Comunicação na busca pelo prazer

Estudos realizados no Brasil apontam que 49% das mulheres e 33% dos homens possuem algum tipo de queixa ou problema sexual. E, na grande maioria dos casos, a solução para a questão está dentro de casa e se chama comunicação. “Primeiramente é preciso esclarecer que uma boa vida sexual não está relacionada à quantidade de relações, essa necessidade varia de pessoa para pessoa, mas sim à qualidade delas.

Para que essa qualidade seja alcançada, é preciso que exista intimidade, boa comunicação sexual, respeito e comprometimento entre os parceiros. É necessário que se entenda que as respostas sexuais da mulher e do homem são diferentes. Nas mulheres, ela é mais centrada no desejo e na excitação, e nos homens na ejaculação. É preciso, especialmente para a mulher, uma atenção maior no que antecede a relação sexual, além de dedicação do parceiro sobre preliminares.

É sabido que uma mulher leva algo em torno de vinte minutos para alcançar uma excitação adequada. O homem demanda muito menos tempo. Essas diferenças podem atrapalhar e devem ser solucionadas com conversas francas, mesmo porque não existe uma fórmula mágica, somos seres individuais, com particularidades próprias”, explica a doutora Lucia Alves Lara, mestre-doutora em ginecologia e obstetrícia pela Universidade São Paulo (USP) e presidente da Comissão Nacional Especializada em Sexologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

Muitas vezes a rotina toma conta do casal, especialmente naqueles que estão juntos há muito tempo. Estudos nesse sentido apontam que 52% das mulheres com mais de 10 anos de matrimônio acabam tendo relações sexuais sem um desejo espontâneo.

“A repetição de estímulos, em tempos cada vez menores, pode levar a um caminho sexualmente equivocado. Mais uma vez o diálogo é ferramenta poderosa para reverter a situação. É essencial que o casal busque momentos íntimos, exclusivos, como tomar uma taça de vinho a sós, ir a um cinema. Procurar se afastar um pouco do círculo de amizades e até mesmo dos filhos. Olho no olho, aproveitar o momento para falar abertamente sobre a relação. O que se pode mudar para retomarmos o desejo sexual? Novas fantasias, novas carícias, estímulos? Esse deve ser sim um caminho para enfrentar as dificuldades”, fala Dra. Lucia.

Terapia Sexual

Uma relação aberta com seu ginecologista também é recomendada. Atualmente são profissionais capacitados para lidar com as queixas sexuais das mulheres. “Quando identificada a causa, ou ele mesmo resolve, ou encaminha para um sexólogo, profissional especializado em terapia sexual.

Traumas psíquicos também podem ser fatores determinantes para uma vida sexual ruim. Um sexólogo ajudaria e muito a esclarecer diversos pontos. Muitas mulheres nem sabem que esse profissional existe. O desconhecimento é tamanho que até mesmo a questão do orgasmo feminino é uma incógnita para grande parte delas.

O orgasmo caracteriza-se por contrações fortes, por cerca de 8 segundos, seguida de um relaxamento. Ou por uma contração única, prolongada. Algumas mulheres acham que têm que expelir líquidos, assim como os homens, tamanha é a falta de informação. E 90% delas necessitam de um estímulo no clitóris para alcançá-lo”, afirma Dra. Lucia.

É sabido, porém, que a questão da falta de desejo sexual também pode estar relacionada a alguma doença, como o hipotireoidismo, que causa uma baixa na libido. Ou ainda, uma queda hormonal por conta da menopausa. Avaliações clínicas por parte do ginecologista podem ajudar nessas elucidações. Nos homens, a disfunção erétil e a ejaculação precoce são comuns e precisam ser tratadas por um urologista. “O importante é ter a consciência que a busca para uma melhor vida sexual passa por uma boa comunicação. Seja com o parceiro, marido ou com um profissional da medicina especializado nessa área. A troca de informações é essencial para solucionar os problemas e, consequentemente, trazer novamente uma vida sexual de qualidade”, conclui Dra. Lucia.