Clitóris pode ser importante para a fertilidade, sugere novo artigo
O clitóris, conhecido por seu papel no prazer feminino durante o sexo, pode servir também para aumentar as chances de engravidar. É o que sugere uma revisão de pesquisas publicada em novembro no periódico Clinical Anatomy pelo biomédico Roy Levin, que repercutiu bastante na imprensa internacional.
Levin, que trabalha na Universidade de Sheffield, no Reino Unido, destrinchou dados de 15 estudos. Eles indicam que a estimulação do clitóris leva a alterações fisiológicas que tornam o sistema reprodutor feminino um ambiente mais propício para a concepção.
“O mantra de que o clitóris só dá prazer ficou obsoleto”, declarou Levin, em comunicado à imprensa. “As evidências agora são óbvias”, complementa.
A função dessa estrutura é debatida há séculos — geralmente por cientistas do sexo masculino. No passado, ela foi considerada uma anomalia a ser removida, responsável por casos de “loucura feminina”.
O que o clitóris tem a ver com fertilidade?
Com a estimulação bem-sucedida, o clitóris envia sinais ao cérebro, que comanda uma mudança no aparelho sexual feminino. O fluxo sanguíneo para a vagina aumenta, assim como a lubrificação, a oxigenação e a temperatura.
Em primeiro lugar, tal rearranjo facilita a ejaculação do homem. Acima disso, essas alterações ajudariam o espermatozoide a se deslocar pelo canal vaginal e fertilizar o óvulo.
Tem polêmica na história
Algumas pesquisadoras questionam se encontrar uma explicação reprodutiva para o clitóris não seria uma maneira de minimizar a satisfação feminina. Em um artigo para o British Journal of Psychotherapy, a psicoterapeuta Joanna Ryan escreveu: “Estamos de novo na situação em que a experiência sexual e o prazer das mulheres são subordinados a sua função como reprodutora”.
Outro ponto discutido é que mudanças fisiológicas importantes para a fecundação ocorrem quando a mulher fica excitada, e não necessariamente por causa do clitóris. Sim, há muitas outras maneiras de fazer isso.
“A lubrificação decorrente do orgasmo, não importa de onde ele vem, já promove alterações benéficas à fertilidade”, comenta Thais Domingues, ginecologista da Huntington Medicina Reprodutiva.
Michelle Moscova, professora de anatomia da Universidade de South Wales, Austrália, escreveu ao site The Conversation que a conclusão de Levin é controversa, e requer maior investigação: “Talvez o aspecto mais importante dessa revisão seja trazer a discussão sobre a função do clitóris de volta à ciência, porque ela tem sido fortemente influenciada por aspectos culturais”.
Ganhando mais atenção nas pesquisas, quem sabe ele também não passe a ser mais ativado entre quatro paredes?