Um romance chamado Maternidade

Ser ou não ser mãe? Parece uma pergunta simples, mas poucas mulheres fazem. Segundo a escritora Sheila Heti, maioria das mulheres tem medo de se fazer essa pergunta. Refletir sobre a resposta traz culpa à elas.

A sociedade cobra um grande “sim, quero ser mãe!”, sem levar em consideração as vontades pessoais das mulheres. Dizer não à maternidade é visto como uma atitude egoísta e exige infinitas justificações. “Mas por que você não quer ter filhos?”

“Ninguém pergunta a alguém que tem filhos por que teve, mas se você não tem, precisa responder por que não teve”, diz a escritora.

O livro “Maternidade”, foi a forma que Sheila encontrou para abrir um espaço de discussão e reflexão interior sobre os dilemas da mulher moderna. A questão principal não é ser ou não ser mãe, e sim ter a autonomia e a coragem de se perguntar isso sem ter medo de aceitar a sua própria resposta. Para responder a si mesma, é necessário se isolar de tudo e escutar a sua voz interior, a sua intuição. É avaliar os seu valores de vida, as suas vontades, sonhos e desejos, é se desprender do que a sociedade exige de você. É dizer para si mesma que você não é culpada.

Este livro surgiu para tirar as mulheres do inconsciente, para retirar a pergunta do campo retórico e torná-la subjetiva e pessoal. O mais interessante de todo esse universo é que tem muitas mulheres que nem a resposta tem.

A escritora, então, faz novas perguntas que devem anteceder a questão de ser ou não ser mãe.

“Por que eu não sei responder esta pergunta?”

“Quais são as forças que me impedem de saber?”

Decidir não mãe ainda é uma atitude muito corajosa e pouco representada. Esta decisão é sempre rebatida com a resposta “você vai se arrepender”.

Arrependimentos são imprevisíveis. Mulheres que decidiram ser mãe também podem se arrepender. Mas Sheila abre novo campo de reflexão: qual o problema de se arrepender?

“Não há como ter 100% certeza de nada, porque há sempre uma perda em qualquer decisão que é tomada.”

E não há como deixar de lado o que é vendido para as mulheres sobre maternidade, que é a sensação de se sentir completa.

No entanto, realidade diz o contrário: 98% das mães não se sentem completas com um filho.

O livro não é contra ter filhos. Ele é contra a pressão em cima das mulheres perante  à decisão de ter filhos. Dar à luz transforma a vida da mãe por completo, do corpo à rotina. Até mesmo as relações, profissionais e pessoais. Então é ela que tem que decidir, é ela que deve refletir se é ter um filho que ela deseja. Ou se a outras vontades mais importantes. Pensar em si mesma não é egoísmo, é revolucionário.