Sobre amamentar em público

A Organização Mundial da Saúde afirma que a amamentação é essencial para o bebê durante seus primeiros seis meses de vida.  A UNICEF avaliou 123 países e concluiu que 95% dos bebês do mundo são amamentados. Existem leis em diversos países que protegem as mães que amamentam e proíbem a sua discriminação, mas ainda assim o ato de amamentar ainda constrange as mulheres e incomoda quem está por perto.

É constrangedor

A marca de sutiã Milx realizou uma pesquisa com mil homens e mulheres  e descobriu que uma em cada três pessoas entrevistadas se sentiram constrangidas ou tiveram uma parceira que se sentiu assim ao amamentar em público.

Enquanto nos Estados Unidos, na Noruega, Suécia e na Finlândia o ato de amamentar em público é bem aceito, na França e no País de Gales já não é bem assim. Principalmente porque as próprias mulheres ainda sentem medo do julgamento.

É crime

Há lugares que amamentar em público é considerado ilegal! Na Arábia Saudita é proibido expor os seios em público, mesmo que for para amamentar, pois desrespeita a religião islâmica. Ironicamente, lá as mulheres são incentivadas a amamentar o bebê até os dois anos de idade.

É vulgar

Infelizmente, amamentar ainda é confundido como um ato de vulgaridade, de exposição, e como citado anteriormente, como ato de colocar os seios para fora. Inclusive, muitas mulheres, antes de serem mães, também enxergavam a amamentação em público de forma negativa. Até terem um filho e perceberem que não é uma mera vontade se mostrar e sim uma necessidade de alimentar o seu bebê na hora que ele sente fome.

Outro fator que colabora para o preconceito é a visão que a sociedade ainda tem sobre a mulher como objeto sexual. Os peitos então, nem se fala! Não é a toa que são censurados o tempo todo, ao contrário dos mamilos masculinos.

É ameaçador

A perspectiva conservadora sufoca mais ainda quando as mulheres conquistam liberdades que nunca tiveram, como a de amamentar em público. Uma mera necessidade humana se torna um ato de resistência perante a uma sociedade que sempre privou o feminino de tudo. Ver as mulheres usufruindo de direitos sequer cogitados anos atrás, é considerado uma ameaça, um sinal de que dia após dia, novos espaços serão tomados por elas (por nós).

É íntimo

A divergência entre privado e público também fala alto. As pessoas enxergam a amamentação como um ato privado, como ir ao banheiro, se despir, tomar banho, tira caquinha do nariz.

Desconstrução do preconceito

No fim, é tudo uma mera construção social e o segredo é educar a todos sobre o assunto. Mostrar que é normal, é natural, é humano. As mulheres não estão querendo provocar ninguém ao colocar ao expor os seios por alguns segundos, que é o tempo que o bebê demora para começar a sugar.

Movimentos como a Semana Mundial de Amamentação (WBW), de 1 a 7 de agosto, promovidos pela Aliança Mundial para Ação em Amamentação, que fica na Malásia, estão trabalhando para se opor a essa concepção, com o objetivo de proteger, promover e apoiar a amamentação, tornando-a menos um momento privado e mais uma função biológica e natural que não se limita a um lugar particular.

No ano passado, como parte da WBW, quase 23 mil mulheres em 28 países diferentes participaram do Global Big Latch On, um evento de amamentação simultânea em público fundado na Nova Zelândia em 2005.