Infertilidade feminina e reprodução assistida

As complicações que impedem uma mulher de engravidar naturalmente, em qualquer fase do período fértil, podem ter origens variadas. Entre elas, o homem, que também deve ser examinado por um especialista e realizar todos os exames necessários à confirmação da infertilidade do casal. Há casos em que ambos passam um bom tempo tentando uma gestação com base na avaliação da fertilidade apenas da mulher e quando, finalmente, descobrem que a infertilidade é do homem pode ser tarde para intervenções simples.

De qualquer forma, há muito tempo que a questão da infertilidade deixou de significar que um casal não terá filhos. Uma série de tratamentos registrados por publicações científicas mostram experiências bem sucedidas, e observações de casos na vida real também comprovam como é possível realizar o sonho de ter um bebê. Relacionamos mais abaixo aspectos da infertilidade feminina e reprodução assistida que devem ser conhecidos pelas candidatas à gestante.

Do ponto de vista médico, a infertilidade é definida como a incapacidade de estabelecer uma gravidez após um ano de tentativas, em que as relações sexuais ocorrem com frequência e sem uso de qualquer método contraceptivo. Se a gravidez não acontece durante este ano de tentativas regulares, é hora de o casal procurar os especialistas. A mulher deve, primeiramente, conversar com seu ginecologista, pois muitas vezes esse profissional resolve a questão. Não espere muito!

A investigação básica da mulher

A obtenção de uma boa história clínica e a realização de um exame físico completo podem  dar uma boa idéia dos fatores possivelmente relacionados à infertilidade do casal. Entre os exames complementares na mulher, a primeira etapa inclui a avaliação da ovulação. Uma mulher que tem menstruações regulares ovula em mais de 95% dos ciclos, mas isso não significa que a qualidade das ovulações é adequada e o especialista deve pedir um perfil hormonal da paciente que inclua a dosabem dos hormônios FSH, LH, estradiol e prolactina. A avaliação da glândula tireóide é também fundamental, uma vez que é cada vez maior a prevalência de distúrbios nessa glândula entre as mulheres, nas últimas décadas. Problemas com a ovulação podem ser responsáveis por até 40% das causas femininas de infertilidade.

Ovulações irregulares ou ausência de ovulação

É muito comum que mulheres com disfunções ovulatórias experimentem irregularidades no ciclo menstrual. Em alguns casos, não menstruam. Ciclos com menos de 21 dias, ou com mais de 36 dias, podem ser sinal de disfunção ovulatória.

A ausência de ovulação, denominada de oligovulação podem ter como causas uma série de fatores, entre eles, a Síndrome do Ovário Policístico (SOP). Outras potenciais causas de oligovulação seriam obesidade, peso muito baixo, hiperprolactinemia, grande carga de exercícios físicos, falência ovariana precoce, idade avançada ou baixa reserva ovariana, disfunção das glândulas tireóides (hiper ou hipotireoidismo) e altos níveis de estresse.

Estruturas orgânicas como o canal cervical, cavidade uterina e tubas uterinas também devem ser investigadas por meio de exames específicos para detectar outras causas. Essas estruturas devem estar livres de obstruções ou aderências, como as que ocorrem após cirurgias ou infecções pélvicas. Para analisar esse quadro, o médico pedirá um exame de imagem chamado histerossalpingografia, que é uma espécie de raio-X com contraste iodado, que é injetado dentro do canal cervical minutos antes do exame. Em situações específicas, o médico poderá solicitar a laparoscopia, em vez da histero, que é padrão-ouro na avaliação canalicular, porém requer internação e anestesia.

Reprodução assistida
Os principais tratamentos utilizados hoje quando há necessidade da reprodução assistida são descritos a seguir.

Coito programado (CP): é o método mais simples, realizado paralelamente à estimulação da ovulação.

Inseminação artificial (IA): um concentrado de espermatozóides é injetado dentro da cavidade uterina, também após estímulo ovulatório. Os resultados desses métodos costumam variar, mas no geral são baixos. Não é recomendado insistir neles depois de três tentativas.

Fertilização in vitro (FIV): os espermatozóides são colocados em contato com o oócito e o momento da fecundação ocorre in vitro. Pode também ser feita pelo método ICSI, também in vitro. A sigla vem do inglês e compreende a técnica em que o espermatozóide é injetado dentro do oócito. O material fecundado in-vitro, tanto na primeira quanto na segunda técnica, é implantado pelo médico no útero feminino.

Fonte: SOGESP

A importância do aleitamento materno

O leite materno é o alimento ideal para o seu bebê. Ele supre todas as necessidades nutricionais até os 6 meses de idade e protege a criança da desnutrição. Não existe leite materno “fraco” ou “aguado”.

O bebê deve mamar logo após o nascimento. O leite dos primeiros dias após o parto é chamado de colostro e oferece grande proteção contra infecções. Dizemos que o colostro é a “primeira vacina” do bebê.

A composição do leite materno fornece a água necessária para manter o seu filho hidratado, mesmo em temperaturas ambientais elevadas, está sempre fresco, encontra-se na temperatura certa e pronto para beber. Sua composição nutricional balanceada contribui para o crescimento e desenvolvimento adequado do seu filho.

Veja algumas vantagens de amamentar:

  • A criança amamentada ao seio estará protegida contra alergia e infecções, fortalecendo-se com os anticorpos da mãe e evitando problemas como diarreias, pneumonias, otites e meningites.
  • A amamentação é mais prática, mais econômica, e evita o risco de contaminação no preparo de outros leites.
  • A amamentação favorece o desenvolvimento dos ossos e fortalece os músculos da face, facilitando o desenvolvimento da fala, regulando a respiração e prevenindo problemas na dentição.
  • O aleitamento materno cria um vínculo entre a mãe e o bebê, proporcionando maior união entre eles. As crianças amamentadas são mais tranquilas, inteligentes e mais felizes.
  • A mãe que amamenta volta mais rapidamente ao seu peso normal. Reduzem-se os riscos de ter diabetes e infarto cardíaco.
    • A amamentação ajuda a reduzir a hemorragia após o parto e previne o câncer de mama e de ovário.
  • A mãe, ao oferecer o peito ao seu filho, transmite segurança, prazer e conforto. Ocorre liberação de hormônios – as endorfinas que aumentam a sensação de prazer e felicidade para a mãe que amamenta. Além disso, melhora sua auto-estima, ela sabe que o seu bebê está saudável porque está recebendo o alimento ideal: o seu leite!

O ato de amamentar é muito mais que oferecer nutrientes, é oferecer amor.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria

Endometriose: doença benigna de origem multifatorial

A doença benigna afeta de 10 a 15% das mulheres durante a idade reprodutiva e pode levar à infertilidade. Os locais mais comuns do crescimento anormal do endométrio, (originalmente, o tecido que reveste internamente o útero) são os ligamentos que sustentam o útero, os ovários, o intestino grosso e a bexiga. Como são tecidos originados do útero, os retalhos ou nódulos característicos da endometriose estão sujeitos tanto quanto o endométrio à influência do ciclo hormonal e ao sangramento caraterístico da menstruação. Começam aí os principais sintomas da doença, pois o sangue produzido fora do útero não tem por onde sair e o resultado é a degradação do próprio sangue e dos retalhos de tecido endometrial dentro do organismo, o que leva a inflamação, dor, formação de cistos e a infertilidade.

O QUE CAUSA

Ainda não se conhece exatamente a causa da endometriose. Mas se sabe que o fenômeno da menstruação retrógrada, em que parte do sangue menstrual, ao invés de sair pela vagina, reflui pelas tubas uterinas para dentro do abdome, tem participação importante no desenvolvimento da doença. O retorno de uma porção de tecido menstrual é comum em quase todas as mulheres, mas o sistema imunológico normalmente elimina o corpo estranho. As condições imunológicas que permitem ao tecido menstrual “criar raízes” e crescer como endometriose, em algumas mulheres, são objeto da maioria dos estudos atuais.

Outra explicação para a origem da doença é a teoria embólica, segundo a qual, o tecido endometrial migraria do útero para outras partes do organismo feminino através dos vasos linfáticos ou vasculares. Não está descartada a influência dos genes na doença. A predisposição genética favorece o desenvolvimento da endometriose. De acordo com estudos científicos recentes, compostos químicos organoclorados, usados na agricultura, poderiam ser  outros fatores do desenvolvimento da endometriose e, também, de outras doenças femininas dependentes de estrogênios, como os miomas e alguns tipos de câncer que afetam os órgãos reprodutivos.

OS PRINCIPAIS SINTOMAS

Dor antes e durante o período menstrual, muito mais forte do que a cólica menstrual normal, além de dor durante a relação sexual é um sintoma conhecido da endometriose. Outros sintomas comuns são fadiga e menstruações acompanhada de cólicas intestinais, dor nas costas, diarréias ou constipação intestinal seguida de mal estar. Quando a bexiga é afetada, pode ocorrer dor durante a micção. Algumas mulheres podem não sentir nenhum desses sintomas e a dor não tem, necessariamente, relação com o tamanho ou extensão dos tecidos em crescimento. Pequenos retalhos de tecidos podem produzir prostaglandinas em quantidade suficiente para causar dor intensa. A endometriose é uma causa comum de infertilidade. Cerca de 40 a 50% das mulheres com a doença apresentam também dificuldade para engravidar.

DIAGNÓSTICO

A maneira definitiva de confirmar a doença é o exame de laparoscopia, que usa um tubo com luz na extremidade para ver dentro da cavidade pélvica. É um tipo de intervenção cirúrgica, que requer anestesia e exige pequenos cortes para introdução dos instrumentos de exame. Mas, com a evolução recente dos exames de imagem, as diretrizes sobre a doença indicam a laparoscopia como um método de exceção para o diagnóstico, uma vez que exames especializados conseguem detectar os focos de endometriose com 99% de acurácia. Estes exames são a ressonância magnética de pelve e a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal. Ambos utilizam metodologia específica para o diagnóstico da endometriose, porém, são poucos os laboratórios especializados que oferecem essa abordagem.  O exame pélvico (realizado através do toque vaginal pelo ginecologista) também é fundamental quando há suspeita da doença, pois as lesões de endometriose podem ser facilmente sentidas como nódulos endurecidos e dolorosos ao exame ginecológico comum.

TRATAMENTOS

A endometriose pode ser controlada com medicamentos. Para mulheres que não querem engravidar é recomendado o uso dos anticoncepcionais, que podem ser orais, injetáveis ou até o DIU de hormônio. Esta terapia interrompe a menstruação, levando o endométrio a uma atrofia por longo período, o que mantém também os focos da doença sob controle. Para as que continuam apresentando sintomas dolorosos apesar do uso de contraceptivos, é indicada a associação de analgésicos e anti-inflamatórios. A terapia com medicamentos por 6 meses é suficiente para a melhora dos sintomas da doença em cerca de 65% das mulheres. Para aquelas que não melhoram com o tratamento hormonal, ou apresentam algumas situações específicas (cistos ovarianos de endometriose maiores que 4 cm, lesões na bexiga ou ureteres, lesões intestinais graves etc.) é indicada a cirurgia para retirada de todos os focos da doença. É fundamental que a cirurgia seja realizada por um bom especialista, uma vez que a endometriose causa muitas aderências pélvicas e frequentemente invade outros órgãos (como intestinos e bexiga), tornando o procedimento cirúrgico tecnicamente difícil.

Para mulheres com endometriose que querem engravidar, a cirurgia e as técnicas de reprodução assistida (fertilização in vitro) apresentam resultados comparáveis. Nesses casos, é essencial uma minuciosa avaliação individual, pois a escolha por cirurgia ou FIV depende de diversos fatores como idade da mulher, tempo de infertilidade, sintomas, localização das lesões, tratamentos já realizados, entre outros.

Paralelamente aos tratamentos medicamentosos é fundamental manter hábitos saudáveis como uma dieta balanceada para corrigir deficiências de certos nutrientes e atenuar os sintomas da endometriose. As vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais obtidos por meio de uma alimentação adequada e de suplementos, quando for o caso, podem ajudar na recuperação da fertilidade e no alívio do processo inflamatório além de reduzir muito o sofrimento de quem convive com dor crônica, pois tais nutrientes melhoram a resistência à dor.

SINAIS DE ALERTA

Existem vários graus ou estágios de desenvolvimento da endometriose, desde mais leves, que não produzem quase sintomas, aos mais dolorosos, com processo inflamatório, formação de cistos e cicatrizes. A relação abaixo pode ajudá-la a observar eventual suspeita da doença. Se tiver a experiência de mais de um desses sintomas durante o período menstrual ou de forma crônica procure seu médico para fazer os exames necessários.

  •     Cólica menstrual intensa ou incapacitante
  •     Dor pélvica persistente, fora da menstruação
  •     Dor durante a relação sexual
  •     Infertilidade
  •     Problemas urinários durante o período menstrual
  •     Dor para defecar (principalmente se relacionada à menstruação)
  •     Fadiga
  •     Dor na região lombar

Fonte: Dr. Igor Padovesi, ginecologista do setor de endometriose do Hospital da Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

É certo lavar calcinha no banho?

Às vezes soa como praticidade: você está no banho e aproveita o tempo para lavar a calcinha, adiantando o trabalho de lavanderia. Um sabonete na roupa íntima, entre o xampu e o condicionador nos cabelos, e pendurar na torneira do box para secar. Mas será que essa rotina é saudável?

Lavar a calcinha no banho pode parecer uma economia de tempo e sabão em pó, mas para limpar adequadamente as roupas que terão contato com as partes íntimas é preciso tomar certos cuidados para que o hábito não leve a irritações, corrimentos, coceiras e alergias na vagina.

“Até podemos lavar a calcinha no box, não é proibido, mas não com qualquer produto, não de qualquer jeito. Até porque o maior vilão desse hábito não é lavar no chuveiro, e sim, deixar a calcinha secando no box.” – Bárbara Murayama, ginecologista do Hospital 9 de Julho, em São Paulo

Confira a seguir as dicas da ginecologista Bárbara Murayama e do biomédico Roberto Martins Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria.

Usar xampu, sabonete ou só a água para lavar calcinha é errado?
“Nada de produto para o corpo na calcinha, eles não foram feitos para isso”, afirma Bárbara. Segundo a ginecologista, devemos respeitar ao máximo as indicações de uso dos industrializados. “Cada coisa em seu lugar. Os produtos de saúde íntima são planejados para pH específico da vagina, para manter a flora de bactérias e microrganismos específicos”. Um xampu para cabelos lisos, por exemplo, tem uma química focada na queratina e não em áreas de mucosas delicadas. Em contato com a vagina, pode causar coceira, corrimento e queimaduras.

O que devo usar para lavar roupa íntima no banho?
O melhor é você usar um sabão líquido neutro, sem perfume e sem cor, evitando fatores alergênicos. “Você também pode usar sabonete líquido próprio para áreas íntimas ou sabonetes feitos para limpeza de calcinhas, desde que enxague bem para não deixar resíduos”, aconselha Bárbara. “É bom observar se o produto tem ação de desinfecção, o que é importante para evitar processos infecciosos como candidíase e HPV”, lembra Figueiredo.

Posso deixar a calcinha secando na torneira do chuveiro?
Nem na torneira nem na porta do box. Lugar de calcinha molhada não é no banheiro. “O local não é ventilado, tem alta umidade e a presença de água pode levar a proliferação de fungos, como o causador de corrimentos”, afirma o biomédico. “Deixar no banheiro é um erro! O ideal é secar calcinhas no sol e em lugares arejados, para evitar os germes. Além de se tornar um alvo de fungos, no banheiro tem a privada, que pode espalhar bactérias na calcinha e causar infecções vaginais”, diz a ginecologista.

Lavar com água quente é melhor do que com água fria?
A água quente ajuda se estiver fervendo. “Água morna não esteriliza ou extermina as bactérias. Você pode usar água fria, deixar secando no sol e depois passar o ferro, assim seria perfeito”, explica Bárbara. O biomédico Figueiredo afirma que o ideal seria lavar em uma temperatura de 60°C por ao menos 30 minutos, o que desinfeta e não e não agride o tecido.

Secar a calcinha com secador ajuda de alguma forma?
Infelizmente o secador não atinge o calor necessário para eliminar as bactérias, o melhor a se fazer é usar um ferro no forro da calcinha, para desinfetar a área que entra com contato com a vagina. “Mas claro que se você está em uma emergência ou viajando e precisa lavar no hotel, usar o secador é muito melhor que deixar secando em ambiente úmido”, diz a ginecologista.

Qual é o melhor jeito de lavar as roupas íntimas?
“A melhor forma é usar máquinas de lavar que consigam chegar aos 60°C por 30 minutos, mas também podemos imergir as peças em um produto desinfetante (próprio para tecidos) e depois lavar na mão ou em qualquer máquina”, afirma Figueiredo. Lembre-se de que o amaciante e sabão em pó devem ser evitados por conter agentes alergênicos. “O sabão em pó deixa resíduos por mais que a gente enxague. Confie no sabão líquido para roupas delicadas”, aconselha a ginecologista.

Na máquina, pode misturar calcinhas com outras roupas?
Não é o ideal. Quando você mistura calcinhas com calças na máquina, por exemplo, pode acabar sujando a roupa íntima. “Colocar tudo junto na máquina mistura os germes e a sujeira. Como a vagina é mais sensível, pode causar infecções. Depois de lavar roupa com sabão em pó, bata uma vez a máquina só com água para limpar e até tirar resíduos do produto”, diz a ginecologista. Porém, tudo o que tem contato apenas com seu corpo, como sutiã, pijama e até lençóis, podem ser lavados com calcinhas (desde que sem sabão em pó ou amaciante).

Fonte: Uol