, duas vezes por semana.

As contraindicações de testosterona em mulheres são as mesmas para o uso de estrogênio e incluem alopecia androgênica, acne, hirsutismo, hipertrigliceridemia e transtorno hepático. Para o caso mulheres em uso de anticoncepcional hormonal com queixa de DS, pode-se trocar o método por outro não hormonal, como o DIU de cobre, progestagênio oral ou DIU com levonorgestrel.

Terapia Não Hormonal

O uso de medicamentos do sistema nervoso central como flibanserina , bupropiona , trazadona, e buspirona podem ser efetivos na resposta sexual, e são uma opção em casos de contra indicação à terapia hormonal. Tem como desvantagens seus múltiplos efeitos adversos. É preciso levar em conta que, se o relacionamento conjugal não for satisfatório, as medidas para melhorar a DS são quase sempre ineficazes.

Por ultimo, deve-se atentar aos casos  de vulvodínea e vaginismo. O tratamento deve ser multidisciplinar, envolvendo medicamentos sintomáticos, fisioterapia, psicologia e, até mesmo, em alguns casos, intervenção cirúrgica.

Fonte: Pebmed

Mulheres contam como foram suas primeiras transas após o parto

A doula e consultora de amamentação e sexualidade Patrícia Ramos, do Rio de Janeiro (RJ), não exercia a profissão de formação até ter um bebê: ela é psicóloga. Mas sentiu que deveria começar a atender como terapeuta ao sentir na pele a pressão social para voltar a ter relações sexuais com penetração com o namorado. Atualmente, ela dá apoio psicológico para mulheres durante a gestação e após o nascimento da criança. “Depois do nascimento, ela vira uma outra pessoa, responsável por outro ser”, diz. Por isso, voltar a transar é parecido com a primeira vez, mas com mais maturidade. “É como se fosse um novo início da vida sexual.”

A ginecologista, obstetra e palestrante do SIAPARTO (Simpósio Internacional de Assistência ao Parto) Ana Thais Vargas, de São Paulo (SP), explica que, mesmo após os 40 dias de resguardo, é comum que uma mulher que se tornou mãe não tenha vontade de fazer sexo com penetração. “Do ponto de vista hormonal, ela não está aberta para a reprodução. Como há um aumento de prolactina, que produz leite, acontece também a diminuição do estrogênio, que é o responsável pela lubrificação e pelo tônus da vagina. Por isso, a mulher fica pouquíssimo lubrificada e a libido cai bastante”, afirma.

Algumas mulheres relatam, ainda, que sentem dor na primeira relação sexual. “São vários os motivos para isso: o medo de ser penetrada e se ferir por causa das dilacerações e suturas feitas durante o parto”, diz Ana Thais. A especialista pontua, no entanto, que o fator que mais influencia a sensação de dor é o aspecto psicológico da mulher, que não está pronta para transar, mas se sente pressionada a fazer sexo mesmo não estando confortável. “Por isso, é importante que ela só tenha relações quando estiver à vontade. Seja antes ou depois dos 40 dias de resguardo ou até um ano depois. Não importa”, afirma.

Veja alguns relatos sobre as primeiras vezes de algumas mulheres:

 

“O meu corpo mexeu bastante com o meu emocional”

“Tive uma experiência um pouco diferente de outras mães que conheço. Foi um pouco tenso, porque eu estava com a minha libido superalta, mas, ao mesmo tempo, tinha a rotina com o recém-nascido. Existia o desejo, mas não existia a energia ou a ocasião.

O que marcou bastante esse momento foi o fato de que eu não estava reconhecendo direito o meu corpo. Ele não era o corpo de grávida, mas também não era o meu corpo de antes. Eu tinha medo de me sentir rejeitada pelo meu parceiro e de estar com a vagina muito “larga”, por ter feito o parto normal. Horrível dizer isso assim, mas é o que vem à nossa cabeça.

Foi um momento, então, de tentar me entender e aceitar. Tentar relaxar, aproveitar a liberdade física recém-adquirida. O que eu mais sentia falta era o de conseguir transar beijando, ter movimentos mais fluidos, que o final da gravidez não permitia.

“Tive uma experiência um pouco diferente de outras mães que conheço. Foi um pouco tenso, porque eu estava com a minha libido superalta, mas, ao mesmo tempo, tinha a rotina com o recém-nascido. Existia o desejo, mas não existia a energia ou a ocasião.

Letícia Abraão, 28, publiciária, de São Paulo (SP)

“Perguntei quando tirariam as facas de dentro da minha vagina”

“Esperei o resguardo terminar achando que o sexo seria ótimo como sempre. Os primeiros 40 dias do bebê são tão complexos que a gente tem pouco tempo para pensar em sexo, mas quando o resguardo estava perto de terminar, começou a bater a ansiedade. Meu principal medo era deixar de ser vista como ‘mulher’ e passar a ser vista como ‘mãe’ pelo meu marido.

A primeira vez que transamos foi assustadora. Eu estava muito ressecada, a impressão era a de que eu estava na menopausa. Nada de orgasmo. Logo em seguida mandei mensagem para o meu médico perguntando: ‘quando vão tirar as facas de dentro da minha vagina?’. Ele riu e me jurou que logo passaria.

Voltei a ter orgasmos apenas na terceira vez. Foi menos intenso do que o normal, mas acho isso aconteceu porque eu ainda estava encanada com a cicatriz da cesárea e com o fato de não poder tirar o sutiã porque meu peito pingava leite.

Nesse momento, ter um ‘parceiro’ de verdade como marido fez toda a diferença. Eu me sentia linda, amada, protegida e compreendida. As ‘facas’ foram embora, eu entendi que dá para ser mãe e mulher.”

Fabiola Zagordo, 41, servidora pública, de São Paulo (SP)

 

“Era como se minha vagina tivesse atrofiado”

“Foi normal esperar, até porque a minha libido despencou. Era muito cansaço, muita privação de sono. Fizemos sexo pela primeira vez depois de uns dois meses mais ou menos desde o nascimento de Aurora. Mesmo após o sangramento, eu ainda sentia incômodo no períneo porque tive laceração e levei dois pontinhos durante o parto normal.

Não estava com muita vontade, mas estava mais curiosa para saber como seria. Sentia falta do prazer do sexo, mesmo sem estar com vontade de ter a relação, por isso resolvemos fazer a penetração.

Na primeira vez, eu senti dor. Era uma dor muscular interna bem difícil de explicar. Nunca havia sentido isso antes. Parecia atrofiado, mesmo com lubrificante. Posições que sempre foram confortáveis pareciam horríveis. Quase todas elas doíam, a única que não era a de ladinho. O fato de eu ter tido parto normal pode ter contribuído para o incômodo. A lubrificação também ficou comprometida pela questão hormonal.

Aos poucos fui descobrindo novas maneiras de fazer gostoso. Tudo acabou voltando ao normal e não sinto mais diferença do que era antes.”

Ana Sanches, 32, estilista, de São Paulo (SP)

“Fomos nos adaptando, procurando novas formas de fazer sexo”

“Por causa de toda a rotina com o recém-nascido e por não estar segura com o meu corpo, eu não estava com muita vontade de fazer sexo. Porém, mais do que da relação, eu sentia falta de estar mais próxima do meu marido. E, para conseguir ter uma relação sexual, eu queria estar com ele mais tempo, para jantar e entrar no clima.

Quando aconteceu, eu não tive muito medo de fazer penetração, mas sabia que podia sentir dor. A primeira vez que transamos eu não tive o orgasmo, porque a lubrificação estava muito diferente. Minha vagina estava completamente seca. Isso aumenta o medo de machucar. Por causa da falta de lubrificação, a penetração doía. Sentia um desconforto tanto durante a relação como depois. Era como se fosse uma cólica bem forte. Mas a gente foi se adaptando, compramos lubrificante, encontramos outras posições. Demorou umas cinco transas para eu realmente voltar a curtir a penetração e, finalmente, ter um orgasmo.”

Carolina Sanchez, 29, analista de sinistros, de São Paulo (SP)

Fonte: UOL

Mulheres de 60 a 90 anos falam sobre sexualidade, juventude e liberdade

Muitos acontecimentos transformaram a vida da mulher brasileira nos últimos 90 anos; Beatriz Custódio que o diga. Pela idade, ela viveu a conquista do direito ao voto em 1934, a chegada do anticoncepcional em 1960, a sanção da lei do divórcio em 1977, a lei Maria da Penha em 2006 e a lei do feminicídio em 2015 – isso só para citar os mais conhecidos.

Embora reconheça os avanços, ela acha que, em alguns aspectos, são um tanto exagerados. “Era tudo muito familiar, muito puro. Hoje é uma anarquia que a gente nem entende mais nada.”

Essa é a percepção dela sobre a diferença de comportamento entre as mulheres de hoje e da época em que era mais jovem. Essa “liberdade exagerada” dos dias atuais é um ponto em comum às quatro mulheres com quem o a reportagem conversou para este Dia Internacional da Mulher, a mais jovem delas com 67 anos de idade. Ao mesmo tempo, é nessa fase da vida que todas se dizem mais livres para fazer o que quiserem, quando quiserem e com quem quiserem.

Diferente do que se vê na sociedade, principalmente em redes sociais, a experiência dos anos vividos lhes presentearam com sensatez. “A gente não pode criticar, porque são momentos que você vive e você vai procurar viver do jeito que puder. Hoje, eu não tenho nem condições, mas criticar o que nas pessoas?”, emenda Beatriz no auge de seus 89 anos. Ela se considera uma mulher feliz atualmente e a justificativa é simples e saudosa: “tive uma infância saudável”.

Linda Buono também tem lá suas opiniões, mas não critica, porque acha que cada um tem de viver do jeito que quiser. “Esse negócio de mulher com mulher eu fico meio assim, mas aceito porque a vida é delas e eu não tenho nada a ver com isso. É que eu sou velha, a liberdade ficou bem aberta mesmo, não é como antigamente. Estranho, mas não sou contra, a vida é de cada um”, diz e por diversas vezes questiona se suas respostas estão certas.

Para ela, ser mulher nessa fase da vida é “excelente”. Linda só lamenta a perna direita que passou por quatro cirurgias após uma queda, a faz caminhar com dificuldade e a impede de realizar atividades fora de casa. “Sei que sou velha, mas se eu tivesse a perna boa, seria a mesma de quando eu tinha 20 anos. Mas eu me sinto muito bem com meus 84 anos.”

Esse estar bem com a idade não é só percepção delas, está comprovado na pesquisa O Brasil 60+. Para 51,1% das duas mil pessoas entrevistadas, entre homens e mulheres, ter passado dos 60 anos é viver como em qualquer outra idade. Além disso, 30,8% consideram que é nessa fase que estão mais livres para fazer o que quiserem.

“(Ser mulher nessa fase) é uma coisa maravilhosa, porque aos 76 anos você não tem mais a preocupação de ser bonita ou de estar dentro da moda. Eu gosto de estar bem comigo mesma, de estar livre para vestir o que eu gosto, de não seguir o que é ditado”, afirma Sylvette Laniado, uma mulher que, desde os 14 anos morando no Brasil, não perdeu o sotaque característico de quem é estrangeiro – do Egito, no caso dela.

Interessada por assuntos diversos, como finanças, geografia e games (ela faz aulas de programação de jogos, inclusive), Sylvette considera que o direito ao voto foi uma das maiores conquistas das mulheres. “Foi a primeira vez que a mulher não se sentiu objeto, se sentiu um ser humano completo.” Mas outra conquista moderna lhe parece mais vantajosa. “A conquista de quem criou o ‘modess’. Você já imaginou aqueles panos que tínhamos que lavar antigamente? Era horrível”, conta, entre risadas, ao falar sobre o absorvente íntimo descartável que só chegou ao Brasil na década de 1930.

De lá para cá, a liberdade das mulheres alcançou outros âmbitos e no que diz respeito a comportamento, por exemplo, está “muito liberal” hoje em dia, segundo Regina Franco Caporici, de 67 anos. “Antes era uma juventude mais sadia. Hoje eu falo: ‘gente, vocês não viveram nada do que o mundo proporcionou de coisas boas’, mas cada fase é uma fase. Vamos em frente, porque as coisas tendem a mudar mais e eu quero ver mais mudanças.”

Sexualidade após os 60 anos

Sem pudores, essas quatro mulheres falam (quase) abertamente sobre sexo e desejos em uma fase da vida na qual a sociedade vê pessoas dessexualizadas. Conforme pesquisa sobre o perfil dos 60+, sexualidade não é um tabu entre esse público, mas os participantes admitem que tiveram de se reinventar para entender a dinâmica da sociedade atual.

“Não sei se é se reinventar. A gente, como mulher, sabe até onde vai nossa sexualidade e essa coisa de ter 50, 60 anos é a mesma coisa. Quando a pessoa passar (pela fase), vai ver que é a mesma coisa”, diz Regina. “É até mais prazeroso porque você não tem aquelas preocupações que tinha de ‘ah, eu tenho que estar preparada’. A liberdade sexual é tratada, após os 60, com mais carinho, com mais suavidade.”

Sylvette concorda. “A sexualidade continua também aos 76, ela pode ser transformada. Não é mais aquele fogo dos 20, 30 [anos], aquele ímpeto, mas ela toma uma forma mais gostosa. Se você estiver vivendo com uma pessoa durante muito tempo, conhece os gostos do outro. É uma coisa que, entre as duas pessoas, não faz diferença, é importante, faz parte da vida e permanece”, diz.

Demonstrando a liberdade que diz sempre ter tido, ela questiona: “O que impede que eu tenha sexo? Por que não? A gente sente, tem a mesma vontade”. A resposta vem de Linda, um tanto envergonhada e com resquícios de privação. “Até quando meu marido funcionou, não foi tabu, foi tudo normal e bom. Agora depois de velho, vixe Maria… (risos) Mas já sou velha, não preciso mais disso”, afirma e admite que “intimidade existe” com o marido que tem mal de Alzheimer.

Beatriz, cujo marido morreu há dois anos, tende a relembrar o passado quando o assunto é liberdade sexual. Ela é exemplo de como, de fato, os tempos são outros. “Eu fui solteira, conheci meu marido, naquele tempo era vestido branco, grinalda, tudo muito certinho. Acertamos casamento, tudo, sem nada de sexo, nem falar disso falava.”

Em um ponto, todas concordam: depois dos 60 anos, importa muito mais a qualidade do sexo do que a quantidade. “Carinho, afeição e toque”, diz Sylvette. “Mais diálogo e carinho do que o sexo em si. As carícias vêm automaticamente, mas o sexo não é mais prioridade”, afirma Regina.

Feministas?

“Eu prefiro ser feminina”, declara Regina, que diz não saber até que ponto o feminismo é bom ou ruim para as mulheres. Mãe de três homens e avó de um jovem de 15 anos, ela teve o último filho aos 41 anos, com o segundo marido – de quem se separou -, e ignorou as críticas de quem a chamava de “doida” por ser mãe ‘velha’.

No trabalho, comandava uma equipe de 16 homens, sempre foi respeitada e por vezes pegava estrada em caminhão. Viúva do primeiro marido, ela teve de ir à luta para dar uma vida com mais conforto aos filhos.

Nesse quesito, apesar do relato, Sylvete não se considera feminista. “Acho que nunca fui dessas mulheres, que fui feminista, porque eu sempre trabalhei, sempre lutei e tentei conservar dentro de mim também o meu lar particular”. Conforme a conversa seguiu para o preconceito contra as mulheres, ela reconsiderou: “De certa forma, sou feminista, sim, sempre fui à luta pela liberdade, não admito o machismo”.

Beatriz não entende bem o termo, mas conta que desde jovem fazia serviços que muitos homens não faziam. Hoje, acha errado que elas ganhem menos do que eles exercendo a mesma função e considera qualquer serviço apto a uma mulher. “Se a gente consegue fazer, por que não?”

Fonte: Istoé

“Não nos podemos sentar no sofá à espera que o desejo apareça”

Para o presidente da Associação Mundial de Saúde Sexual (WAS), Pedro Nobre, é um mito dizer que “o desejo sexual vem espontaneamente”, assim como que os homens estão sempre prontos para o sexo. Essa crença de “macho” até lhes pode causar alguns problemas. E quando não há desejo? Há que criar estímulos eróticos e até fantasias sexuais e pensamentos positivos numa relação, responde. Estes são alguns dos temas abordados naquele que classifica como o “primeiro doutoramento em Portugal e único na Europa” em Sexualidade, na Universidade do Porto. E que conta com especialistas nas áreas de sexologia clínica, do género e identidades sexuais, educação sexual, medicina sexual, e saúde sexual e reprodutiva.

O também director do SexLab da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto diz que “existe uma necessidade crescente de formação avançada e especializada na área da sexualidade”. Estes doutorandos poderão depois investigar e intervir nas várias dimensões da sexualidade e “promover a saúde sexual que é uma necessidade básica de todos, mas a que tem sido dada pouca atenção”, alerta.

É um mito dizer que o homem tem sempre desejo sexual?
Tradicionalmente os homens referem ter mais desejo sexual do que as mulheres. A grande maioria dos estudos mostra isso. No entanto, estamos sempre a falar de estudos que dependem da resposta das próprias pessoas (e por isso sempre subjectivas). É verdade que os homens têm mais testosterona (hormona relacionada com o desejo) e que, segundo as teorias evolucionistas, é fácil explicar por motivos reprodutivos um maior desejo nos homens comparativamente às mulheres. Mas também é importante perceber que a diversidade é a “norma”. Ou seja, há entre os homens e entre as mulheres uma grande diversidade, e por isso há muitas mulheres com desejo sexual elevado (e maior do que muitos homens) e vice-versa. Isto cria um problema acrescido a muitos homens, uma vez que a crença de que estes devem estar sempre prontos e ter actividade sexual sempre que possível é muito central e definidora da masculinidade.

Quer dizer que este mito pode causar graves problemas no homem, no seu desempenho sexual?
Para um homem que se identifica com esta crença, será muito difícil reconhecer abertamente quando o seu desejo não é tão elevado como seria suposto, e também lidar com a “pressão” de se comparar com o mito da masculinidade/infalibilidade sexual. Por isso, também tradicionalmente existem muito mais mulheres a “queixarem-se” de baixo desejo comparativamente aos homens.

Nos dias de hoje, quem tem mais vontade? Eles ou elas, porquê?
Curiosamente e, apesar de historicamente os homens relatarem mais desejo sexual, cada vez mais vemos homens a queixarem-se de problemas de desejo e a procurarem ajuda. Os estudos mais recentes mostram uma tendência clara para este aumento, curiosamente mais visível em países ditos desenvolvidos e mais equitativos em termos de igualdade de género. O que pode significar uma menor adesão às crenças de masculinidade por parte dos homens e maior capacidade de reconhecer o baixo desejo. Outro aspecto muito importante é a discrepância do desejo nos casais. Isto tem sido estudado e significa que, muitas vezes, o mais importante não é se o desejo é alto ou baixo, mas o nível de compatibilidade no seio de um casal. Podemos ter casais em que ambos têm baixo desejo e que isso é vivenciado como não problemático e adaptativo. E depois podemos ter casos onde o problema não é o baixo nível de desejo, mas o facto de um dos membros ter muito mais desejo do que o outro e isto pode acontecer quer a homens quer a mulheres. Nestes casos, muitas vezes isto é vivido com grande angústia e o problema não é o baixo ou elevado desejo em cada um, mas sim a compatibilidade no desejo.

Quando isso acontece, o que é que os casais podem fazer?
Nestes casos, a comunicação sexual é fundamental numa relação. Reconhecer que o desejo é muito diferente é um ponto de partida e depois procurar “negociar” estratégias para que ambos possam ter satisfeitos os seus desejos é a via mais frutífera. Obviamente isto está longe de ser fácil para muitos casais, mas pensar que se resolve sem investimento, partilha e comunicação/negociação, é um mito. E as nossas crenças sobre a sexualidade, o papel tradicional do homem (como activo) e da mulher (como passiva), acabam, muitas vezes, por não ajudar.

Existem segredos para ter uma vida sexual gratificante numa relação amorosa de longa duração?
Não existem segredos nem receitas iguais para todos, uma vez que a forma como cada um vive a sexualidade é muito própria e a diversidade é a norma. Curiosamente, a questão da diversidade nos comportamentos, preferências e fantasias sexuais foi uma das principais conclusões do histórico estudo conduzido por Kinsey nos anos 40 e 50 do século XX, nos Estados Unidos da América. No entanto, há aspectos importantes que devem ser tidos em conta. Alguns estudos, sobre o que melhor prediz a satisfação sexual, sugerem que mais do que medir se o pénis tem uma erecção de cinco, dez ou 20 centímetros ou estar preocupado com o tamanho do pénis, ou com a aparência física e o desempenho sexual – e isto são preocupações de muitos homens e mulheres –, aquilo que parece determinar mais a satisfação sexual das pessoas são os pensamentos sexuais e as emoções positivas com que vivem as experiências sexuais.

Defende, então, nos seus estudos que a parte cognitiva é mais importante?
Os estudos mostram isso claramente. Se uma mulher ou homem estiver sobretudo centrado no tamanho do pénis ou das ancas, ou no que quer que seja relacionado com a imagem corporal ou desempenho, dificilmente vai ter uma experiência sexual prazerosa e satisfatória, estejam com quem estiverem. Se não estivermos atentos e focados nas pistas e estímulos eróticos e no prazer – o que pode ser através de pensamentos ou fantasias –, dificilmente teremos uma experiência sexual satisfatória.

Alguns destes dados resultam de estudos que realizam no laboratório SexLab?
Sim, e que mostram que, independentemente da idade, da condição física e da duração da relação, o mais importante para explicar a resposta sexual e mesmo o desejo sexual é a forma como a pessoa vivencia em termos de pensamentos sexuais e emoções positivas a própria experiência sexual. Portanto, se queremos ter uma vida sexual mais satisfatória, temos de criar condições para aumentar a nossa capacidade para focar a atenção em estímulos eróticos e emoções positivas no decorrer de uma relação.

Que tipo de estratégias é que os casais podem adoptar?
As estratégias podem depender de pessoa para pessoa, mas implicam criar condições para ter uma experiência sexual gratificante e prazerosa com o nosso parceiro ou parceira. E também depende, em grande medida, da forma como numa relação ambos os parceiros partilham desejos semelhantes ou estão abertos para partilhar os desejos e preferências do outro. Ou seja, a comunicação sexual e a capacidade de integrar e aceitar as preferências do parceiro também são fundamentais.

Como é que o podem fazer?
Não há nenhuma dica simples, porque aquilo que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. Mas se quiserem ter uma vida sexual prazerosa e satisfatória têm de investir, ter tempo, e motivação. Existe um mito de que o desejo é sempre espontâneo e que todos devemos ter desejo para nos envolvermos sexualmente. E muitos homens e sobretudo mulheres (muitas vezes em relações de longa duração) se queixam que o seu desejo já não é o mesmo do que quando começaram a relação. E muitos acham que isto significa o fim da relação ou é um grave problema que deve ser tratado (incluindo com medicação). No entanto, e retirando casos mais extremos onde existem problemas médicos (doenças endócrinas que diminuem o desejo), na maior parte das situações o que temos é uma diminuição do desejo espontâneo que ocorre na maior parte dos casais ao longo do tempo.

O que fazer?
A boa notícia é que mesmo quando o desejo espontâneo é baixo todos nós temos capacidade para responder e ter desejo perante situações e estímulos eróticos. A isto chamamos desejo responsivo, o que implica estar disponível e motivado para nos envolvermos sexualmente e quando a situação se proporciona termos uma resposta sexual e também desejo sexual. Mas é preciso criar condições e um contexto erótico, onde haja estímulos que nos façam ter prazer e aumentem a nossa vontade e isso tudo facilita a resposta sexual e o desejo de continuarmos a envolver-nos sexualmente.

Porque é que refere que o desejo espontâneo é um mito?
Há desejo espontâneo, sim. Mas pensar que temos de esperar pelo desejo espontâneo para ter uma vida sexual satisfatória é o início de algo que não vai correr bem. Por exemplo, quando estamos numa relação estável há dez anos e já não estamos na fase da paixão, da descoberta, onde tudo tem um carácter mais erotizado, o desejo sexual espontâneo (sobretudo pelo parceiro/a) não surge tão frequentemente. Menos ainda, quando se tem filhos, tarefas exigentes, se sai tarde do trabalho, e temos cansaço acumulado. Seja que tipo de relação for (homossexual, heterossexual ou até poliamorosa), a grande questão é que as pessoas têm de criar momentos e isso significa pensar nisso, estabelecer prioridades na agenda: um dia, uma tarde ou noite para poder estar com os parceiros para criar condições para que haja envolvimento sexual, o prazer possa surgir e o desejo também.

Defende, então, que se deve investir na vida sexual.
Imaginemos que temos um jantar romântico ou outra coisa, e depois disso sentamo-nos no sofá e o desejo não vem. Não é assim. Não nos podemos sentar no sofá à espera que o desejo apareça, porque a probabilidade é volátil. A pessoa tem de investir e isso depende de cada um e pode ser através de fantasias, de estímulos visuais ou auditivos, de uma carícia, um toque ou através de mil e um pormenores. Mas é preciso investir. Normalmente, as pessoas sabem o que o outro gosta e o que o faz sentir mais desejado. Se isso for feito, o desejo acaba por vir.

É possível ter uma relação onde a parte sexual não existe?
Sim. É mais difícil obviamente, mas há pessoas para quem a vida sexual é menos importante do que para outras. O prazer sexual é fundamental para a grande maioria das pessoas, mas há, por exemplo, pessoas que se identificam como assexuais e que preferem viver uma vida saudável e satisfatória sem vida sexual (e existem estudos que o demonstram). Quem somos nós para as rotular como patológicas?

Fonte: Público

Ministro da Saúde defende educação sexual nas escolas

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendeu, no último dia 08, a educação sexual nas escolas. “Acho que tem que fazer, não dá para não fazer”, disse à Agência Brasil. A pergunta foi feita após cerimônia de assinatura de parceria entre ministérios para prevenção da gravidez na adolescência.

Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de gravidez na adolescência no Brasil é de cerca de 56 adolescentes a cada grupo de 1 mil. Número maior que a taxa internacional, que é de cerca de 49 a cada 1 mil. Segundo a pasta, embora esse número esteja alto, houve, entre 2010 e 2017, redução de 13% de bebês de mães adolescentes. Meninas negras representam a maior proporção entre essas mães: 19,7% pardas e 15,3% pretas, seguindo a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o ministro da Saúde, a educação tem um papel importante na redução desses indicadores. Ele disse que a gravidez está relacionada ao abandono escolar, que, por sua vez, leva a um aumento da mortalidade infantil. “A evasão escolar é problema para a saúde pública”, disse.

Saúde na Escola

Também presente na cerimônia, o ministro da Educação, Ricardo Vélez, disse que o programa Saúde na Escola poderá ser atualizado. “No contexto do Ministério da Educação, temos as pautas de formação, de educação de nossos adolescentes, [que] serão mantidas. No entanto, no contexto desse acordo, veremos o que será necessário atualizar. No momento ficam as pautas conforme estão estabelecidas e, em diálogo, sobretudo, com as famílias”.

Vélez acrescentou que serão levados em consideração “novas demandas da sociedade e novos conhecimentos científicos que sempre estão aparecendo”.

O Programa Saúde na Escola foi instituído em 2007 com o objetivo de levar às escolas públicas ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, para enfrentar vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens. Entre as ações do programa estão a promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva, em conformidade com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde.

Parceria

No dia 08, os Ministérios da Saúde, da Mulher, Família e Direitos Humanos, da Educação e da Cidadania assinaram parceria para traçar ações conjuntas até 2022 para reduzir a gravidez precoce.

Dentre os objetivos estão promover apoio profissional qualificado em prevenção à gravidez na adolescência, ampliar e qualificar o acesso da população adolescente aos serviços de atenção básica, fomentar ações educativas voltadas para adolescentes, famílias, sociedade civil e toda a comunidade. Além disso, estão entre os objetivos disseminar informações sobre o cenário brasileiro de gravidez na adolescência e avaliações que gerem evidências de melhores práticas para subsidiar o aperfeiçoamento das ações públicas sobre o tema.

A carta de compromisso foi assinada no âmbito da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, estipulada do dia 1º de fevereiro até esta sexta-feira. A semana foi instituída pela Lei 13.798/2019, uma das primeiras sancionadas pelo presidente Jair Bolsonaro.

Fonte: Exame

Sexualidade é assunto para ser conversado desde a infância, garante psicólogo

Por Rita Lisauskas

Nos últimos anos, poucos assuntos ‘apanharam’ tanto nas redes sociais e nos grupos de Whats App quanto a educação sexual nas escolas. Mês passado, recebi pelo celular uma reportagem sobre o afastamento de uma professora que ensinou aos seus alunos adolescentes sobre o uso de preservativos masculinos e femininos. A matéria, compartilhada à exaustão, trazia o seguinte comentário: “os bons costumes da família brasileira estão sendo denegridos pelos educadores!”.

Falar sobre sexualidade em sala de aula é recomendação dos parâmetros curriculares de ciências do Ministério da Educação, o MEC, além de fazer parte da orientação técnica internacional sobre Educação em Sexualidade da UNESCO, que aponta que a educação sexual nas escolas deve servir para que os jovens façam “escolhas saudáveis e respeitáveis sobre relacionamentos, sexo e reprodução”. Mas o Brasil parece estar na contramão desse entendimento. Mês passado o presidente eleito, Jair Bolsonaro, declarou publicamente ser contra a abordagem dessa questão pelas instituições de ensino. “Quem ensina sexo para a criança é o papai e a mamãe. Escola é lugar de aprender física, matemática, química. Fazer com que no futuro tenhamos um bom empregado, um bom patrão e um bom liberal”, afirmou.

Mas quem estuda o assunto garante que a escola tem sim papel fundamental nessa discussão. O mestre em psicologia do desenvolvimento pela Universidade Federal da Bahia, Anderson Chalhub, afirma que criança tem o direito a espaços de conversa sobre sexualidade dentro de casa e também nas escolas. Chalhub também ressalta o papel fundamental das instituições de ensino em um mundo onde a maioria dos casos de pedofilia acontece dentro de casa. “Muitas vezes a violência sexual acontece quando a criança não tem um espaço de conversa sobre isso, não é ensinada que o corpo é dela, então não tem a mínima noção da violência sexual. Ela acha que está recebendo um cuidado quando está sendo, na verdade, violentada”, explica.

Blog: Como é que você esse movimento de deixar de falar sobre sexualidade nas escolas?

Anderson: Falar sobre sexualidade e desenvolvimento infantil e dos adolescentes é uma necessidade, porque a criança já nasce em um corpo que sente prazer. E aí é bom a gente fazer uma distinção entre sexo e sexualidade, porque o sexo traz o erótico, a erotização do corpo de uma pessoa com o de outra pessoa, algo que acontece muito na adolescência e na idade adulta, mas na infância a gente fala de um corpo sexualizado, um corpo que é erógeno, que sente prazer. Eu considero que se você orienta esse prazer com psico-educação, em um ambiente que possa propiciar uma conversa sobre a sexualidade, inclusive com as crianças, assim elas ficam situadas no que podem fazer quando esse corpo começa a se erotizar. Sexualidade é do humano e isso não depende da idade. E se ela faz parte do ser humano, por que não falar sobre a sexualidade desde a infância?

Blog: E como puxar essa conversa?

Anderson: Hoje a gente tem uma literatura muito bacana para crianças, que fala não só de como as crianças são concebidas, algo que ainda é um tabu, que muitas vezes passa por uma dificuldade do adulto, que prefere fantasiar sem trazer verdade a essa criança durante essa conversa. Geralmente conta-se que a criança foi trazida por uma cegonha ou que foi gerada de uma sementinha que o pai planta na mãe. Eu considero que a partir de uma determinada idade, por volta de 5 anos, já é possível falar de sexualidade com as crianças e isso a ajuda a se situar no mundo. Mas quando a gente trata isso como um tabu e enche de moralidade esse momento de descoberta, ela vai castrando esse corpo, impedindo esse corpo de sentir. Se não houver um espaço para se conversar sobre isso, debater sobre isso, ela pode deixar de sentir esse corpo no mundo. Essa é uma necessidade muito grande não só nas escolas, mas inicialmente as famílias precisam falar mais sobre isso.

Blog: Como a gente abordaria esse assunto com as crianças a partir dos 5 anos?

Anderson: Existem histórias que podem ser contadas às crianças com a ajuda de livros infantis (veja no final dessa matéria uma lista de livros indicados pelo psicólogo). Essa é uma ideia bacana, contar uma historinha e depois bater um papo sobre o que a criança sentiu, como ela percebeu aquilo, como ela ouviu a história, abrindo-se assim um espaço de conversação nessa família. A gente tem que parar de pensar que uma criança de 5 anos não tem compreensão sobre as coisas, ainda mais essa geração que está aí, que nessa idade já chega com uma série de “por quês”, tem questionamentos sobre o que acontece no mundo, o que acontece com ela e com os outros. E se a gente fica fantasiando para a criança, a gente a empurra para um lugar além da realidade. Não que a fantasia não seja algo importante, não é isso, mas a gente não pode confundir fantasia com mentira, entende?

Blog: Se essas histórias não contam a história da cegonha e da ‘sementinha’, como abordam o assunto?

Anderson: Elas explicam para a criança como é um corpo infantil e um corpo adulto, as diferenças anatômicas entre um e outro, a diferença entre os sexos, o que o menino tem, o que a menina tem, o que o menino sente, o que a menina sente. Por que não falar disso? Isso não erotiza a criança. O que erotiza a criança é o pudor do adulto. A criança tem a possibilidade de perguntar se ela tiver um espaço para ouvir e falar sobre isso. Na minha infância eu aprendi que tinha nascido graças a uma ‘sementinha’ e isso para mim, durante um tempo, foi algo muito complicado, porque eu ficava procurando em mim uma semente, igual a das plantas, sem ter noção de como surgiu uma pessoa dali. A gente pode contar para as crianças que elas nasceram a partir da junção de duas células, de uma forma lúdica, porém real.

Blog: Quais são os ganhos de falar sobre sexualidade com as crianças?

Anderson: Nesse processo ela começa a ter noção dos limites do seu corpo no contato com outras pessoas, com estranhos. Ela precisa ser ensinada que o corpo é uma propriedade dela e que pessoas estranhas não podem tocá-la. É importante que a família dê segurança para a criança na exploração desse corpo para que ela saiba quem pode tocá-lo. Se a criança ou o adolescente não conhece seu próprio corpo, se não há uma conversa sobre ele, qualquer pessoa pode se apropriar desse corpo. Muitas vezes a violência sexual acontece quando criança não tem um espaço de conversa sobre isso, não entende que o corpo é dela, então a criança não tem a mínima noção da violência sexual, achando que está recebendo um cuidado quando está sendo, na verdade, violentada.

Blog: Em um contexto que a gente sabe que a maioria dos casos de pedofilia acontece dentro da família (segundo o Ministério da Saúde, a maioria dos casos de violência sexual é cometida por parentes da criança e do adolescente ), qual a importância, na sua opinião, da escola também falar sobre sexualidade?

Anderson: A escola é o primeiro centro de diagnóstico dos problemas que podem acontecer no desenvolvimento da criança. Não só os sexuais, mas também de maus tratos e violência. Eu acho importante que a escola seja um centro de proteção mesmo. Inclusive em termos de prevenção. E é importante, cada vez mais, entender a família na escola, para que a instituição seja mais hábil e tenha mais competências de identificar os casos de violência que ocorrem na família e de encontrar alguém confiável, que se una à escola, para salvar essa criança. Isso é uma necessidade. Por isso precisa haver espaço para se falar disso na escola. Agora, precisa haver uma formação desses atores sociais, algo que eu acho que ainda é bastante deficitário no Brasil. Os professores não sabem o que fazer com a sexualidade das crianças, parece que entram em pânico extremo quando a criança mostra que o corpo dela já sente prazer. Se não há um corpo docente para conscientizar e abrir um espaço de debate com as famílias sobre isso, se não for feita uma parceria, a escola constrói algo que a família na sequência destrói. O caminho não é jogar a peteca de um para o outro, tem que haver um processo de continuidade, para que a criança se sinta segura nos dois ambientes.

Blog: Quais outras questões desse contexto deveriam ser discutidas pelas escolas, nas sua opinião?

Anderson: Uma das maiores formas de perpetrar violência a uma criança é não dar escolha a ela. Por que se contar apenas histórias em que o final feliz, por exemplo, é entre um príncipe e uma princesa que foram felizes para sempre? Por que não apresentar outras possibilidades como a de um final feliz entre um príncipe e outro príncipe? Uma princesa com outra princesa? Quando se dá uma possibilidade só para uma criança você está imprimindo violência. Porque ela entende que só existe um caminho na vida. A gente precisa mostrar que existem outros tipos de família que pode ser diferente do que a que ela tem em casa, por exemplo. Existem famílias homoparentais, com dois pais ou duas mães, monoparentais, com apenas a mãe ou o pai e por aí vai.

Blog: Esse tipo de discussão ajuda a combater o preconceito?

Anderson: Sem dúvida. Precisamos ter debates e espaços para isso. Por que existem tantos casos de bullying nas escolas, em todas as escolas? Por que hoje temos casos com mais violência? Porque não existe discussão sobre tolerância e respeito às diferenças.

Blog: A gente discutiu até agora sobre o caminho ideal a ser trilhado quando o assunto é discutir sexualidade com crianças e adolescentes. Mas estamos caminhando para o oposto disso, de se tirar as discussões sobre sexualidade de dentro das escolas. Qual seria o impacto disso, no seu ponto de vista?

Anderson: Eu estou desesperançoso, muito triste e muito preocupado com o que está por vir. A gente pode dar um passo para trás em tudo o que se conquistou como direito ao longo de tantos anos como democracia. Educação e saúde andam juntas, estão no mesmo patamar e se conectam profundamente. Eu acredito que os espaços de resistência, formados por famílias conscientes, escolas politizadas, podem ser um contra-modelo do que vai se apresentar daqui para diante. As crianças têm direito a um espaço de discussão. Se o tabu sobre conversas sobre sexualidade for sendo incentivado, automaticamente vão aumentar os índices de doenças sexualmente transmissíveis, o uso de camisinha e de anti-contraceptivos cairá. Só existe processo de conscientização se ele for feito através da educação. Se não puder existir um espaço de debate, se não se puder falar sobre isso, estamos falando de opressão, de violência e, automaticamente, as pessoas começarão a adoecer.

Lista de livros sugeridos pelo mestre em psicologia Anderson Chalhub:

Sexo não é bicho-papão, de Marcos Ribeiro
Mamãe, como eu nasci, de Marcos Ribeiro
De onde viemos?, de Peter Mayle Artur Robins
Mamãe botou um ovo!, de Babette Cole
Como eu fui feito?, de Yvette Lodge

Fonte: Estadão