Principais Questões sobre DIU de Cobre x DIU Hormonal: diferenças e indicações

Sistematizamos as principais questões abordadas durante Encontro com o Especialista Márcio Lamblet, médico ginecologista do IFF/Fiocruz, realizado em 18/08/2022.

Na abordagem sobre contracepção é necessário que o profissional de saúde forneça informações de qualidade e ajude na escolha que mais se adeque às necessidades da mulher. Existem inúmeros métodos contraceptivos disponíveis no SUS, incluindo métodos de longa e curta duração, hormonais e não hormonais e os métodos de barreira.  O método anticoncepcional de longa duração (LARC) é o método mais utilizado mundialmente.

O DIU (Dispositivo Intrauterino) é um método anticoncepcional de barreira, podendo ser hormonal (com progesterona) e não hormonal (DIU de cobre), cuja haste é revestida por uma camada de cobre.

Os dois tipos de dispositivos são plásticos, medem cerca de 30mm, sendo considerados métodos contraceptivos seguros, reversíveis, eficazes e associados a poucos efeitos colaterais, com taxas de falhas extremamente baixas.

 

Indicações para o uso de DIU

  • Desejo de método anticoncepcional de longa duração para mulheres em idade reprodutiva, incluindo a adolescência
  • Método anticoncepcional de emergência, podendo ser colocado a qualquer momento do ciclo
  • Controle de sangramento uterino aumentado (DIU hormonal)
  • Controle de dismenorréia (DIU hormonal)
  • Opção contraceptiva para mulheres com histórico pessoal e familiar de trombose
  • Manutenção de anticoncepção pré captação de óvulos (reprodução assistida), sem piorar o desfecho do procedimento

 

Contraindicações para o uso de DIU

  •  Distorção importante da cavidade uterina
  • Doença inflamatória pélvica ativa
  • Gravidez conhecida ou suspeita
  • Doença de Wilson ou alergia ao cobre
  • Sangramento uterino anormal sem causa definida

 

Tipos de DIU

  • Os DIUs não hormonais existentes no mercado são o DIU de Cobre (TCu-38) e DIU de Cobre com Prata.
  • A escolha do melhor dispositivo varia com a individualidade, devendo ser conjunta entre o profissional e a mulher. Na rede pública de saúde, o DIU de cobre (Tcu-380) é a opção disponível, com validade de 10 anos desde o dia de sua inserção.
  • O mecanismo de ação principal do DIU não hormonal é uma reação inflamatória citotóxica, que funciona como espermicida, alterando a mobilidade e migração dos espermatozóides. Além disso, provoca alterações endometriais, que comprometem a nidação. O DIU de Cobre é mais indicado para mulheres que apresentam um ciclo menstrual regular com pouca ou nenhuma cólica e que tenham uma duração e intervalo regular desse ciclo sem ter um fluxo menstrual muito intenso, pois os principais efeitos colaterais são aumento do fluxo menstrual e cólicas intensas, que normalmente diminuem após 3 meses de uso.
  • Já os DIUs hormonais possuem o hormônio levonorgestrel, responsável por causar amenorréia em até 60% das usuárias. Entre as mulheres que continuam menstruando, o fluxo passa a ser bastante reduzido, melhorando a qualidade de vida das mulheres que possuem fluxos e cólicas intensas na menstruação. A validade do principal DIU hormonal é 5 anos e ele não faz parte do rol de contraceptivos disponíveis no SUS.

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Figura 1. Tipos de DIU

 

Critérios para a inserção do DIU

Para inserção de um dispositivo intrauterino é necessário que o profissional de saúde saiba que a mulher não está grávida e que ela não apresente nenhum sinal ou sintoma de gravidez. Os critérios abaixo podem ser utilizados para essa definição:

  • Essa inserção pode ser feita durante a menstruação ou até 7 dias após o início da menstruação normal;
  • Não ter tido relações sexuais desde o início da última menstruação normal;
  • Ter usado corretamente e consistentemente um método confiável de contracepção;
  • Menos de 7 dias após um abordo espontâneo ou induzido;
  • Dentro de 4 semanas no pós-parto; ou
  • Estar em aleitamento materno exclusivo ou quase exclusivo, em amenorréia e antes de 6 meses pós-parto.

Importante: Em relação à inserção do DIU no pós-parto, o melhor momento é dentro dos primeiros 10 minutos após a expulsão da placenta. No entanto, também pode ser inserido a qualquer momento dentro de 48h após o parto, ou até 12 dias após o abortamento. Caso a inserção não tenha sido feita nas condições anteriores, o recomendado é que se espere até 4 semanas de puerpério.

Técnica para a inserção de DIU, segundo Ministério da Saúde (2018):

  1. Explicar o procedimento à mulher e esclarecer suas dúvidas. O procedimento pode ser bastante doloroso para algumas mulheres, realizar as etapas com delicadeza e monitorando a resposta da mulher;
  2. Realize em toque vaginal bimanual para correta avaliação da posição do útero;
  3. Colocação de espéculo vaginal com adequada exposição da cérvice;
  4. Realizar o pinçamento do lábio anterior do colo uterino com pinça de Pozzi;
  5. Histerometria cuidadosa – reavaliar posição uterina e tamanho da cavidade;
  6. Inserção de DIU dentro da camisa do aplicador do fabricante;
  7. Retirada do aplicador e corte de fio aproximadamente 2cm de orifício externo. 

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Figura 2. Técnica de inserção de DIU ambulatorialmente. Fonte: MS, 2018.

De acordo com o Ministério da Saúde (2018), não é obrigatória a realização de ultrassom anteriormente e após a inserção do DIU, exceto na suspeição de má formação uterina. Para acompanhamento, o Manual recomenda o controle de comprimento de fio pelo colo de útero anualmente.

O DIU normoposicionado deve estar totalmente acima do orifício interno, o eixo longitudinal não rotacionado e sem perfurar as camadas miometrial ou serosa uterinas.

O DIU deve ser retirado dentro do prazo da validade proposto pelo fabricante.

Para saber mais sobre o DIU de cobre e desmistificar seu uso, acesse a cartilha do Fundo das Nações Unidas para Populações (UNFPA):Desmistificando o uso do DIU.

Referência

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual Técnico para Profissionais de Saúde : DIU com Cobre TCu 380A / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2018.