Qualidade de vida nos mínimos detalhes
O corpo e a mente estão sempre juntos, na saúde e na doença. A função dos cuidados paliativos é cuidar e fortalecer essa união quando a vida ameaça acabar com ela.
Receber o diagnóstico de uma doença terminal é tão doloroso para o corpo, quanto para a mente. A partir desse momento, a presença de um paliativista já se torna essencial, porque o profissional se comunica de forma transparente e compassiva, colaborando para que o paciente e sua família compreendam o que está acontecendo e o que vai acontecer de forma mais leve.
O tratamento médico convencional permanece, associado ao suporte emocional, social, espiritual, e até mesmo físico de uma equipe multidisciplinar. Os cuidados paliativos priorizam o bem-estar e a autonomia do paciente, além de minimizar recursos invasivos. No entanto, alguns destes recursos podem ajudar a reduzir o sofrimento, como uma cirurgia para reduzir o tamanho de um tumor, atenuando a dor que ele provoca e o impacto da sua presença.
Evita-se também a obstinação terapêutica, que é o prolongamento artificial da vida sem benefício do paciente. Como deixá-lo na UTI para substituir um órgão sem a possibilidade de regeneração. Sem contar que na UTI o horário e o número de visitas é apertado, aumentando o isolamento social.
O cuidado paliativo se encontra nos mínimos detalhes, como não forçar o paciente a comer mais do que ele está acostumado, incentivar a visita de familiares e amigos, providenciar refeições diferentes das usuais em momentos especiais, e até mesmo realizar terapia assistida por animais. A interação de cães treinados com os pacientes provoca, entre outras vantagens, ganhos na mobilidade.
Um estudo americano chegou a conclusão que pessoas receberam cuidados paliativos precocemente, associados ao tratamento usual tiveram mais qualidade de vida e menos sintomas depressivos. A a redução de procedimentos agressivos também aumentou a sobrevida em quase 3 meses a mais.
“A ideia de que a medicina é uma luta contra a morte está errada. A medicina é uma luta pela vida boa, da qual a morte faz parte.” – Rubem Alves