Metade dos cânceres já tem cura. Vamos para a outra metade?

Por Javier Sampedro

Recordamos com frequência que o câncer não é mais uma condenação à morte, que a metade dos cânceres tem cura. Mas a pergunta óbvia que é preciso fazer então é: do que precisamos para curar a outra metade? Todos os oncologistas concordam em que não vai haver uma penicilina do doutor Fleming que vá resolvê-los de uma penada: é preciso ir ganhando terreno da doença passo a passo, e caso a caso. A melhor forma de definir o caminho, como sempre na ciência, são os dados. E os dados dizem que no mundo há ampla margem para a melhora agora mesmo, sem esperar que novos fármacos e técnicas biotecnológicas venham em nosso socorro.

Existem estratégias de ação muito concretas para cada tipo de câncer. Por exemplo, os exames de sangue nas fezes, muito valiosos para a detecção precoce do câncer de cólon, somente são garantidos para toda a população em risco alguns lugares, o que explica em parte que 60% da população de risco esteja fora de cobertura, e que outros países nos superem na sobrevivência a esse câncer. A outra parte se explica pela recusa ignorante e supersticiosa das pessoas em fazer os exames.

Todos os especialistas concordam em que os maiores recursos deveriam se concentrar em grandes hospitais de referência, em lugar de serem distribuídos por todas as partes com resultados desiguais e ineficazes. Também é necessário garantir que os mesmos fármacos estejam disponíveis para toda a população. Um oncologista pediátrico que só examina poucos casos por ano não pode atuar tão bem como outro que examina cem. É senso comum, mas a gestão descentralizada da saúde está matando crianças, para expressar isso com a brutalidade que tal situação lamentável requer.

E há outro ponto essencial sobre o qual devemos estrilar e martelar com insistência. Cortar recursos de pesquisa é uma política errada e, no caso da pesquisa oncológica, mata gente ou matará no futuro. Esta semana ficamos conhecendo também uma pesquisa básica espanhola, ainda em ratos, que promete combater o câncer de mama mais agressivo. Os cidadãos querem que esse tipo de estudo chegue logo aos ensaios clínicos e que sejam feitos muito mais trabalhos desse tipo. Ao que parece, porém, nossos governantes não estão de acordo conosco. Que pena, não acham?

Fonte: El País

“Evitaremos a quimioterapia em 70% das mulheres com o câncer de mama mais comum”

Joan Albanell (Barcelona, 1964) é uma pessoa contida, mas pode-se vislumbrar certo orgulho quando pega o computador para mostrar uma apresentação escrita em 1992. Nela é mencionada a necessidade de separar os pacientes de câncer de mama que deveriam receber quimioterapia para evitar recaídas daqueles que poderiam ser poupados desse tratamento e seus efeitos secundários sem risco para sua vida. Na época, quando ainda se preparava para ser oncologista, já definia a necessidade de um teste validado em ensaios clínicos, simples de ser feito e acessível para que chegasse à maioria dos pacientes.

Quase três décadas depois, Albanell, que agora é chefe do Serviço de Oncologia Médica do Hospital del Mar, em Barcelona, acaba de sair de uma das sessões plenárias da reunião anual da Associação Americana de Oncologia (ASCO), realizada em Chicago, em que foram apresentados os resultados da TAILORx. Este amplo estudo, financiado pelo Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, mostra que, aplicando o teste molecular Oncotype DX é possível livrar da quimioterapia e seus efeitos secundários 70% das mulheres que sofrem de câncer de mama de melhor prognóstico (hormonodependente, sem extensão aos gânglios das axilas e negativo à proteína HER-2). “Aproximadamente a metade das mulheres diagnosticadas na Espanha tem essas características”, afirma o médico.

Esse tipo de teste para evitar tratamentos tão duros como a quimioterapia a milhares de mulheres já era aplicado na Espanha. Albanell, que também é coordenador do comitê científico do GEICAM (Grupo Espanhol de Câncer de Mama), conta que “em 2011 começou a ser considerado que a plataforma Oncotype DX, que já era utilizada nos EUA, pudesse ser trazida à Europa”. “No GEICAM fizemos um estudo pioneiro na Europa no qual aplicamos a plataforma Oncotype a 107 pacientes”, continua Albanell, que liderou esse trabalho.

“Antes de aplicá-la, nós nos perguntávamos se pelas características convencionais prescreveríamos quimioterapia a uma mulher específica. Depois aplicávamos o teste e víamos se alterávamos ou não a decisão. E a modificamos em 32% das mulheres. Este estudo depois foi reproduzido em outros países da Europa, e na Espanha foi útil porque nos ajudou a convencer a nós mesmos e à administração para que fosse iniciada a aplicação do teste Oncotype”, explica. “A Espanha foi um país pioneiro na aplicação desse teste, mas não foi uma aplicação universal e agora acredito que com os dados de um estudo clínico tão robusto, com o nível máximo de provas, temos que buscar a maneira de tornar mais generalizada a incorporação dessas plataformas”, conclui.

Pergunta. O que nos dizem os resultados desse estudo sobre o tratamento do câncer de mama?

Resposta. Até alguns anos atrás, sabíamos que nas mulheres com esses tipos de tumores mais comuns adicionar uma terapia hormonal depois da cirurgia reduzia o risco de recaída e metástase, e também sabíamos que adicionar quimioterapia reduzia um pouco mais esse risco, mas não sabíamos como selecionar as pacientes às quais prescreveríamos ou não a quimioterapia, quais delas realmente se beneficiariam. Todas recebiam terapia hormonal, porque havia um benefício bem consolidado, mas a quimioterapia era analisada com a paciente. Dependia de uma série de características clínicas e moleculares tradicionais, mas estávamos um pouco na escuridão. Em geral a tendência era de tratar em excesso as pacientes.

Há alguns anos vêm sendo desenvolvidas plataformas genômicas com as quais se coleta um pedaço do tumor, analisa-se a expressão de um número de genes [no caso da Oncotype são 21] e com essa informação temos uma melhor visão do prognóstico das pacientes e em alguns casos de ajudar a prever quais pacientes podem se beneficiar com o acréscimo de quimioterapia. Este estudo foi projetado em 2003 e dele participaram 6.000 mulheres que foram divididas em terapia hormonal apenas e terapia hormonal mais quimioterapia. O objetivo era ver se omitir a quimioterapia, e dar somente a terapia hormonal, não era inferior, e os resultados demonstram de modo conclusivo que omitir a quimioterapia não é inferior.

P. Esses testes estão disponíveis em todos os hospitais da Espanha ou somente nos mais inovadores?

R. É algo que não está em todas as partes, mas não se restringe a algumas unidades. Muitas pacientes o recebem. Teríamos que avaliar como ampliar os critérios para ver quem o recebe e torná-lo acessível a um maior número de pacientes. Mas é preciso lembrar que no país a sensibilidade a este tema foi alta.

P. A limitação é uma questão econômica [o preço de custo na Espanha é de 2.700 euros, cerca de 12.200 reais], de conhecimento sobre como usar o teste…?

R. Temos de estar convencidos de que com esses dados todos nós teremos de trabalhar para facilitar seu acesso. Evidentemente, há um preço que é preciso assumir. Agora, com estes dados eu acredito que haverá um trabalho conjunto com hospitais e as administrações para ver se podemos expandir sua aplicação.

P. O benefício econômico de muitas pacientes deixarem de fazer a quimioterapia compensaria o custo do teste?

R. O fato de se evitar a quimioterapia, que segundo estes estudos poderíamos suprimir em 70% das mulheres, significa que esses custos são eliminados, mas também os dos profissionais, médicos, enfermeiros, do setor administrativo, que não têm que dedicar tempo a dar a quimioterapia ou tratar os efeitos secundários e as complicações. Em conjunto há uma justificação clínica muito importante e são evitados os custos associados à quimioterapia e suas complicações. Também creio que será preciso buscar fórmulas para tornar o teste acessível.

P. O câncer de mama tem taxas de sobrevivência mais elevadas que outros tumores. A que se deve esse êxito?

Há alguns anos vêm sendo desenvolvidas plataformas genômicas com as quais se coleta um pedaço do tumor, analisa-se a expressão de um número de genes [no caso da Oncotype são 21] e com essa informação temos uma melhor visão do prognóstico das pacientes e em alguns casos de ajudar a prever quais pacientes podem se beneficiar com o acréscimo de quimioterapia. Este estudo foi projetado em 2003 e dele participaram 6.000 mulheres que foram divididas em terapia hormonal apenas e terapia hormonal mais quimioterapia. O objetivo era ver se omitir a quimioterapia, e dar somente a terapia hormonal, não era inferior, e os resultados demonstram de modo conclusivo que omitir a quimioterapia não é inferior.

P. Esses testes estão disponíveis em todos os hospitais da Espanha ou somente nos mais inovadores?

R. É algo que não está em todas as partes, mas não se restringe a algumas unidades. Muitas pacientes o recebem. Teríamos que avaliar como ampliar os critérios para ver quem o recebe e torná-lo acessível a um maior número de pacientes. Mas é preciso lembrar que no país a sensibilidade a este tema foi alta.

P. A limitação é uma questão econômica [o preço de custo na Espanha é de 2.700 euros, cerca de 12.200 reais], de conhecimento sobre como usar o teste…?

R. Temos de estar convencidos de que com esses dados todos nós teremos de trabalhar para facilitar seu acesso. Evidentemente, há um preço que é preciso assumir. Agora, com estes dados eu acredito que haverá um trabalho conjunto com hospitais e as administrações para ver se podemos expandir sua aplicação.

P. O benefício econômico de muitas pacientes deixarem de fazer a quimioterapia compensaria o custo do teste?

R. O fato de se evitar a quimioterapia, que segundo estes estudos poderíamos suprimir em 70% das mulheres, significa que esses custos são eliminados, mas também os dos profissionais, médicos, enfermeiros, do setor administrativo, que não têm que dedicar tempo a dar a quimioterapia ou tratar os efeitos secundários e as complicações. Em conjunto há uma justificação clínica muito importante e são evitados os custos associados à quimioterapia e suas complicações. Também creio que será preciso buscar fórmulas para tornar o teste acessível.

P. O câncer de mama tem taxas de sobrevivência mais elevadas que outros tumores. A que se deve esse êxito?

R. Hoje em dia o câncer de mama é diagnosticado na maioria das pacientes em fase precoce, muitas nos programas nacionais de triagem pela mamografia, e isto faz com que muitos pacientes sejam diagnosticados em fases iniciais. Isso ajuda a curar mais. E também nos últimos anos houve melhoria na quimioterapia, na terapia hormonal e em alguns subtipos de terapia molecular contra um subtipo como o HER-2. Todos esses tratamentos acabaram por consolidar o benefício ao reduzir o risco de recaídas e, portanto, aumentar a taxa de cura. Agora estamos com taxas de cura muito altas em câncer de mama detectado em fase precoce, e em fases avançadas também temos cada vez mais opções.

Acredito que no âmbito da oncologia há tratamentos de outros tumores que estão experimentando avanços muito notáveis, como o do melanoma ou do câncer de pulmão. Em câncer de pulmão, para o qual há oito ou dez anos só se dispunha da quimioterapia, agora se conta com muitas terapias moleculares direcionadas para mutações e a imunoterapia está em franco desenvolvimento e em uso clínico rotineiro. Por sua vez, no câncer de mama a imunoterapia está atrasada. Acho que o tratamento de cada tumor tem seus avanços e vejo um avanço geral.

P. Além das inovações tecnológicas, é dada atenção à parte psicológica do paciente que tem câncer?

R. A maioria dos serviços de oncologia incorpora de uma maneira ou outra os psico-oncologistas, que ajudam a enfrentar o impacto emocional do diagnóstico de câncer e a administrar essas situações tão complexas. Acredito que esta área vai ter uma importância cada vez maior. Não só dar tratamento correto, com o diagnóstico correto e o texto molecular específico, mas ter uma visão integral do ponto de vista psicológico, conseguir que se enfrente da melhor maneira possível.

P. Alguns fármacos inovadores conseguem índices de sobrevivência de anos para pessoas que antes tinham uma esperança de meses. Isto, em fármacos que podem custar várias dezenas de milhares de euros por ano, pode representar também um problema para o sistema. Os hospitais já estão enfrentando limitações por causa dos custos?

R. Acho que a experiência da maioria de nós é que os tratamentos que são realmente eficazes, em doença avançada, como a imunoterapia em câncer de pulmão, são fornecidos. Em pulmão, melanoma e outros tumores a imunoterapia conseguiu que um porcentual maior de pacientes com metástase esteja vivo depois de cinco anos. Quando há essas perspectivas de melhorar as expectativas no longo prazo, os medicamentos são dados. Também na doença inicial, quando dar um tratamento desses depois da cirurgia pode significar evitar uma recaída. É verdade que cada vez há mais medicamentos e mais indicações e que é preciso trabalhar o sistema de outro ponto de vista.

Já há fórmulas muito criativas para que o custo não seja o que é nos EUA porque seria impraticável na Espanha. Na Espanha há modelos, como os tetos de gasto, que consistem em que sejam dados medicamentos e quando se alcança uma quantidade, no restante do ano não é cobrado. Ou há acordos de risco compartilhado em que o laboratório recebe uma quantidade pelo fármaco em função de ter o efeito esperado.

Estão aparecendo também muitos fármacos com a mesma indicação. Isso está provocando concorrência entre empresa, o que ajuda a reduzir os preços. Como estão surgindo tantas coisas e sempre parece que o sistema não vai aguentar, será preciso haver uma mudança global de mentalidade por parte de todos. Mas acredito que na inovação farmacológica em oncologia o novo fármaco que aparece agora é mais barato do que se tivesse aparecido há cinco anos, porque já sabem que de outro modo o sistema não aguentará.

P. Nesse sentido, como podem contribuir os biossimilares [fármacos com efeitos similares a muitos dos medicamentos biológicos empregados para tratamento do câncer, mas mais baratos porque a patente expirou]?

R. Os biossimilares vão ser uma das causas de poder ajudar a sustentabilidade do sistema. Quando o biossimilar for introduzido vai baixar o custo do original. Os laboratórios que têm o fármaco de referência vão fazer um ajuste de preços e, no final, tanto com o original como com o biossimilar haverá uma economia para o sistema. Desde que quando forem aprovados no país, nós, clínicos, pudermos contribuir com nossa visão, porque no final somos os responsáveis sobre qual a situação em que podemos dar um biossimilar com tranquilidade para nós e os pacientes, vai ser algo que será benéfico para a sustentabilidade.

Fonte: El País

Câncer de mama: o impacto da dieta com pouca gordura no risco de morte

Pesquisadores americanos descobriram que uma dieta com menor ingestão de gorduras pode reduzir o risco de morte por câncer de mama. O estudo, publicado no JAMA Oncology, apontou que mulheres que ingerem mais frutas, legumes e grãos integrais e diminuem em 20% o nível de gorduras diária conseguem reduzir o risco de morte por câncer de mama em até 22%.

Enquanto pesquisas anteriores analisaram os efeitos da dieta pré-diagnóstico, o novo estudo foi capaz de analisar como ela impacta no câncer depois do diagnóstico. “O que vemos é um efeito notável. Mostramos que, aparentemente, a intervenção dietética após o diagnóstico de câncer de mama foi mais importante do que a intervenção dietética realizadas antes”, disse Rowan Chlebowski, um dos autores do estudo, a revista Time.

Os resultados da pesquisa indicam que o tratamento do câncer deve incluir dietas como parte do programa terapêutico para aumentar as chances de sobrevivência dos pacientes.

A melhor dieta para o câncer

A equipe do Centro Médico Nacional da Cidade da Esperança, nos Estados Unidos, analisou dados de mais de 48.000 mulheres diagnosticadas com câncer. As informações foram coletadas através da Iniciativa de Saúde da Mulher, que trabalha com quarenta centros americanos para realizar estudos a nível nacional.

Para observarem os efeitos da dieta em mulheres com câncer, os cientistas criaram dois grupos. No primeiro, houve indicação de dieta com redução de 20% do consumo diário de gordura e maior ingestão de frutas, legumes e grãos integrais. No segundo, elas não receberam instruções, mas foram educadas sobre boa nutrição e dietas saudáveis. Durante 8,5 anos seguintes, os pesquisadores acompanharam a dieta e rastrearam o número de cânceres diagnosticados e as causas de morte das mulheres envolvidas no estudo ao longo desse período.

A equipe descobriu que entre as mulheres diagnosticadas com câncer de mama, as do grupo de dieta com baixo teor de gordura diminuíram o risco de morte pela doença em 22%, em comparação com as mulheres no grupo de dieta regular. O grupo também apresentou redução de 24% o risco de morte por outros tipos de câncer e 38% menos risco de óbito por doença cardíaca.

Outra evidência importante da pesquisa indica que as mulheres que mantiveram a dieta por períodos mais longos apresentaram chances maiores de sobreviver ao câncer de mama; esta tendência foi apoiada pelo fato de que o benefício pareceu diminuir com o término do estudo.

Dieta como tratamento do câncer

Segundo Chlebowski, considerando o número de pessoas envolvidas no estudo, a inclusão de dietas como parte dos programas de tratamento de doenças deve ganhar apoio. O pesquisador ainda mencionou que outras pesquisas – especialmente as que observam os microrganismos vivendo dentro do corpo e como eles são afetados pelo que comemos – apoiam a possibilidade de que os alimentos afetam a biologia, assim como a vulnerabilidade e a resposta às doenças.

Por enquanto, a equipe de pesquisa continua investigando os processos que ligam a dieta a uma melhor sobrevida do câncer para encontrar a melhor forma de transformá-la em tratamentos que aumentem as chances de sobrevivência a doenças como câncer.

Fonte: Veja

Falta apoio a mulheres com câncer no local de trabalho, aponta estudo

Pesquisa divulgada em maio aponta que falta suporte no ambiente de trabalho para as mulheres com câncer de mama. Segundo o levantamento, 78% das pacientes relataram que, após receberem o diagnóstico da doença, faltou apoio da empresa onde trabalham. Quase metade das mulheres entrevistadas (49%) disse que precisou abandonar o trabalho após o diagnóstico de câncer. Essa porcentagem sobe e atinge 58% na faixa etária entre os 36 anos e 45 anos.

A pesquisa Câncer de Mama Metastático: a voz das pacientes e da família, foi realizada pelo Instituto Provokers em nove capitais do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém, Curitiba e Porto Alegre. Foram ouvidos 170 pacientes e 240 familiares. De acordo com as participantes, quando existe algum tipo de suporte na empresa onde trabalham, na maioria das vezes está relacionado a uma flexibilização de horário ou permissão para se ausentar quando necessário.

Quando questionadas sobre a atividade que faziam antes de receberem o diagnóstico e que mais sentem falta, 48% mencionou justamente o trabalho. Nenhuma das entrevistadas citou a existência de qualquer tipo de suporte específico para o tratamento oncológico em seus empregos.

As pacientes apontaram ainda dificuldades para manter a renda familiar que tinham antes do diagnóstico. Segundo a pesquisa, as dificuldades para manter a rotina de trabalho e os gastos associados ao tratamento reduzem em 38% a renda das pacientes usuárias do sistema público e em 15% para aquelas que se tratam por meio da rede privada. Como consequência disso, mais de um terço das mulheres ouvidas (36%) pela pesquisa afirma que usa suas próprias economias para custear o tratamento.

Família

A pesquisa mostra também que a percepção de sofrimento diante do diagnóstico de câncer de mama é maior entre os familiares do que pela própria paciente. Segundo o estudo, 88% dos familiares dizem que experimentaram muito sofrimento ao receber o diagnóstico de tumor em alguém da família, enquanto isso ocorreu com 72% das pacientes.

Mesmo fragilizada, a família ainda é a maior fonte de apoio para as pacientes. Para quase um terço das entrevistadas (29%), o companheiro é a principal fonte de apoio, seguida pelos filhos (28%), irmãos (14%), amigos (4%) e ex-marido (1%).

“Quando a família se vê diante de uma doença como essa, é claro que todas as atenções se voltam para a paciente. Mas é preciso olhar com mais atenção para o familiar, para essas pessoas que, embora profundamente abaladas com a descoberta de uma doença tão grave em alguém que amam, tentam se manter firmes para fornecer o apoio que esperam delas naquele momento”, explica Paula Kioroglo, psicóloga do Hospital Sírio-Libanês e psico-oncologista pela Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia.

Para 71%, a família ficou mais unida após a descoberta da doença, visão que é compartilhada por 75% dos familiares.

“Muitos questionamentos passam pela cabeça da mulher que recebe um diagnóstico de câncer de mama avançado. Como contar para os filhos? Será que o companheiro estará ao lado dela durante todo o tratamento? E o trabalho, será necessário abandonar a profissão? Todas essas dúvidas reforçam a importância do apoio e do acolhimento a essa paciente, de modo que ela se sinta fortalecida para atravessar esse momento da melhor forma possível”, disse Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia.

Para 91% das entrevistadas, o diagnóstico da doença trouxe também mudanças negativas como o abandono do trabalho e as dificuldades para cuidar da casa e de realizar afazeres domésticos. Pouco mais da metade dos familiares entrevistados (51%) disse que foi preciso realizar uma adaptação nos horários para auxiliar no tratamento. Metade disse ainda que precisou abandonar atividades como viajar com a família (50%) e sair aos finais de semana (45%) durante a fase de tratamento.

Fonte: Gazeta Online

 

Tire todas as suas dúvidas sobre o câncer de mama

Quais são as causas do câncer de mama? As causas ainda são, em parte, desconhecidas. Todo câncer de mama é decorrente de uma mutação genética. Essa mutação não é necessariamente herdada, podendo ser adquirida ao longo da vida. A alteração genética faz com que a célula ganhe potencial de se multiplicar indiscriminadamente e impede os mecanismos de controle para que isso aconteça

Ainda sobre as causas do câncer de mama, outro fator importante é a influência hormonal. Boa parte dos tumores de mama têm seu crescimento acelerado por influência dos próprios hormônios produzidos pelo ovário, o que pode ser detectado com um exame minucioso do tumor em questão. Um terceiro fator, e não menos importante, são os hábitos de vida. Sabemos que estresse, sedentarismo, obesidade e tabagismo são fatores que podem contribuir para o crescimento de um tumor mamário,

Qual a idade de maior risco de desenvolvimento do câncer de mama? O câncer de mama é raro antes dos 35 anos. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a incidência aumenta com a idade, especialmente após os 50 anos.

Esse tipo de câncer está relacionado aos hormônios femininos? Alguns subtipos de tumores mamários têm seu crescimento estimulado por hormônios. Outros não. Atualmente, junto com a biópsia, é feito uma análise mais detalhada denominada estudo imuno-histoquímico. Com isto, identificam-se fatores que podem influenciar o crescimento do câncer, podendo assim escolher o melhor tratamento.

Mulheres que fizeram tratamentos para engravidar têm mais chance de ter câncer de mama? Não existem relatos na literatura médica de aumento de incidência de câncer de mama em mulheres que fizeram tratamento para infertilidade.

O autoexame é realmente eficaz ou o câncer só se torna palpável quando está grande demais? O autoexame é eficaz. É verdade que o tumor só se torna palpável quando for maior que 1 cm. Mesmo assim, principalmente no SUS, onde as consultas são espaçadas, uma detecção precoce de um nódulo pode significar uma maior taxa de sucesso no tratamento. E não só de nódulos. Depressões, abaulamentos e secreção saindo pelo mamilo também podem ser identificados.

Como é o tratamento do câncer de mama? O tratamento do câncer de mama engloba diferentes modalidades de ação. Há a cirurgia, que pode ser desde um procedimento radical, como a mastectomia clássica, a procedimentos mais conservadores, como a adenectomia (quando se tira a glândula, preservando a pele e o mamilo) e a quadrantectomia (retirada de um setor da mama).

Outra frente do tratamento do câncer de mama é a quimioterapia, que pode ser realizada antes ou depois da cirurgia. Dependendo do tipo de medicamento que será utilizado e a frequência das aplicações, pode durar de 4 a 6 meses em média. Há tratamentos específicos para determinados tipos de câncer de mama que podem estender o tempo de tratamento endovenoso por mais 1 ano, utilizando outro tipo de medicamento.

Como tratamento, ainda existe a radioterapia, que pode ser realizada logo após a cirurgia ou após a quimioterapia. O tratamento radioterápico pode durar de 20 a 40 dias. E ainda, a hormonioterapia, que consiste na injeção de comprimidos específicos usados para combater a influência hormonal em certos tumores. Esse tratamento pode durar entre 5 e 10 anos.

O cabelo necessariamente cai durante a quimio de câncer de mama? Cai sim. A quimioterapia atinge tanto as células doentes como as sadias. Nesse caso, tem tropismo por células que se multiplicam rapidamente, como os folículos pilosos. E aí vem a queda. Recentemente foram desenvolvidas toucas que resfriam o couro cabeludo para algo em torno de 13°C a 14°C durante a quimioterapia. Elas conseguem evitar a queda do cabelo entre 25 e 75%.

Qual a chance de sobreviver a um câncer de mama? A chance é maior quanto mais precoce for o diagnóstico. É difícil prever a sobrevida, já que temos vários tipos de tumor com diferentes graus de agressividade. O importante é o diagnóstico precoce e o início rápido do tratamento. Isso aumenta as chances de sobrevida, mesmo nos tumores mais agressivos.

Quando o câncer de mama é considerado avançado? O câncer de mama é considerado avançado quando alcança grandes volumes, quando há um nítido comprometimento da pele, as vezes até com ulceração. É considerado metastástico quando atinge outros órgãos como ossos, pulmão e fígado.

A partir de qual idade e com qual frequência se deve fazer a mamografia? Preconizamos a realização de mamografia anual a partir dos 40 anos de idade. Em casos de paciente de alto risco, antecipamos um pouco o início, sendo preconizado 10 anos antes da idade do parente de primeiro grau que teve a doença, porém nunca antes dos 25 anos.

É possível evitar esse tipo de câncer ou apenas tratar no início? O que recomendamos é o rastreamento de forma correta e as consultas regulares ao médico. Isso não evita o câncer, mas faz com que seja diagnosticado cada vez mais precoce, aumentando as chances de cura e simplificando o tratamento. Em mulheres que classificamos como alto risco, utilizamos formas de prevenção mais agressivas, com exames de imagens mais frequentes e mudança em hábitos de vida e, em casos de mutação genética comprovada, a realização de cirurgias preventivas, como a retirada das mamas com substituição das mesmas por próteses. O exemplo mais famoso dessa última forma de abordagem foi o procedimento realizado pela atriz Angelina Jolie.

Fonte: R7

Nota da Febrasgo sobre a importância da mamografia

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, FEBRASGO, através de suas Comissões Especializadas de Mastologia e de Mamografia, esclarece, após algumas matérias que saíram na imprensa sobre o papel da mamografia no rastreamento do câncer de mama, que apesar de o exame não ser perfeito, por não conseguir ver alguns tipos de câncer de mama e acusar falsamente a presença do mesmo em pacientes sadias, ele ainda é o melhor método para detectar o câncer que ainda não é perceptível pelo auto-exame.

É comprovado que a realização do exame em mulheres que não apresentam nenhum sintoma, tem uma chance 30% menor de morrer de câncer de mama, enquanto as que não fazem e esse valor é ainda maior quando se trata de mulheres que tem mais de 50 anos, é um pouco menor quando apresentam entre 40 a 50 anos. Importante salientar que antes dos 40 anos não há benefícios em fazer mamografias e também que o rastreamento mamográfico já não traz grandes benefícios após cerca de 75 anos.

A quantidade de radiação que a mulher é exposta ao realizar a mamografia é extremamente baixa e segura. Não há comprovação de que essa exposição aumente a taxa de câncer de mama ou em algum órgão mais próximo e para situações específicas, outros exames podem ser tão importantes quanto, quando indicadas por um médico assistente como a ultrassonografia e a ressonância magnética.

O número de mulheres que são salvas por conta da mamografia ainda é baixo, já que o ideal seria que nenhuma mulher morresse por conta do câncer de mama, mas a FEBRASGO afirma que esse número, mesmo baixo, é o melhor que se pode apresentar atualmente.

As publicações apresentadas pela imprensa, que contrariam os fatos ditos a cima, foram baseadas em dados colhidos sem a conferência das informações.

 

Referências:

Kopans D. Arguments Against Mammography Screen continue to be Based on Faulty Science. The Oncologist2014;19:107–12.
Zackrisson S, et al. Rate of over-diagnosis of breast cancer 15 years after end of Malmö mammographic screening trial: follow-up study. BMJ 2006; 332 (7543): 689-92.
Camargo Jr HSA. Canadian National Breast Screening Study: o debate. Rev Bras Mastologia. 2015;25(2):68-Rev Bras Mastologia. 2015;25(2):68-7171

Fonte: Febrasgo

OUTUBRO ROSA

Outubro Rosa é uma campanha de conscientização mundial sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Rosa é a cor escolhida e neste mês vários lugares da cidade são iluminados.

Encontrando a doença precocemente

Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer) estima-se que em 2016 tenham sido diagnosticados 58 mil novos casos de câncer de mama, o que representa 28% dos casos das neoplasias malignas nas mulheres. Esses casos, se forem diagnosticados precocemente tem alto índice de cura. No primeiro estágio da doença existe possibilidade de cura de até 90% e a chance de cirurgia conservadora, preservando a mama, é muito maior, o que traz um impacto físico e emocional menor e colabora para melhor evolução de todo tratamento, que tende a ser menos agressivo. Nos casos onde a preservação da mama não é possível, existem técnicas de reconstrução, que reparam as alterações causadas pela cirurgia oncológica.

Prevenção

Ainda não temos um teste eficaz, como o exame de Papanicolaou do colo do útero, para prevenir o câncer de mama, mas algumas dicas podem diminuir o risco de aparecer a doença.

Hábitos de vida saudáveis como dieta adequada (com ingestão de fibras, saladas, frutas, legumes, oleaginosas, peixe, leite e queijos) e atividade física (recomenda-se a realização de 150 min de exercício semanal para haver impacto na diminuição do câncer) são fundamentais na prevenção. Combater o stress é fator importantíssimo para manter o sistema imunológico saudável; ele é a defesa do nosso corpo, inclusive contra tumores.

Diminua a ingestão de gordura animal e carboidratos. Evite excesso de bebida alcoólica e não fume. Preserve as horas de lazer.

Cuide-se

A realização do auto-exame mensal pode ajudar você a perceber pequenas alterações que não existiam na mama. Consulte seu médico anualmente ou em caso de uma dúvida. A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a realização de mamografia anualmente a partir de 40 anos e antes disso, em casos de maior risco familiar. A mamografia detecta alterações que ainda não são diagnosticadas pelo exame clínico e conseguimos então tratar tumores menores, antes da sua detecção clínica, aumentando as chances de cura e de procedimentos menos agressivos.

Dr. Ricardo Faure

O impacto da alimentação no câncer de mama

Tem se observado um crescente interesse em pesquisas que avaliam os padrões alimentares dos adolescentes e dos adultos jovens versus o risco de câncer de mama. Os tipos de alimentos consumidos, sua frequência e a sua proporção na dieta têm sido analisados em diversos países.

Consumo de fibras é benéfico

Nos Estados Unidos, um grande estudo populacional envolvendo mais de 95.000 mulheres concluiu que o consumo de uma boa quantidade de fibras dietéticas (frutas, vegetais e grãos integrais) está associado a um risco significativamente inferior de câncer de mama: 13% menor por 10 g/dia de aumento de fibra durante o início da idade adulta e 14% de redução de risco por 10 g/dia de incremento de fibra durante a adolescência.

Outros estudos estimaram uma redução mais modesta do risco: – 5% para cada 10 g/dia de incremento na ingestão de fibras, mas ainda sim significativo.

A importância da adolescência

Estudos anteriores quase não foram significativos, mas vale ressaltar que nenhum deles examinou a dieta durante a adolescência, período em que os fatores de risco para o desenvolvimento da neoplasia parecem ser particularmente importantes uma vez que o tecido mamário apresenta maior taxa de proliferação.

De uma forma relevante, estes estudos, acrescentam aos poucos, fatores de risco potencialmente modificáveis para a diminuição das chances de se ter o diagnóstico de neoplasia mamária.

Padrão “prudente” é o mais indicado

Outro estudo avaliou os padrões alimentares dos adolescentes e a incidência de câncer de mama na pré-menopausa. Três principais padrões alimentares foram identificados: o padrão “prudente” foi caracterizado pela alta ingestão de legumes, frutas, peixes e aves; o padrão “ocidental” foi caracterizado por ingestão regular de grãos refinados, carnes vermelhas e processadas e o padrão de “fast food” foi caracterizado por ingestão farta de pizza, batatas fritas, doces e refrigerantes.

Em conclusão, não foi observada uma associação entre os padrões alimentares “ocidentais” ou de “fast food” e o risco de neoplasia na pré-menopausa. Entretanto, observou-se um benefício significativo entre o padrão dietético “prudente” e o menor risco de se desenvolver a doença. Os benefícios de um padrão alimentar mais saudável durante a adolescência pareciam se estender às mulheres mesmo após a menopausa.

Há a necessidade de novos estudos sobre a dieta e o risco de câncer de mama nesta faixa etária, pois este pode ser um período crítico para a redução dessa grande fonte de morbidade e mortalidade. Na prática, o que observamos é que a incidência de câncer de mama está aumentando em todas as idades, inclusive nas mulheres jovens, e a mudança comportamental alimentar, com alimentos de menor qualidade nutricional, parecem influenciar este risco.

Por Ântonio Frasson, Mastologista do Hospital Israelita Albert Einstein

Fonte: Veja.com

Conheça os fatores de risco mais importantes para ter câncer de mama

A possibilidade de uma mulher apresentar câncer de mama durante a vida é de 12,5%, ou seja, uma em cada oito mulheres desenvolverá a doença ao longo de suas vidas. Entre os principais fatores de risco envolvidos estão a idade, histórias pessoal e familiar, raça, dieta e atividade física, além, é claro, do sexo feminino. Quanto maior a idade, maior também é o risco isolado para o desenvolvimento do câncer de mama. A idade média no momento do diagnóstico é de 60 anos, o que não significa que uma mulher entre os 20 e 40 anos não possa vir a apresentar a doença, com menor probabilidade.

Dentro da história pessoal, deve-se destacar tumores primários como o câncer de ovário, do endométrio e de cólon. Outro aspecto com influência sobre o câncer de mama é o período de menacme, ou seja, o período reprodutivo da mulher. Este se estende desde a menarca (início das menstruações), até a menopausa, final da vida reprodutiva da mulher. Quanto maior for este período, maiores são as chances de uma mulher desenvolver câncer de mama por estar exposta aos hormônios por período de tempo maior (a chamada janela estrogênica). História anterior de radioterapia torácica (por exemplo, em linfomas) em qualquer momento da vida da mulher, assim como o uso de terapia de reposição hormonal combinada (estrogênio + progesterona) por períodos prolongados (>5 anos) e história pregressa de hiperplasia atípica em biópsia conferem, também, em risco aumentado para desenvolvimento da neoplasia. Seguindo o caminho inverso, a amamentação representa fator de proteção para o desenvolvimento da doença, especialmente quando ocorre entre os 20 e 30 anos.

Com relação à história familiar, contrariamente ao que muitos acreditam, quase 90% dos casos de câncer de mama não têm origem familiar, e sim, são relacionados a mutações em genes que derivam principalmente do lado materno da árvore genealógica.

Pesquisas recentes sugerem que a dieta pode ser responsável por alterar a probabilidade de uma pessoa apresentar alguns tipos de câncer. Estudos demonstram que o consumo de bebidas alcoólicas está relacionado ao desenvolvimento da doença. Não é aconselhável o consumo excessivo de gordura saturada, como, por exemplo, carne vermelha, gema de ovo, leite, gordura do coco, da palmeira, etc. Utilizar preferencialmente gordura monoinsaturada (óleo de oliva, de canola, abacate, nozes e castanhas) e gordura poli-insaturada (peixes, óleo de fígado de peixe e óleos vegetais como soja, girassol e milho).

Os médicos da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomendam dietas ricas em frutas e vegetais, além da prática de atividades físicas semanais para a manutenção de peso adequado e diminuição no risco para desenvolver a doença. Intimamente relacionado à atividade física e dieta está a manutenção de peso corporal adequado (Índice de Massa Corporal – IMC), pois as obesas ou com sobrepeso apresentam maior risco devido ao aumento na produção de estrogênios via gordura corporal, principalmente na pós-menopausa. Já a perda de peso apresenta efeito protetor, particularmente em mulheres que não utilizam terapia hormonal. Antes da menopausa, a obesidade não aumenta o risco, podendo inclusive diminuir esse risco pela anovulação.

Fonte: Sociedade Brasileira de Mastologia

Gravidez não é perigosa para mulheres que tiveram câncer de mama, diz estudo

Ficar grávida depois de um diagnóstico de câncer de mama não aumenta o risco de que o câncer retorne, segundo o maior estudo sobre este tema já realizado, divulgado no início de junho em uma importante conferência sobre oncologia.

O estudo incluiu 1.207 mulheres com menos de 50 anos que tiveram câncer de mama que não havia se espalhado para outras partes do corpo.

A maioria das mulheres no estudo (57%) tinha câncer de mama com receptores de estrogênio (um tipo de câncer conhecido como RE-positivo), no qual os tumores são alimentados por este hormônio.

Alguns médicos acreditavam que essas mulheres podiam enfrentar um maior risco de recidiva do câncer se ficassem grávidas, devido a alterações hormonais durante a gestação.

Um total de 333 mulheres engravidaram durante o estudo, em média 2,4 anos após o diagnóstico e o tratamento do câncer.

10 anos de acompanhamento

Após um acompanhamento de 10 anos, os pesquisadores não encontraram “nenhuma diferença na sobrevivência livre de doença entre as mulheres que ficaram grávidas e as que não ficaram”, segundo o artigo divulgado na reunião da Sociedade Americana de Oncologia Clínica.

A gravidez também mostrou benefícios surpreendentes para as mulheres que tinham sobrevivido a um câncer de mama sem receptores hormonais. Essas mulheres tinham uma chance 42% menor de morrer do que aquelas que não tinham engravidado.

“Nossas descobertas confirmam que a gravidez depois de um câncer de mama não deveria ser desencorajada, nem mesmo para mulheres com câncer RE-positivo”, disse Matteo Lambertini, médico que dirigiu este estudo no Instituto Jules Bordet em Bruxelas.

“É possível que a gravidez possa ser um fator de proteção para pacientes com câncer de mama do tipo RE-negativo, através de mecanismos do sistema imunológico ou hormonais, mas é necessário mais pesquisas sobre isso”, acrescentou.

Cerca de metade das mulheres jovens recém-diagnosticadas com câncer de mama tem interesse em ter filhos, mas as pesquisas mostram que menos de 10% delas ficam grávidas depois de receber tratamento para combater a doença.

Fonte: G1

Atividade física ajuda pacientes com câncer de mama a recuperar autoestima

A recuperação do câncer de mama pode ser muito difícil para a paciente. A cirurgia de retirada da mama, a queda de cabelo e a agressividade da quimio ou radioterapia mexem muito com a autoestima da mulher.

Com todas essas dificuldades e mudanças, o esporte pode ser um um grande aliado da recuperação não só do corpo, mas da autoconfiança e da autoestima. “O esporte tem dois fundamentos que são realmente bem importantes quando a gente fala de câncer, a prevenção e o outro aspecto é pós-tratamento”, explica Fabiana Baroni Makdissi, oncologista do hospital A. C. Camargo.

Segundo a médica, o exercício físico é recomendado tanto para reduzir as chances de a doença voltar quanto para que a paciente saiba do que ela é capaz. “Temos toda a possibilidade de associar o esporte à autoestima das pacientes, porque o exercício tem essa motivação do ‘eu posso’, ‘eu vou’, ‘só depende de mim’”, afirma.

Para a recuperação de Deborah Aquino, 41 anos, a corrida foi muito importante. Antes de descobrir o câncer de mama, em 2014, ela já corria e o tratamento não a fez parar. “Eu tive que dar um tempo entre a cirurgia e a quimio[terapia], fiquei um mês e meio parada de tudo, e quando comecei a quimio, voltei a correr. Óbvio que não do jeito que eu corro”, relembra Deborah, que já completou diversas maratonas. “Corria uns oito quilômetros por semana. Fiz 16 sessões, até a quarta eu corria, depois eu nadava e pedalava.”

Ao terminar o tratamento, a corredora amadora teve pressa em voltar aos treinos. “Eu terminei a quimio dia 13 de junho de 2014 e no dia 16 de junho eu já tinha planilha”, afirma. Apesar de o começo ter sido difícil, Deborah vê que a corrida a ajudou de diversas formas: “Todo mundo que eu conheço que fez [tratamento] acaba sempre em antidepressivo, remédio para dormir, porque a quimio debilita bastante. Você continuar fazendo exercício é ótimo porque você tem uma injeção de endorfina, a serotonina. O esporte é salvador na minha vida. Ajudou a não cair em depressão.”

Além disso, é comum engordar durante o tratamento, por causa do uso de corticoide, e isso não ocorreu com Deborah. “Eu engordei super pouco durante o tratamento. Quando você faz a quimio tem muito corticoide, acaba inchando muito, mas com o esporte você tira a retenção de líquido. Então, pra autoestima foi muito bom.”

Acostumada a correr maratonas, ela encarava a químio como se fosse mais uma. “Você não sabe o que vai acontecer no quilômetro seguinte”, avalia.

A quimio de Deborah acabou em junho e em setembro ela já encarou uma meia-maratona, ou seja, 21 quilômetros, e teve um ótimo desempenho. Apesar de ter de fazer mais esforço que antes, ela voltou mais rápido que esperava. “Para autoestima foi maravilhoso, quatro meses depois do tratamento conseguir fazer uma meia. Dá sensação de que você ainda pode”, afirma.

No entanto, ela tinha um objetivo maior: correr a maratona de Boston, uma das mais almejadas pelos corredores. Para conseguir se inscrever para a prova é preciso se qualificar com um bom tempo, feito que Deborah tinha alcançado em 2014, pouco antes do diagnóstico. “A corrida que encerrou mesmo o ciclo foi Boston. Eu me emocionei muito, eu chorei do começo até o fim, porque passava um filme na minha cabeça. Quando eu cruzei a linha de chegada foi a sensação de que eu coloquei uma pedra em cima de tudo.”

Fabiana explica que o exercício, independente da modalidade, tem o foco da superação, além de ajudar a paciente a se sentir parte do tratamento. “Esses exercícios em que a superação existe, em que você tem a linha de chegada, acaba sendo o exercício que pode estimular mais [a melhora da autoconfiança]”, opina a oncologista.

Em relação àquelas que não conseguem correr, a médica diz que não há problema algum: qualquer atividade física é válida. Segundo Fabiana, o médico deve incentivar a paciente a fazer o que ela consegue, como chamar uma amiga para caminhar e conversar. “Quando ela começa a fazer alguma atividade, isso cria uma cascata e ela percebe que pode fazer outras coisas”, afirma.

Dança. No hospital A. C. Camargo há um grupo de dança para as pacientes que tiveram câncer de mama. Uma vez por semana aproximadamente 20 mulheres se encontram para ensaiar coreografias, fazer atividades lúdicas e, ao mesmo tempo, fazer fisioterapia para recuperar os movimentos dos braços.

“No momento da dança ela [paciente] se volta, ela se envolve com o grupo, com a dança e perde o medo de movimentar o membro”, explica a diretora de fisioterapia do A. C. Camargo, Celena Freire Friedrich.

Larissa Rodrigues Simões, coordenadora do grupo de dança do hospital, reforça a importância do grupo na recuperação dessas mulheres. “A maioria das pacientes, depois de fazer cirurgia, quimio, radio, se sente totalmente deslocada”, explica, “não só com a dança, com o grupo junto, elas veem que as atividades delas podem ser feitas normalmente. Uma apoia a outra e com a dança elas se sentem mais vivas.”

Celena complementa que a interação entre as participantes do grupo também faz com que a fisioterapia seja muito mais agradável.

Criado em 2015, o grupo foi consolidado em 2016 e as pacientes se apresentam em eventos do hospital. “Elas se sentem artistas, bailarinas de verdade. O momento da apresentação para elas é sagrado. A gente tem roupa personalizada, elas se maquiam”, diz Larissa. O frio na barriga, que qualquer um sente antes de uma apresentação, é muito importante para as pacientes. “Elas se sentem importantes. Elas se sentem incríveis.”

“É a conquista do paciente que acha que acabou pra ele, e não acabou”, diz Celena.

Fonte: Estadão

‘Névoa mental’ do câncer de mama é resultado de estresse pós-traumático

O “nevoeiro mental” frequentemente experimentado por pacientes de câncer de mama após a quimioterapia pode ser devido mais ao estresse pós-traumático do que em razão dos medicamentos usados contra o câncer, sugere um novo estudo publicado recentemente no “ Journal of the National Cancer Institute”.

– Pacientes que se queixam de problemas cognitivos podem na verdade estarem sofrendo com estresse pós-traumático ou outras consequências psicológicas substanciais advindas do fato de terem câncer, que pode ser tratado – afirmou Kerstin Hermelink, médica do do Hospital Universitário CCCLMU de Munique, Alemanha, à agência Reuters Health. – Os médicos devem, portanto, ouvir atentamente seus pacientes que se queixam de deficiências cognitivas e tentar compreender a sua situação individual para descobrir o que este paciente precisa – acrescentou.

Os efeitos da quimioterapia no cérebro foram inicialmente responsabilizados pela “névoa mental” às vezes experimentada por mulheres com câncer de mama, mas sintomas semelhantes foram relatados por pacientes com câncer de mama que ainda não haviam começado a sua quimioterapia e até mesmo por aquelas cujo tratamento não incluía quimioterapia, observaram Hermelink e colegas no estudo.

Para investigar o porquê disso, os pesquisadores estudaram 150 mulheres que acabavam de ser diagnosticadas com câncer de mama, assim como 56 mulheres sem problemas de saúde. Em vários momentos ao longo do ano seguinte, as mulheres completaram exames neuropsicológicos, bem como avaliações para o transtorno de estresse pós-traumático (PTSD, na sigla em inglês). Elas também forneceram suas próprias avaliações sobre sua função cognitiva.

Cerca de sete meses após o início do estudo (e cerca de dois meses após a conclusão da quimioterapia para as mulheres que a receberam), não houve diferenças no desempenho cognitivo ou mudanças cognitivas entre as mulheres que receberam quimioterapia, mulheres cujo câncer de mama não foi tratado com quimioterapia e as mulheres saudáveis sem câncer de mama. No final de um ano, no entanto, houve um pequeno declínio cognitivo nas pacientes de câncer de mama na comparação com as mulheres saudáveis, mas o declínio não dependeu se elas haviam sido submetidas ou não ao tratamento de quimioterapia. Em vez disso, esta perda estava ligada aos sintomas do PTSD.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos definem o PTSD como “”uma intensa resposta física e emocional aos pensamentos e lembranças do evento que dura por muitas semanas ou meses após o evento traumático”. Os sintomas são variados e incluem – mas não estão limitados a – flashbacks, pesadelos, dificuldade para dormir, estar excessivamente alerta ou facilmente assustado, e ter problemas para se concentrar.

– Eu, pessoalmente, fiquei surpreso com a pouca mudança cognitiva que observamos – disse Hermelink. – Todas as diferenças entre os dois grupos de pacientes e o grupo de controle foram mínimas, mesmo que usássemos uma bateria de teste grande e nosso estudo foi comparativamente bem alimentado, com uma grande amostra.

Diante disso, ela acrescenta:

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– Os médicos devem dizer aos seus pacientes que a deficiência cognitiva muito sutil não só é observada após a quimioterapia, mas também em pacientes tratadas sem quimioterapia, e mesmo em pacientes que ainda não iniciaram qualquer tratamento para o câncer da mama. O cérebro não é uma máquina que oferece sempre o mesmo nível de desempenho, desde que não esteja quebrado, mas sua função e, a longo prazo, também sua estrutura, são afetadas por nossas ações e experiências. O diagnóstico de uma doença com risco de vida como o câncer de mama vem como um choque para a maioria das pacientes, o que pode deixar vestígios no cérebro, mesmo que elas lidem muito bem com isso.

Por fim, Hermelink considera:

– A investigação sobre o prejuízo cognitivo associado ao câncer está cheia de armadilhas metodológicas que podem distorcer substancialmente os resultados. É quase impossível para as pessoas que não trabalham no campo avaliarem a qualidade metodológica de um estudo e, assim, descobrirem se os resultados são ou não válidos. Estudos com achados espetaculares são relativamente fáceis de publicar, mesmo que sejam pequenos e seus métodos questionáveis, e é claro que todos os pesquisadores precisam publicar. Os jornalistas e o público devem, portanto, ficarem particularmente cautelosos com pequenos estudos que apontam grandes e inequívocos efeitos.

Fonte: O Globo

Psico-Oncologia: o acompanhamento do paciente com câncer

A Psico-Oncologia é a interface entre a psicologia e a oncologia (área que trata os tumores), na qual se utiliza todo o conhecimento da psicologia com o objetivo de aprimorar a assistência ao paciente, assim como aos familiares e amigos, e favorecer a atenção aos aspectos biopsicossociais e espirituais.

A Psico-Oncologia pode ajudar a esclarecer dúvidas agindo na prevenção, além de acompanhar o paciente com câncer e familiares e em alguns casos acompanhando uma doença em fase terminal. Sabemos hoje que o câncer está vinculado a uma série de fatores. Embora a hereditariedade e o fator genético tenham peso importante, o estilo de vida (atividade física, alimentação, stress, ansiedade) e os fatores ambientais contribuem de maneira importante para o surgimento da doença.

A vida de uma pessoa que recebe este diagnóstico muitas vezes “desaba”. Quais serão as consequências dessa doença? O que vai mudar na minha vida? O que não vou mais poder fazer a partir de agora? Como será meu tratamento? Quais as consequências ao meu corpo?

O paciente com câncer muitas vezes apresenta dificuldade em reconhecer necessidade de ajuda. Essa necessidade pode ser suprida pela família e amigos, mas muitas vezes os próprios familiares necessitam acompanhamento e acolhimento pela dificuldade em lidar com a doença que ainda é bastante estigmatizada. Não se sabe o final; existe uma luta, mas nem sempre com certeza de sucesso, além da perda do controle da vida vivida pela pessoa.

Com o envelhecimento da população em decorrência do aumento da expectativa de vida teremos mais casos de pacientes diagnosticados com câncer, por isso a Psico-Oncologia é uma área que merece atenção e desenvolvimento para que os pacientes possam se beneficiar deste acolhimento, o que pode determinar mudança no curso da doença.

Fonte: Sociedade Brasileira de Psico-Oncolgia
Dra. Patrícia Pereira Faure / Dr. Ricardo Faure

Frente a Frente com Bernardo – Como identificar o Câncer de Mama, com Drs. Ricardo e Patricia Faure

Nota à população sobre linfomas associados às próteses de mama

A Sociedade Brasileira de Mastologia esclarece que, em relação aos dados divulgados pela FDA, a agência americana responsável pelo controle de alimentos e medicamentos, e com base nos dados de conhecimento global desse e dos demais estudos analisados até o presente momento, não há necessidade de alarme em relação a riscos oncológicos ou em relação a outras doenças que possam ser provocadas pelas próteses mamárias. Os dados apresentados pelo FDA já são conhecidos da comunidade médica de especialidade.

O linfoma anaplásico de grandes células associado às próteses mamárias é um subtipo bastante raro de linfoma de células T, que se estima possa surgir um caso em cada 500 mil mulheres com próteses. Mesmo com o alerta dos 12 óbitos relacionados a esta doença nos Estados Unidos e na Austrália, os índices de cura para ela são bastante altos, ultrapassando 90% dos casos. A maioria das pacientes é tratada apenas com a remoção da prótese e da cápsula, sem a necessidade de quimioterapia ou radioterapia.

O silicone presente nas próteses mamárias é um elastômero e a sua viscosidade depende da sua massa molecular. Desde que foram lançadas estas próteses em 1962, foram criadas diversas gerações com diferentes viscosidades e texturizações no seu revestimento. As próteses atuais são de gel mais coesivo, com diversas camadas, o que permite que mantenham sua forma tanto na cirurgia estética quanto na reconstrução mamária. A grande maioria das próteses mamárias implantadas nas últimas duas décadas são texturizadas. Assim, não se consegue estabelecer um nexo causal claro entre a texturização e o surgimento desta doença, visto que quase não se implantam mais próteses lisas, e que também foram relatados casos de linfoma com próteses lisas.

É preciso ressaltar que as próteses mamárias são, entre todas as próteses implantadas no corpo humano com diferentes finalidades médicas, aquelas que foram mais extensivamente estudadas na literatura científica. Além disso, o silicone está na composição de diversos outros produtos da área médica, inclusive catéteres de quimioterapia e próteses de uso em outros órgãos e sistemas. É fundamental que quaisquer novos dados sejam analisados à luz de seus impactos para a saúde da população, levando em consideração os riscos potenciais envolvidos versus os benefícios conhecidos das terapêuticas empregadas.

Assim, a Sociedade Brasileira de Mastologia reitera o seu compromisso de vigilância e monitoramento constante de quaisquer informações que venham a afetar direta ou indiretamente a saúde e a segurança das pacientes sob os cuidados dos membros de nossa especialidade. E que não há nenhum dado até o presente momento que justifique qualquer mudança de postura ou intranquilidade por parte das pacientes portadoras de implantes mamários, sejam elas oriundas de cirurgias estéticas ou reconstrutoras. Devem essas pacientes apenas seguir com a realização de exame clínico mamário e exames de imagem regulares, e serem alertadas que esta é uma condição muito rara, para qual o seu cirurgião a estará monitorando.

Antônio Luiz Frasson

Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia