Vamos dar voz ao clitóris!
Tanto escondido, quanto julgado
O clitóris é um órgão que sofreu (e ainda sofre) muito preconceito da sociedade, pois ele representa o prazer feminino. Algo que nem sempre foi bem aceito, né? Até pelas próprias mulheres.
Em 1820, o cirurgião inglês e presidente da Sociedade Britânica de Medicina, Isaac Baker Brown, teve a audácia de falar que o clitóris era uma fonte de histeria e epilepsia, e que por isso, precisaria ser removido para evitar que as mulheres enlouquecessem.
Até mesmo o Freud já deu sua opinião sobre o coitado. Disse que o orgasmos clitorianos era um sinal da imaturidade psicológica da mulher. Ele só considerava maduras, aquelas mulheres que tivessem orgasmos vaginais.
E por mais bons anos, a perspectiva cultural sobre este órgão silenciou os estudos científicos sobre o mesmo. Até hoje encontramos pouquíssimas informações, muito menos nos livros escolares.
Chega de enrolação, seguimos para os finalmentes
Aquele pontinho que enxergamos, a glande, é apenas a ponta do iceberg, pois debaixo da pele o clitóris pode chegar a 9 cm.
Sua forma é muito similar a de um pênis e possui o dobro de terminações nervosas, ganhando o pódio de zona mais erógena do corpo humano. Além disso, quando excitado, o clitóris pode aumentar em 3 vezes o seu tamanho em virtude da sua irrigação sanguínea e de seu tecido erétil, similar ao encontrado no pênis.
Até 2018, a fama do clitóris dizia respeito ao prazer sexual da mulher, mas o biomédico Roy Levin apontou que ele também era capaz de facilitar a fecundação.
Segundo ele, a estimulação do clitóris, além de enviar recadinhos para o cérebro capazes de preparar o aparelho sexual feminino para a relação, também tornaria a vagina o ambiente ideal para a sobrevivência do espermatozóide: mais quentinho, menos ácido e bem lubrificado.
Porém, todavia, entretanto, há controversas.
Ginecologistas apontam que a lubrificação pode promover alterações benéficas à fertilidade independentemente da região estimulada. Afinal, cada corpo tem sua própria sensibilidade.
A professora de anatomia Michelle Moscova da Universidade de South Wales, na Austrália, comentou que a conclusão de Levin é superficial, mas acrescenta que:
“Talvez o aspecto mais importante dessa revisão seja trazer a discussão sobre a função do clitóris de volta à ciência, porque ela tem sido fortemente influenciada por aspectos culturais”.
Fontes: Uol e The Conversation.