Candidíase de repetição

A cândida é um fungo que vive em harmonia conjuntamente com a flora vaginal, mas quando a nossa imunidade cai, ela passa se proliferar e provoca o que chamamos de candidíase.

Além da ardência e coceira, manifesta-se também aquele corrimento branquinho, com uma textura similar a de coalhada.

Toda mulher vai vivenciar a candidíase em algum momento da vida, e tudo bem! Faz parte e costuma ser fácil de tratar. O problema é quando ela vence todos os tratamentos e se repete constantemente.

Quando isso acontece, é importante ficar atenta à questões emocionais. Muitas vezes, o nosso corpo somatiza conflitos mentais que estamos evitando lidar. A somatização não é nada mais que um alerta para você tomar alguma atitude!

Se o seu caso for candidíase de repetição, além de procurar um ginecologista, também procure uma terapeuta para conversar sobre tudo o que você está passando. Entender o seu contexto de atual de vida e como ele faz te sentir, vai ajudar a melhorar todo esse incômodo, físico e mental.

A alimentação também entra na jogada, tanto como aliada como inimiga. Preste atenção no que você anda comendo. Evite consumir açúcar refinado em excesso, massas e carboidratos no geral.

 

Fonte: Lasciva Lua

TPM é ruim, mas você já ouviu falar de TDPM?

Só quem menstrua sabe o que é TPM. De repente, você se vê irritada com qualquer acontecimento, extremamente sensível e desejando loucamente aquele chocolate do armário!

O inchaço da as caras, a cólica diz “oi sumida”, sono se despede e as idas ao banheiro se tornam mais frequentes.

Lembrando que não podemos generalizar, pois há sempre excessões em todos os casos.

Existem pessoas que simplesmente não tem TPM e pessoas que tem algo muito pior, a TDPM.

O Transtorno Disfórico Pré-menstrual é mais provável de acontecer em organismos em que a queda da serotonina, hormônio responsável pelo bom humor, é mais alta e que contam com uma predisposição genética. Ele atinge entre 8% e 10% das pessoas que menstruam e pode provocar:

  • Ira;
  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Pensamentos de desesperança;
  • Palpitação;
  • Queda da imunidade;
  • Crises de pânico;
  • Tensão muscular;
  • Distúrbios de sono e fome;
  • Alterações de humor severas;

Estes sintomas geralmente aparecem entre 1 e 2 semanas antes da menstruação e somem com a chegada dela.

A TDPM exige tratamento profissional, mas o diagnóstico pode começar em casa.

Anote em um caderninho como você se sente ao decorrer dos dias e, principalmente, o momento em que a menstruação desce. A partir deste exercício é possível descobrir se os sintomas tem relação com a menstruação ou não.

Ao perceber que os seus sintomas são severos e te transformam em outra pessoa, procure um ginecologista e converse com o profissional abertamente sobre o assunto.

Antes de qualquer intervenção medicamentosa, é essencial buscar tratamentos que estimulem naturalmente a produção de serotonina, como:

  • Alimentação saudável, com destaque para alimentos constituídos por carboidratos complexos, cálcio e vitamina bc, responsáveis por melhorar o humor;
  • Terapia de longo ou curto prazo ( como hipnose ou PNL);
  • Atividade física, se possível;
  • Exposição ao sol;
  • Meditação;
  • Desenvolvimento de técnicas para controlar a ira.

Se os sintomas persistirem mesmo assim, será necessário partir para antidepressivos mais leves chamados de inibidores de receptação da serotonina e, em último caso, a pílula anticoncepcional, pois ela pode provocar outros efeitos colaterais desagradáveis.

A dica mais importante é o autoconhecimento. Evite tomar grandes decisões nos períodos que antecedem a menstruação. Nestes momentos, você está sob grande influência dos hormônios.

Mulheres são mais vulneráveis ao HIV

HIV não é sinônimo de AIDS

HIV é a sigla para Vírus da imunodeficiência humana. Este vírus é contraído por meio de relações sexuais, de mãe para filho durante a gravidez ou amamentação, por meio de transfusão sanguínea, seringas e objetos cortantes contaminados. 

A fase inicial da contaminação por HIV é chamada de Síndrome Retroviral. Em muitos casos, ela pode apresentar diversos sintomas temporários, mas que não aparentam sérios por serem confundidos com uma gripe ou virose. Entre eles, estão:

  • Febre Alta
  • Fraqueza
  • Lesões de Pele
  • Dor de Garganta
  • Linfonodos Palpáveis e Indolores
  • Perda de Peso
  • Diarréia
  • Suores Noturnos
  • Dores Musculares

Após aproximadamente 4 semanas, os sintomas desaparecem e o paciente entra na fase latente. Esta fase é assintomática, no entanto, tem o potencial de destruir todo o nosso sistema de defesa, assim, causando a a Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

Daí que surge a importância de se realizar exames periódicos, pois contrair HIV não é sinônimo de contrair AIDS. Quanto antes o diagnóstico for feito, maior será a efetividade do tratamento e, consequentemente, menores serão os danos do sistema imunológico, protegendo o corpo da AIDS.

Os tratamentos de hoje permitem que diversos indivíduos portadores de HIV vivam uma vida inteira saudável sem sequer chegar no estágio da AIDS.

Por que as mulheres estão mais vulneráveis ao HIV?

A superfície do órgão genital feminino é muito maior nas mulheres do que nos homens. Por ser externa, a mucosa da vagina acaba se tornando porta de entrada para o HIV ao ter contato com o esperma soropositivo.

Segundo Rowena Johnston, vice-presidente da Fundação Americana para a Pesquisa da AIDS (amfAR), há indícios de que as próprias defesas do organismo feminino contribuam para facilitar a propagação do vírus pelo corpo.

De acordo com a especialista, a mulher teria um sistema imune mais ativo, o que, em se tratando de vírus como o HIV, pode ser algo ruim. “Como o sistema imunológico passa o tempo todo tentando, sem sucesso, combater esse agente infeccioso, eventualmente ele pode falhar e parar de responder como deveria”, informa Rowena.

Vulnerabilidade social

Além das questões físicas, há também questões sociais. Muitas mulheres casadas não acham que podem contrair a doença do marido, e há solteiras que costumam ter dificuldade em negociar o uso do preservativo com o parceiro. “Sem falar que as mulheres estão muito mais sujeitas a sofrerem violência sexual”, lembra Rowena Johnston, que também é diretora de pesquisa da amfAR.

Aids e mulheres em números: por que você deve ficar alerta

  • Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres representam mais da metade das pessoas infectadas pelo vírus HIV no mundo inteiro.
  • De todas as mortes causadas pela aids no Brasil até 2012 28,4% ocorreram entre mulheres, de acordo com o Boletim Epidemiológico Aids HIV/Aids 2013.
  • O documento do Ministério da Saúde também aponta que a única faixa etária em que o número de casos de aids é maior entre as mulheres é de 13 a 19 anos.
  • No sexo feminino, 86,8% dos casos registrados em 2012 decorreram de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV, segundo o boletim.

 

Prevenção e cuidados

Camisinha

A camisinha ou preservativo continua sendo o método mais eficaz para prevenir muitas doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids, a sífilis, a gonorreia e alguns tipos de hepatites em qualquer tipo de relação sexual (anal, oral ou vaginal), seja homem com mulher, homem com homem ou mulher com mulher.

Cuidado com objetos cortantes

Devido a possibilidade de se transmitir o vírus HIV durante o compartilhamento de objetos perfuro-cortantes, que entrem em contato direto com o sangue, é indicado o uso de objetos descartáveis. Se os instrumentos não forem descartáveis, como lâmina de depilação, navalhas e alicates de unha, é recomendável que se faça uma esterilização simples (fervendo, passando álcool ou água sanitária).

Atenção à transfusões sanguíneas

O contagio de diversas doenças, principalmente do vírus HIV, através da transfusão de sangue e da doação de órgãos tem contribuído para que as instituições de coleta selecionem criteriosamente seus doadores e adotem regras rígidas para testar, transportar, estocar e transfundir o material. Estes procedimentos estão garantindo cada vez mais um número menor de casos de transmissão de doenças através da transfusão de sangue e da doação de órgãos.

Prevenção no uso de drogas injetáveis

Os usuários de drogas injetáveis também precisam tomar alguns cuidados: Ter matérias de uso próprio (seringa, agulha, etc) e não compartilhá-los com outros usuários; Não reutilizar as agulhas e seringas; Descartar os instrumentos em local seguro, dentro de uma caixa ou embalagem.

Gravidez

É importante que toda mulher grávida faça o teste que identifica a presença do vírus HIV. Se o exame for positivo, a gestante vai receber um tratamento adequado para evitar a transmissão para o filho na hora do parto.

A gestante soropositiva recebe ao longo da gravidez e no momento do parto medicamentos indicados pelo médico. Até as seis primeiras semanas de vida, o recém nascido também deverá fazer uso das drogas.

Como a transmissão do HIV de mãe para filho também pode acontecer durante a amamentação, através do leite materno, será necessário substituir o leito materno por leite artificial ou humano processado em bancos de leite que fazem aconselhamento e triagem das doadoras.

Um furacão chamado menopausa

Resumidamente falando, menopausa é a data que marca a última menstruação – ela ocorre, em média, entre 48 e 51 anos de idade, devido à interrupção da produção dos hormônios femininos pelos ovários.

No entanto, para a maioria das mulheres, ela é muito mais que uma mera alteração hormonal. A menopausa é uma fase marcante, que traz um turbilhão de emoções, mudanças e sofrimentos. É um momento que a mulher deve ser forte, por mais que seu corpo diga o contrário. É um momento para repensar e reconstruir sua vida a partir das novas oportunidades que surgem.

Perimenopausa

A perimenopausa é ponto de partida.  É período em as alterações hormonais começam, como a queda de estrogênio e da progesterona. Estas oscilações deixam a mulher maluca, ou melhor, mais vulnerável fisicamente e psiquicamente. As ondas de calor também chegam com tudo, e vem muito bem acompanhadas de  desânimo, a irritabilidade, inclusive insônia perda de memória.

Questões sexuais, então? Vish! Perda de libido e dores durante o ato são as principais. As dores são consequência do afinamento do epitélio e da redução da lubrificação por conta da falta de estrogênio, sua produtora.

Menopausa

Depois do sufoco, ainda vem mais sufoco.  Além dos fatores hormonais, outros desafios surgem para bagunçar a vida das mulheres. Um deles é relação com sua família, amigos e consigo mesma. Filhos crescidinhos e morando sozinhos, relações amorosas recentes ou tão antigas que precisam de manutenção e amigos mais distantes.

Um fator que torna o desafio ainda maior, é a mudança de personalidade. Pois é, aquela sua amiga que era super extrovertida e topava tudo, agora não sai mais de casa e está sempre desanimada. Querendo ou não, estas alterações afetam o autoestima, a relação consigo mesma e a relação com os outros.

Como ajudar?

É importante analisar a vida desta mulher de cabo a rabo, para poder compreender a potência dessas mudanças em sua vida. Como um terapeuta vai saber se a personalidade de sua paciente mudou se ele não faz ideia de como ela era antes? Quanto mais detalhes, melhor será o tratamento.

Inclusive, é comprovado cientificamente que mulheres que tiveram depressão pós-parto e TPM são mais suscetíveis a desenvolver problemas psicológicos na menopausa.

A reposição hormonal também é uma alternativa, mas que não é ideal para todas as mulheres. Sua escolha é interessante em casos de desânimo, alteração de humor, irritabilidade e insônia.

E não, reposição hormonal não engorda!

O que engorda é a redução da atividade metabólica que vai se agravando durante a vida.

O que pode ser feito por você!

A mudança de hábitos de vida é fundamental. Dedicar-se a atividades que lhe deem prazer, resgatem sua autoestima e te estimulem mentalmente. É importante aceitar novos desafios, buscar o convívio com os amigos e rever o tipo de relacionamento e vínculo estabelecido com as pessoas da família.

Atividade física também é fundamental. Além de prevenir a osteoporose, está provado que melhora o humor e a memória. O exercício físico não só aumenta a secreção de endorfinas, praticamente um analgésico natural, mas também aumenta a secreção de serotonina, um hormônio neurotransmissor que interfere positivamente no estado afetivo da mulher.

Pós-menopausa

A mulher na pós-menopausa pode contar com recursos médicos que garantem qualidade de vida em todas as suas funções, inclusive na sexualidade. O primeiro passo, portanto, é lutar contra o estigma e o preconceito vigente. Para tanto, abordamos o marido e os filhos dessas mulheres, pois as relações familiares pesam muito na gênese das alterações comportamentais da menopausa.

Vagina Museum

Em novembro de 2019, foi inaugurado o Museu da Vagina em Londres. Graças a deusa!

O museu nasceu graças a uma campanha de arrecadação que recebeu 50 mil libras (R$272 mil) de mais de mil doadores. A entrada é gratuita, mas o museu ainda aceita doações de visitantes e vende dezenas de produtos relacionados à vagina.

A vagina sempre foi um órgão pouco falado, escondido e censurado por mitos e suposições:

“Vagina fede”

“Pelos são nojentos”

“Menstruação, que horror”

“Ob tira a virgindade”

O museu veio para destruir todas essas afirmações e muitos outros, que na verdade chegam ser ofensas de tão absurdas e que podem causar problemas de saúde! Por exemplo, passar desodorante nas partes íntimas, ou depilar tudo e até mesmo limpar por dentro. Tudo isso faz um mal danado para a saúde vaginal, que é limpinha por sinal, viu?

A educação anatômica também é parte do conjunto da obra. Afinal, quase todo mundo acha que o clitóris é minúsculo, sendo que ele tem cerca de 8cm! Aquela coisinha é só a ponta do iceberg, meu bem!

A dá voz para a comunidade LGBT e mostra que nem toda as mulheres tem vagina e vulva e nem todo mundo que tem vagina e vulva é mulher.

O museu da vagina não é só para quem tem vagina, é para toda a sociedade. Finalmente chegou o momento em que podemos falar abertamente sobre este órgão tão importante que só foi estudado pela primeira vez em 1998! 

Check list pós-sexo

Sexo é bom! Melhor ainda é cuidar da saúde vaginal quando ele termina e seguir sua vida muito bem, obrigada!

Seguem algumas dicas para continuar pleníssima após relações sexuais.

Faça xixi após a relação

Durante uma relação sexual, com ou sem camisinha, as bactérias do ânus se aproximam da uretra e da vagina e além disso, a penetração pode criar microfissuras que são porta de entrada para essas bactérias. Por isso, é importante fazer xixi após o sexo para eliminar os microorganismos e evitar as chances de desenvolver uma infecção urinária.

Na hora de se limpar, é fundamental o papel higiênico de frente pra trás, da vulva para o ânus. Assim, os organismos dos ânus não passam para a vagina.

Limpe a vagina

Além de fazer xixi após a relação,  é aconselhável limpar a região externa da vagina suavemente com sabonete neutro ou íntimo para que não se remova a camada de gordura protetora. Não se preocupe com a higienização interna, pois a vagina dá conta de tudo!

Dê um espaço pra ela

Vulva e vagina ficam quente e úmidas, elas precisam respirar. Deixe os tecidos sintéticos de lado, porque eles abafam e muito. O ideal é dormir sem nada, no máximo uma lingerie de algodão ou pijamas larguinhos.

A umidez é o ponto de encontro para as bactérias!

Hidrate-se

Relações sexuais necessitam de esforço físico, como se fosse um exercício mesmo! Então é bom tomar água para recuperar tudo que foi perdido por meio do suor. Pode não parecer, mas a desidratação afeta todo o corpo, inclusive a vagina.

Cuidados íntimos para o verão

Xô umidade e abafo!

Aproveite a piscina, mergulhe no mar, mas não fique o dia inteiro com roupa de banho molhada. Um ambiente úmido e quente é perfeito para a proliferação dos fungos que moram na vagina. Quando estão em pouca quantidade, não há problema algum, mas tudo em excesso faz mal.

Mantenha a parte de baixo da roupa de banho bem ventilada e no sol, para que ela sempre seque. Assim que chegar em casa, já para o banho bem tomado para tirar todos os resquícios de sal, cloro, areia e suor. Um cuidado tão simples pode evitar aquela coceira insuportável, irritação, ardência e até mesmo candidíase.

Nem pense em sabote perfumado!

Essa dica não é só pro verão e sim para a vida toda. Sempre lave a vulva, a virilha e o meio do bumbum com sabonete neutro. Nossas partes íntimas são muito sensíveis, então não é aconselhável usar produtos com muitos componentes químicos, como perfume e corante.

Disclaimer: Jamais lave por dentro do canal vaginal. A natureza a fez capaz de realizar a auto-limpeza.

Também é aconselhável limpar as roupas de banho e as calcinhas com sabonete neutro!

Evite roupas apertadas e de pouca ventilação

A virilha sofre tanto no calor, sua que só! Ela chega a sufocar quando usamos aquele shortinho apertado. O abafamento pode alterar o nosso ph vaginal, além de gerar mal odor.

Aposte em mais leves, barquinhas e arejadas.

Tecidos sintéticos, pode?

Poder pode, mas o ideal é usar roupas de tecidos naturais, como o famoso algodão. Esse material permite a transpiração da pele, evitando aquele abafamento citado anteriormente.

Aposente o carefree

Sabia que os mini protetores absorventes contem um monte de químicos? Todos esse componentes são absorvidos pela nossa vulva, facilitando uma possível reação alérgica. A calcinha já é suficiente e o corrimento fisiológico faz parte da saúde da mulher. Não há porque ter nojo.

Calcinhas absorventes são uma boa alternativa para mulheres que não se sentem vontade sem carefree.


Maneire na depilação

A depilação total pode ser considerada esteticamente legal, mas já não se pode dizer que é tão legal quando o assunto é saúde íntima. Os pelos estão lá por um motivo: para proteção.

Evite depilar no mesmo dia que você for usar roupa de banho, pois o corpo fica com feridinhas após a depilação. Essa feridinhas são a porta de entrada para microorganismos que causam inflamações e infecções cutâneas.

Depressão pós-parto

Nove meses de expectativa não é pouco! Quantos cenários já foram imaginados?

O bebê nascendo, o bebê mamando, o quartinho, as roupinhas, a primeira palavra, o primeiro passo, as fotinhos, enfim, todos os momentos que estão por vir alimentam as expectativas da mãe.

A bolsa rompe, o trabalho de parto começa…Vish! É um stress que só. Mas o bebe acaba nascendo e a emoção é grande: finalmente todos as fantasias maternas vão se realizar.

Só que em 80% dos casos acaba não sendo assim. Por diversas razões.

Durante a gravidez, além das altas expectativas,  também ocorre um pico nos hormônios, principalmente no estrogênio e na progesterona, que se associam ao humor. Assim que a mãe dá a luz, esses níveis despencam e podem causar uma tristeza fisiológica na mulher, chamada de Baby Blues.

Essa tristeza costuma aparecer alguns dias depois do parto e dura no máximo 15 dias. A mulher é tomada por uma sensação de melancolia e desânimo, acompanhados de um certo cansaço e frustração. Mas nada que atrapalhe sua vontade de viver, seus interesses e seus cuidados com o bebê.

Além das questões fisiológicas também tem a questão da privação de sono e da mudança da rotina, que podem dar uma balançada no humor!

Depois de duas semanas, a compensação de hormônios retorna, a mãe se adapta à nova rotina e ao novo ser que a acompanha, e tudo volta ao normal. O problema é quando essa tal tristeza vai aparecendo gradativamente, até que em um mês ou em até seis meses após o parto, ela se torna um fardo na vida da mulher.

Aí já é motivo de preocupação. A mãe sente um desânimo descomunal, que bagunça a sua rotina, rouba seus interesses e a afasta de todos, inclusive do seu filho. Nessa ocasião, o motivo é a depressão pós-parto.

 Segundo revelam as estatísticas americanas, a depressão pós-parto acomete em torno de 10% a 15% das mulheres.

Mulheres que já tiveram depressão em algum momento da vida apresentam grandes chances de ter depressão-pós parto, mesmo que já tiverem tratado. Inclusive, se a depressão ocorreu logo após o nascimento do primeiro filho, a chance de ter novamente após o nascimento do segundo filho é de 50%.

Infelizmente, muitas mães não bola para o que estão sentindo, muito menos as pessoas à sua volta. E isso não deve acontecer. A depressão pós-parto tem a mesma gravidade que uma depressão comum e vai muito além da relação de mãe e filho. Ela afeta todas as esferas da vida da mulher.

Tratamento

São indicados alguns antidepressivos específicos que passam menos para o leite materno e o esquema é discutido com a mulher. Uma das sugestões é desprezar o leite colhido algumas horas depois de tomada a medicação, aquele em que os componentes da droga estão mais concentrados, e oferecer o colhido mais tarde. Isso diminui a exposição da criança ao antidepressivo e permite utilizá-lo durante o aleitamento.

 O tratamento medicamentoso é sempre fundamental. Embora algumas depressões desapareçam espontaneamente, uma porcentagem significativa se cronifica. E tem mais: se não for tratado, o episódio agudo pode deixar um resíduo que se confunde com a distimia, uma forma de depressão mais leve, crônica, que interfere na capacidade de raciocínio e no desempenho funcional. Muitas vezes, essa depressão contínua é considerada um traço da personalidade da mulher e nenhuma providencia efetiva é posta em prática.

Como a depressão em geral tem múltiplos fatores determinantes, isto é, não é provocada só por condições biológicas, mas tem fatores sociais e familiares envolvidos, a psicoterapia individual ajuda a mulher a lidar melhor com o problema e a descobrir que tem um potencial que precisa ser estimulado.

Psicose Puerperal

 Depressão pós-parto e psicose puerperal são quadros muito diferentes. Felizmente, os casos de psicose são raros. A prevalência é de um caso para cada cem mil nascimentos.

O início da psicose puerperal é precoce. Durante a primeira semana depois do parto, a mulher perde o contato com a realidade e começa a acreditar em coisas que não existem, a ouvir vozes, a ter a sensação de incorporações com entidades, delírios e crenças irracionais.

Fonte

Personal trainer da musculatura vaginal

Pompoarismo é uma técnica milenar tailandesa que consiste em treinar a musculatura vaginal por meio de exercícios para fortalecê-la e usufruir dos benefícios. A prática também estimula a conexão da mulher com o seu próprio corpo e o conhecimento das suas partes mais sensíveis, colaborando para o a autonomia corporal e o e o autoestima.

No entanto, quando feito sem assistência de profissionais, o pompoarismo pode não só fazer diferença alguma, como prejudicar a saúde da mulher.

O movimento dos músculos vaginais em excesso ou de forma despreparada podem gerar uma disfunção no assoalho pélvico, e, consequentemente, o aparecimento de problemas intestinais, urinários, e até mesmo de dores durante o sexo.

Quando a ideia surgir na mente, a primeira pessoa a se procurar é um fisioterapeuta. O profissional vai avaliar o seu corpo e propor um que não o prejudique, além de ensinar a forma correta de contrair o assoalho pélvico. A fisioterapia pélvica leva em consideração:

-Reflexo: capacidade de contrair a musculatura por um comando recebido pelo cérebro;

-Controle: capacidade de contrair e relaxar. Mulheres com incontinência urinária podem apresentar dificuldade nesta etapa.

-Coordenação: capacidade de contrair e relaxar sem apertar o bumbum, a perna ou a barriga;

-Tônus: tensão do músculo relaxado;

-Força: força da contração medida pela palpação vaginal;

-Resistência: por quanto tempo os movimentos são mantidos.

Após as instruções, é necessário manter as consultas com o fisioterapeuta para que ele possa acompanhar a evolução da musculatura vaginal, o surgimento de algum problema e também para  montar novos treinos.

Fez tudo certinho? Aproveite os benefícios!

  • Redução das cólicas menstruais e dos sintomas da menopausa
  • Auxílio na preparação do parto e na recuperação pós-parto
  • Melhora do funcionamento do intestino
  • Tratamento da incontinência urinária
  • Combate a flacidez vaginal
  • Aumento da lubrificação e da libido
  • Autoconhecimento
  • Habilidade de contrair a musculatura vaginal durante o sexo

Qualidade de vida nos mínimos detalhes

O corpo e a mente estão sempre juntos, na saúde e na doença. A função dos cuidados paliativos é cuidar e fortalecer essa união quando a vida ameaça acabar com ela.

Receber o diagnóstico de uma doença terminal é tão doloroso para o corpo, quanto para a mente. A partir desse momento, a presença de um paliativista já se torna essencial, porque o profissional se comunica de forma transparente e compassiva,  colaborando para que o paciente e sua família compreendam o que está acontecendo e o que vai acontecer de forma mais leve.

O tratamento médico convencional permanece, associado ao suporte emocional, social, espiritual, e até mesmo físico de uma equipe multidisciplinar. Os cuidados paliativos priorizam o bem-estar e a autonomia do paciente, além de minimizar recursos invasivos. No entanto, alguns destes recursos podem ajudar a reduzir o sofrimento, como uma cirurgia para reduzir o tamanho de um tumor, atenuando a dor que ele provoca  e o impacto da sua presença.

Evita-se também a obstinação terapêutica, que é o prolongamento artificial da vida sem benefício do paciente. Como deixá-lo na UTI para substituir um órgão sem a possibilidade de regeneração. Sem contar que na UTI o horário e o número de visitas é apertado, aumentando o isolamento social.

O cuidado paliativo se encontra nos mínimos detalhes, como não forçar o paciente a comer mais do que ele está acostumado, incentivar a visita de familiares e amigos, providenciar refeições diferentes das usuais em momentos especiais, e até mesmo realizar terapia assistida por animais. A interação de cães treinados com os pacientes provoca, entre outras vantagens, ganhos na mobilidade. 

Um estudo americano chegou a conclusão que pessoas receberam cuidados paliativos precocemente, associados ao tratamento usual tiveram mais qualidade de vida e menos sintomas depressivos. A  a redução de procedimentos agressivos também aumentou a sobrevida em quase 3 meses a mais.

“A ideia de que a medicina é uma luta contra a morte está errada. A medicina é uma luta pela vida boa, da qual a morte faz parte.”    Rubem Alves 

Anorexia Nervosa

É normal querer perder uns quilinhos, por saúde ou por pura estética. O problema é quando esse “querer emagrecer” se torna uma obsessão que, futuramente, levará à problemas sérios de saúde.

Na anorexia nervosa, uma pessoa de 30kg pode se enxergar com 300kg ao se olhar no espelho. Assustada, ela diminui drasticamente a sua alimentação,  além de praticar exercícios exaustivamente, tomar laxantes e até mesmo vomitar a pequena quantidade de alimento que resiste em seu estômago. E assim começa um dos distúrbios alimentares mais perigosos que é rotina, principalmente, de mulheres entre 10 e 3o anos.

Causas

A primeira hipótese que vem a cabeça é: pressão estética da sociedade, dos familiares e do círculo social.

A moda continua incentivando a magreza e as redes sociais só intensificam essa perspectiva de perfeição, de ideal. No Instagram há muitos perfis que ainda incentivam a anorexia e a bulimia, vencendo as tentativas da plataforma de bloquear a disseminação dessas informações.

Quando o usuário pesquisa temas como anorexia e bulimia, o Instagram o incentiva a procurar ajuda profissional. Mas os perfis pró anorexia e bulimia, encontraram formas de burlar a plataforma, criando hashtags com variações das palavras originais, dificultando o reconhecimento delas por pessoas que não “participam” do transtorno alimentar.

Além da pressão estética, há também influência do histórico familiar. Um estudo realizado pelo Instituto Karolinska, em Estolcomo, revelou que a ação de um gente específico, transmitido durante a formação do bebê, torna seus portadores mais pré-dispostos à doença.

Da mesma forma, alterações neuroquimicas cerebrais, como a queda de serotonina e noradrenalina podem estimular o desenvolvimento da anorexia nervosa. A queda dessas substâncias podem desencadear ansiedade, depressão, entre outros distúrbios psicológicos.

Sintomas e comportamentos:

  • Batimentos cardíacos mais lentos;Queda de cabelo;
  • Pele seca e coberta por lanugo (pelos curtos e finos sem pigmentação);
  • Enfraquecimento dos ossos, osteoporose;
  • Problemas gastrointestinais;
  • Perda exagerada e rápida de peso sem nenhum motivo aparente;
  • Uso de roupas largas para esconder o corpo;
  • Isolamento social e familiar;
  • Evitar fazer refeições junto de outras pessoas, principalmente com a família;
  • Preocupação exacerbada com o valor calórico dos alimentos;
  • Prática exagerada de exercícios;
  • Perda de apetite;
  • Amenorreia (ausência de menstruação) e regressão das características femininas, como a         diminuição dos seios.

 

Diagnóstico

O peso deve estar 15% abaixo do indicado para a idade e a altura do paciente. A parte mais difícil do diagnóstico é lidar com a negação do paciente, que encara os quilos perdidos como um acontecimento extremamente positivo.

Outras características que devem ser avaliadas são os sinais de desnutrição e a exclusão de outras doenças por meio de exames laboratoriais. Também faz parte do diagnóstico a avaliação psicológica do paciente: como ele enxerga seu corpo e como isso influencia o seu dia a dia. Quanto antes o diagnóstico for feito, menor será o risco de da doença piorar.

Tratamento

Na maioria das vezes, a anorexia nervosa está associada a problemas psicológicos, como depressão, síndrome do pânico, ansiedade e comportamentos obsessivos e compulsivos. Por isso é importante a presença de uma equipe multidisciplinar de médicos, nutricionistas e psicólogos durante o tratamento. Principalmente porque a/o paciente costuma ficar do lado da doença, querendo continuar na situação em que sua saúde se encontra, em prol da magreza.

O nutricionista vai ser responsável por regularizar a alimentação, pouco a pouco. Assim que o corpo, e consequentemente o cérebro, estiverem mais alimentados, o psicólogo e o psiquiatra vão conversar com o paciente para descobrir e tratar a raiz do problema, por meio de terapia e medicamentos. Muitas pacientes se surpreendem com as respostas encontradas durante o processo de recuperação, pois descobrem que suas angústias iam além da simples insatisfação com o corpo.

Muitas vezes, o médico prescreve medicamentos para reequilibrar a bioquímica cerebral. Em casos graves, com perda de mais de 25% do peso, a internação é necessária.

O apoio dos amigos e da família é fundamental em todo o processo.

Um mistério chamado TPM

Tensão-Pré menstrual (TPM) é o conjunto de sintomas que se manifesta um pouco da menstruação e desaparece assim que ela termina. O início da TPM varia muito de mulher para mulher: pode começar 15 dias antes da menstruação, como apenas 2 dias antes.

Os sintomas mais comuns da TPM são:

-Irritabilidade;

-Depressão;

-Dor nas Mamas;

-Agressividade;

-Dor de Cabeça;

-Choro súbito.

Por que temos TPM?

A TPM acontece principalmente por causa das oscilações hormonais no corpo durante o ciclo menstrual, mas também tem grande influência de fatores específicos de cada mulher.

Na segunda metade do ciclo menstrual (14 dias), há o aumento de progesterona e a queda do estrogênio. A progesterona é responsável por reter líquidos, então ficamos inchadas nesse período. Já a falta de estrogênio causa vasodilatação, provocando dores de cabeça.

E a tristeza? Ela dá as caras na TPM devido a queda na produção de serotonina, substância responsável pelo humor. Quanto menor a serotonina no nosso organismo, mais desanimadas ficamos, então comemos doces para compensar essa falta.

Além disso…

Se a sua mãe teve/tem TPM, as chances de você ter serão maiores, é hereditária. Se a sua vida está as mil maravilhas e a serotonina está lá em cima, a redução da substância será menos bruta e a mulher não se sentirá tão pra baixo (ou nem um pouco). A sensibilidade à oscilações hormonais também influencia e é muito relativa de cada mulher, por isso tem gente que nem percebe a TPM chegando.

É TPM mesmo?

É importante prestar atenção se os sintomas típicos da TPM são realmente da TPM. Se eles continuarem após o fim da menstruação, pode tirar o cavalinho da chuva e começar a cuidar dele! Você pode descobrir sozinha se é ou não TPM anotando os dia em você sente determinados sintomas e em seguida, anotar o dia em que você menstruou. Se os sintomas acontecerem além da menstruação, é necessário buscar acompanhamento profissional.

Dá para amenizar os sintomas?

A prática de exercícios aeróbicos ajuda a aliviar o estresse e a ansiedade que são comuns nesse período e o consumo de alimentos que aumentam a diurese, como chuchu, morango, melancia, salsa e agrião, reduzem o inchaço e as dores abdominais.

Um livro sobre menstruação

TPM é uma manifestação completamente natural, e é um momento que pede que a gente se recolha para se conhecer melhor e evitar conflitos. Quanto mais você se conhece, menos a sua menstruação é desagradável. Existe um livro que chama “Lua Vermelha”, escrito por Miranda Gray, que retrata toda a história, a cultura e o significado da menstruação. Há uma explicação para cada sentimento de cada fase do ciclo menstrual para que você aprenda a usá-lo ao seu favor.

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Maternidade no Netflix

Maternidade é uma palavra muito usada, mas pouco entendida. Suposições, não faltam! Até de quem nunca foi mãe.

Maternidade pode ser um dos momentos mais profundos e complexos na vida de uma mulher, e até por isso, acaba sendo um pouco solitário e confuso. Não existem cursos e nem preparações suficientes para se tornar mãe. Assim que o bebê nasce, também nasce uma nova mulher, uma mãe.

Maternidade vai muito além de criar um bebê. É também se redescobrir, se adaptar às mudanças e lidar com um turbilhão de emoções (e choros).

Que tal escutar o que outras mulheres, que já passaram por isso, tem a falar? Cada uma com suas experiências, algumas únicas e muitas similares entre si. Enxergar que você não está sozinha e que não há regras a serem seguidas é o começo para se sentir mais mãe, do seu jeitinho.

Então segue uma lista filmes, séries e documentários no Netflix sobre maternidade.

Amy Schumer Growing

Em um monólogo ao mesmo tempo indecente e sincero, a comediante Amy Schumer fala sobre seu novo casamento, crescimento pessoal, gravidez e os conselhos equivocados de sua mãe. Em frente ao público de uma casa de shows em Chicago, Amy desabafa sobre as alegrias e as dificuldades de ser uma mulher profissional, esposa e mãe no século 21.

Turma do Peito

A série aborda a vida de Audrey, uma jovem mãe que está cansada das noites mal dormidas e das preocupações constantes com seu bebê de apenas dois meses. Determinada a não ter uma vida baseada apenas na maternidade, ela busca apoio em um grupo de suporte para pais. Lá, ela conhece outras mães que também estão passando por dificuldades na criação dos filhos.

Supermães

A série acompanha o dia a dia de Kate, Anne, Jenny e Frankie, quatro mulheres que se conheceram em um grupo de mães superexigentes. Com o fim da licença-maternidade, as amigas precisam encarar a volta ao trabalho. Juntas, elas aprendem a conciliar filhos, carreira e vida amorosa, vivendo na agitada cidade de Toronto.

O começo da Vida

Baseada em avanços da tecnologia e da neurociência, a série faz uma análise aprofundada dos primeiros 1000 dias de um recém-nascido, tempo considerado crucial para o desenvolvimento saudável da criança, tanto na infância quanto na vida adulta. Com filmagens em nove países, incluindo o Brasil, os episódios abordam a importância do cuidado dos pais nos primeiros anos dos filhos.

Perfeita é a Mãe

Amy é uma executiva de sucesso, mas sofre tentando equilibrar seu tempo entre o emprego e a criação dos filhos. Estressada com as tarefas domésticas, ela decide mudar drasticamente sua rotina, lutando contra os padrões impostos pela Associação de Pais e Professores da escola de seus filhos. Para isso, ela conta com a ajuda de Carla e Kiki, outras duas mães que também estão exaustas.

Jornalismo de peito aberto

O Mamilos é um podcast sobre o mundo contemporâneo, apresentado pelas maravilhosas Cris Bartis e Juliana Wallauer. Elas abordam temas polêmicos (por isso o nome “Mamilos”) relacionados à política, relacionamentos, questões sociais, e principalmente, sobre a mulher. Sempre acompanhadas de convidados experts no assunto referente a cada episódio.

Teve um, em especial, sobre puerpério. Uma das pautas mais pedidas pelas ouvintes nos últimos tempos.

“Puerpério é o nome dado ao período pós-parto, que tem uma duração aproximada de três à dez meses, nos quais a mulher vivencia uma série de adaptações físicas e emocionais. É também nesse período que ela se depara com o confronto entre as expectativas construídas durante a gestação e a realidade trazida pela chegada do bebê.”

É neste momento em que ocorre as transformações mais intensas: o útero que estava 150 vezes maior começa a voltar ao seu tamanho normal, as cólicas são corriqueiras, ainda mais os sangramentos. Sabe o que mais? Também tem incontinência urinária, inchaço na região vaginal, o aumento das mamas e a dor que avisa a chegada do leito. Fora as mudanças além do corpo, relacionadas à cabeça, à carreira, à vida sexual, vida social, e por aí vai. O que tiver que mudar, vai mudar.

Toda essa metamorfose é intensificada pela solidão da mãe. Muitas delas se sentem só, carregando um filho e uma bagagem de mudanças que acontecem fora de seu controle. Por mais que toda grávida saiba que nada será como antes, é sempre uma novidade quando, de fato, tudo passa a ser diferente. Cada mãe tem o seu processo individual, que nunca será vivido por mais ninguém, nem por outras mães.

Este episódio aborda todas essas questões e muito mais: sobre ser mãe solo, sobre ter um companheiro/companheira durante o puerpério, sobre a relação com as avós e a família no geral. Sobre a relação da mãe com ela mesma, como mulher, como um ser humano que continua existindo além da função materna.

Tanto as apresentadoras, quanto as suas convidadas Helen Ramos (criadora do canal Cel Mother) e Juliana Gil (psicóloga trabalhadora do SUS), passaram pelo puerpério e cada uma é convidada a compartilhar suas experiências, que são as mais diversas e ricas.

Mães, vocês não estão sozinhas! A intensidade e as mudanças do puerpério são inevitáveis, mas entender melhor o processo é a chave para levá-lo de forma mais tranquila, mais positiva e ao seu favor.

 

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Com pânico de HIV e doenças, jovens evitam sexo e ficam obcecados por exames: ‘Faço todo mês’

A cada início de mês, Juliano*, de 32 anos, avalia em qual unidade de saúde de São Paulo poderá fazer exames para checar se foi infectado pelo vírus HIV. “Eu dou a volta pela cidade à procura de um posto de saúde em que não me conheçam”, diz. Os resultados negativos dos testes trazem alívio ao rapaz por alguns dias, mas ele logo volta a se preocupar.

Fernanda*, de 19 anos, vai com frequência ao ginecologista. Diariamente, ela pensa sobre a possibilidade de ter contraído alguma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), mesmo sem vivenciar situações em que pode ter se exposto ao risco. “Somente me acalmo quando faço exames e vejo que deu negativo para todas as ISTs”, diz. Maria*, de 25, ficou preocupada após a camisinha se romper – parou de fazer sexo e, desde então, se submete a testes frequentes.

Juliano, Fernanda e Maria fazem parte de um grupo de pessoas que tem crescido nos últimos anos, de acordo com especialistas consultados pela BBC News Brasil: aquelas que, por motivos diferentes, desenvolveram pânico de pegar alguma doença por meio do sexo e, por isso, se submetem a vários e desnecessários exames mesmo sem ter passado por nenhuma situação que ofereça risco.

A infectologista Helena Duani, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), costuma atender, por semana, de dois a três casos de pessoas que acreditam ter sido infectadas por alguma IST, mesmo sem ter vivenciado uma situação de risco.

“Elas marcam a consulta e chegam com as inúmeras dúvidas, em geral sem nenhuma queixa ou sintoma”, conta.

Segundo o infectologista Alexandre Naime, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP), os casos de pessoas com frequentes pensamentos sobre ISTs, mesmo com exames e médicos confirmando que não há infecção, aumentaram. Para ele, o principal motivo para isso são as informações difundidas na internet.

“As pessoas estão muito mais informadas. Hoje, há algumas situações com as quais elas não se preocupavam antes, por conta das divulgações sobre diversos assuntos nas redes sociais. Por isso, o médico deve informar o paciente e deixá-lo bem tranquilo quando uma possível contaminação por alguma IST for totalmente excluída”, diz.

O preservativo rompeu

A vida sexual da advogada Maria*, de 25 anos, foi interrompida há seis meses, desde que ela começou a pensar com frequência na possibilidade de ter alguma IST. “Não consigo me relacionar com ninguém desde então”, diz.

Tudo mudou quando o preservativo de um parceiro se rompeu durante o sexo.

Ela diz ter questionado o rapaz, com quem saía havia alguns meses, se ele havia feito exames de ISTs recentemente.

“Ele ficou ofendido e disse que não tinha nenhuma doença. Eu orientei que ele fizesse os exames, mas ele se negou. Isso me deixou muito assustada”, conta.

No dia seguinte, a advogada procurou um infectologista, passou a receber acompanhamento e deu início a exames frequentes.

“Comecei a sentir diversos sintomas. Passei a ficar preocupada, ansiosa e não consegui esquecer aquele episódio”, diz.

Por conta própria, fez exames semanais nos quatro primeiros meses.

“Sempre tive parceiros fixos, usei preservativo, mas nunca deixei de fazer exames de ISTs, ao menos uma vez por ano. É uma preocupação que sempre fez parte da minha rotina”, comenta.

“Mas agora se tornou algo preocupante. Coloquei na minha cabeça que me infectei com HIV. Procurei grupos de pessoas que vivem com o vírus e, em muitos momentos, realmente acredito que tenho HIV. Penso que todos os exames que fiz podem estar errados, mesmo tendo sido feitos em laboratório diferentes”, diz

Nos três primeiros meses após o rompimento do preservativo, a advogada recebeu apoio da infectologista que a atendeu. “Ela pedia os exames de todas as ISTs, uma vez por mês”, conta. Ainda assim, Maria frequentemente fazia testes por conta própria. “Fiz diversos testes rápidos de HIV (cujos resultados saem em uma hora), em clínicas particulares, uma vez por semana.”

Logo que passaram os 90 dias após a exposição de risco – período no qual, segundo especialistas, o HIV ou outras ISTs podem se manifestar -, a infectologista disse a Maria que ela não havia contraído nenhuma infecção e deu alta médica para a paciente. O medo, porém, permanece.

“Ainda faço exames particulares com frequência. Todos deram negativo, mas o temor continua.”

A advogada comenta que os pensamentos frequentes sobre possíveis ISTs a têm prejudicado muito.

“Passei a tomar remédios para ansiedade. Além disso, gasto dinheiro fazendo exames”, detalha.

Ela e o rapaz com quem saiu há seis meses não se viram mais. “Na última vez em que conversamos, ele me disse que sou neurótica”, diz.

“Hoje, acredito que nunca mais vou conseguir manter relações sem preservativos. Com o susto que passei, comecei a pesquisar muita coisa e vi que muitas mulheres se infectam com o vírus por meio de maridos e namorados. Isso me fez ficar mais atenta”, declara.

‘É uma paranoia’

Juliano é designer, profissão que não está entre aquelas nas quais há risco de exposição ocupacional ao HIV e outras ISTs – como, por exemplo, profissionais da saúde. Ele afirma que não se expõe a situações nas quais possa contrair alguma infecção sexualmente transmissível.

“Comecei a descobrir a minha sexualidade na adolescência. Me relacionava com outros rapazes. Tive a minha primeira relação sexual aos 16. Sempre usava preservativo e não tinha paranoias sobre infecções sexuais”, relata.

Segundo ele, os temores frequentes sobre ISTs tiveram início aos 24 anos. “Eu tive uma pneumonia muito forte. Fui ao hospital, a médica me perguntou se eu era gay. Quando confirmei, ela respondeu: ‘você está com HIV’. Ela disse isso sem sequer ter feito exames. Eu desmaiei na hora. A minha vida mudou a partir daquele dia”, conta.

Ao receber alta, Juliano fez inúmeros exames que deram negativo para o vírus. “Desenvolvi insônia crônica, até hoje durmo à base de remédios. Havia fases em que eu não saía de casa. Fiquei anos sem me encontrar com ninguém”, relata.

Hoje, mesmo sem qualquer situação de risco, ele faz exames mensais para atestar que não foi infectado. “Tenho informações sobre ISTs, sei como são transmitidas, mas me sinto, muitas vezes, como se tivesse contraído algo. É uma paranoia. Preciso fazer exames para ficar aliviado.”

No Brasil, estima-se que 866 mil pessoas vivem com o HIV, conforme o Ministério da Saúde. Desde os primeiros casos descobertos, nos anos 80, o vírus costuma ser associado a homens gays.

“Por conta do que ela me disse, passei a pensar que estou fadado a ter HIV por ser gay. É como se isso fosse um carma por ser homossexual”, diz Juliano.

Para especialistas, relacionar o HIV unicamente a homens que fazem sexo com outros homens é erro e preconceito – o número de mulheres infectadas têm crescido anualmente, por exemplo.

Hoje é possível que uma pessoa com o HIV tenha qualidade de vida por meio de tratamentos com antirretrovirais que fazem com que o vírus se torne indetectável – quando a presença dele no sangue é extremamente baixa e a chance de transmissão se torna quase nula. Os medicamentos são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Juliano afirma que sabe disso, mas que tem a sensação de que morrerá em poucos meses caso contraia o vírus. “Já liguei para a minha mãe e para a minha irmã para dizer que eu iria morrer, porque eu estava com HIV, mesmo com exames negativos. É algo fora do normal”, explica.

Durante seis anos, o designer optou por não ter relações sexuais por causa do medo. Ainda assim, ele continuou fazendo testes rápidos – cujos resultados saem em uma hora – todos os meses. “Era uma situação absurda. Qualquer coisa que acontecia comigo, como uma pinta no braço ou dor de garganta, logo pensava que era HIV. Fazia o exame e dava negativo. Mas depois o medo voltava.”

Há dois anos, ele decidiu retomar a vida sexual. “A minha primeira relação, depois desses anos, foi boa. Usamos preservativo. Mas logo que terminamos, os pensamentos sobre ISTs continuaram me preocupando e fui fazer exames dias depois”, diz.

No ano passado, ele deu início à terapia PrEP, sigla para profilaxia pré-exposição. Disponível no SUS desde o fim de 2017, a medicação tem o objetivo de impedir a multiplicação do HIV nas células de defesa do organismo, em caso de contaminação. A medida é uma tentativa de frear o crescimento de infecções pelo vírus – ela não previne outras ISTs.

Para conseguir a PrEP, destinada a grupos de vulnerabilidade, como profissionais do sexo e casais sorodiferentes – quando apenas um deles possui HIV -, o designer revela que teve de conversar insistentemente com servidores de um posto de saúde.

“Disseram que eu não poderia tomar, porque não faço parte da população-chave, por não vivenciar situações de risco de infecção e não ter, na época, uma vida sexual ativa. Mas eu insisti e disse que precisava do medicamento para que pudesse ter uma vida sexual saudável, sem tantos temores. Por fim, eles permitiram que eu tomasse o remédio.”

Mas mesmo com a PrEP e hoje tendo parceiro fixo, Juliano faz exames de HIV todos os meses, além dos trimestrais que fazem parte do tratamento. Ele procura diferentes unidades de saúde para conseguir os testes.

“Ainda me bate paranoia e eu preciso fazer os exames. Saio em busca de postos de saúde onde não tenho cadastro, em São Paulo. Todos os meses é a mesma procura. Sempre recorro a locais em que não saibam que eu uso a PrEP, porque senão me orientariam a fazer somente os exames trimestrais”, revela.

Trauma após infecção com o parceiro

A universitária Fernanda conta que o ginecologista que a acompanha avalia que ela deveria fazer exames de ISTs a cada seis meses, pois ela não passa por situações de risco de infecção. No entanto, ela insiste para fazer os testes a cada três ou quatro meses.

“Ele solicita esses exames sempre que eu peço, pois sabe que somente me acalmo ao ver os resultados negativos”, relata.

A busca por frequentes exames de ISTs tornou-se parte da vida da jovem há pouco mais de um ano, logo após ela descobrir que havia contraído herpes genital do primeiro namorado.

“Essa infecção me trouxe muitas feridas na vulva. Foi uma experiência muito traumática. Fiz o tratamento indicado e a situação melhorou. Mas como não há cura para herpes, faço acompanhamento frequente”, declara.

Logo após a descoberta da infecção, a estudante começou a pensar com frequência que também poderia ter contraído outras ISTs.

“Penso dia e noite sobre isso. Faço exames e dá negativo para todas as infecções. Mas o medo nunca cessou. Desde que recebi aquele diagnóstico de herpes, não há um dia em que não acorde pensando que estou com alguma doença.”

Os especialistas explicam que, para que uma pessoa tenha uma vida sexual saudável, é fundamental que seja feita a prevenção adequada, por meio do uso de preservativo – em caso de diferentes parceiros -, exames de rotina a cada seis meses e consultas médicas periódicas.

Os temores referentes a ISTs se tornam problemas quando o indivíduo deixa de acreditar nos exames e passa a fazê-los com frequência, mesmo sem vivenciar qualquer risco, e não confia mais em médicos que descartam a possibilidade de uma infecção. A situação costuma trazer dificuldades para a vida sexual da pessoa.

É o caso de Fernanda. “Inúmeras vezes me pego pensando, no meio da relação sexual, se estou tendo contato com alguma doença, mesmo usando preservativo”, diz.

Periodicamente, a jovem de Campinas (SP) faz exames para verificar se contraiu ISTs como HIV, sífilis, hepatites virais B e C ou Papilomavírus Humano (HPV). “Tenho medo absurdo de qualquer tipo de IST.”

Ela conta que chegou a se desesperar e perder o controle ao não conseguir marcar uma consulta médica.

“A carteirinha do meu plano de saúde foi negada. Eu desabei, comecei a chorar na mesa da secretária e gritei: ‘Preciso fazer meus exames’, no meio de um consultório lotado”, relata. Horas depois, foi atendida pelo ginecologista, que solicitou os exames.

Ajuda médica

Os casos de pessoas com pensamentos constantes sobre ISTs costumam ser encaminhados a psiquiatras. O diagnóstico pode variar conforme a situação vivida pela pessoa e a análise do médico. Os tratamentos costumam ser feitos por meio de psicoterapia e medicamentos.

Fernanda foi diagnosticada com hipocondria severa – transtorno no qual o paciente tem medo constante de estar doente ou desenvolver uma doença grave – e ansiedade.

“Faço uso de antidepressivos. Isso tem me ajudado muito e fez com que as minhas crises de ansiedade diminuíssem. Mas os pensamentos sobre ISTs ainda existem”, diz.

Maria e Juliano também foram diagnosticados com ansiedade, fazem acompanhamento com psiquiatras e tomam medicamentos para lidar com o transtorno.

“Os pensamentos continuam. Mas observei que eles não são mais constantes como antes, desde que comecei a psicoterapia”, diz Juliano, que também foi diagnosticado com depressão.

Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), os pensamentos intrusivos e sem fundamentos sobre ISTs podem ser, em muitos casos, características de um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) com foco em relacionamentos sexuais.

“As obsessões são pensamentos que não saem da cabeça da pessoa. Mesmo que ela queira, não consegue se esquivar. Quem tem esses pensamentos relacionados a ISTs não está fora da realidade e não é uma pessoa psicótica. Pelo contrário, sabe que aquelas ideias não procedem, porque os exames confirmaram que não houve infecção. Porém, os pensamentos persistem, apesar das evidências contrárias”, detalha.

‘Espero que esses pensamentos passem logo’

Maria, Fernanda e Juliano possuem em comum o desejo de levar uma vida sexual saudável e sem preocupações desnecessárias sobre as ISTs.

“Eu acredito que, com o tempo, continuando o tratamento psicoterápico, possa melhorar esses pensamentos. Não é normal alguém ter esse medo todos os dias. Tenho certeza de que a minha vida seria mais leve se esses pensamentos não existissem. Eles me trazem um estresse absurdo diariamente”, diz Fernanda.

Para Maria, o medo se tornou seu maior problema.

“É importante se prevenir, mas não ficar com esses pensamentos sempre. Sinceramente, não sei quando vou entender que não fui infectada durante a minha última relação sexual. E será que não fui mesmo? Espero que esses pensamentos passem logo”, comenta a advogada.

“É surreal a forma como esse medo pode prejudicar a vida de alguém. E por mais que eu queira e busque os tratamentos adequados, não existe uma forma de garantir que eu nunca mais terei esses pensamentos”, diz Juliano.

*Nomes alterados a pedido dos entrevistados, para preservar suas identidades.

Fonte: BBC

Vacinas: as origens, a importância e os novos debates sobre seu uso

Fundamentais para o combate a doenças na história da medicina, as vacinas estão também no epicentro de debates sobre tratamentos medicinais efetivos e leis compulsórias de imunização.

Ao longo da história, elas ajudaram a reduzir expressivamente a incidência de pólio, sarampo e tétano, entre várias outras doenças. Hoje, são consideradas o tratamento com melhor custo-benefício em saúde pública.

Há críticas, porém, sobre o excesso de vacinas presentes nos calendários oficiais dos governos. Além disso, muitos temem reações adversas às substâncias, que podem ser provocadas, em casos raros, pelos próprios agentes responsáveis pelas doenças.

Conheça a história, as vantagens e as polêmicas em torno da criação e da disseminação das vacinas no Brasil e no mundo.

O que são vacinas?

As vacinas são substâncias biológicas introduzidas nos corpos das pessoas a fim de protegê-las de doenças. Na prática, elas ativam o sistema imunológico, “ensinando” nosso organismo a reconhecer e combater vírus e bactérias em futuras infecções.

Para isso, são compostas por agentes semelhantes aos microrganismos que causam as doenças, por toxinas e componentes desses microorganismos ou pelo próprio agente agressor. Nesse último caso, há versões atenuadas (o vírus ou a bactéria enfraquecidos) ou inativas (o vírus ou a bactéria mortos).

Ao ser introduzida no corpo, a vacina estimula o sistema imunológico humano a produzir os anticorpos necessários para evitar o desenvolvimento da doença caso a pessoa venha a ter contato com os vírus ou bactérias que são seus causadores.

A aplicação de vacinas, em alguns casos, causa reações como febre, dor em torno do local da aplicação e dores musculares.

Há um risco, baixíssimo, em torno das substâncias feitas de microorganismos inativos. Indivíduos com imunodeficiência (incapacidade de estabelecer uma imunidade efetiva) estão sujeitos a esse problema. Há casos raros em que os vírus atenuados provocam a enfermidade. Em outros casos, as vacinas não têm efeito no corpo, quando o sistema imune não responde adequadamente. Diabetes, uso de esteroides, infecção por HIV, idade avançada e problemas genéticos estão entre os fatores que podem enfraquecer o sistema.

Quando as vacinas foram criadas?

Os primeiros vestígios do uso de vacinas, com a introdução de versões atenuadas de vírus no corpo das pessoas, estão relacionados ao combate à varíola no século 10, na China. Porém, a teoria era aplicada de forma bem diferente: os chineses trituravam cascas de feridas provocadas pela doença e assopravam o pó, com o vírus morto, sobre o rosto das pessoas.

Foi em 1798 que o termo “vacina” surgiu pela primeira vez, graças a uma experiência do médico e cientista inglês Edward Jenner. Ele ouviu relatos de que trabalhadores da zona rural não pegavam varíola, pois já haviam tido a varíola bovina, de menor impacto no corpo humano. Ele então introduziu os dois vírus em um garoto de oito anos e percebeu que o rumor tinha de fato uma base científica. A palavra vacina deriva justamente de Variolae vaccinae, nome científico dado à varíola bovina.

Em 1881, quando o cientista francês Louis Pasteur começou a desenvolver a segunda geração de vacinas, voltadas a combater a cólera aviária e o carbúnculo, ele sugeriu o termo para batizar sua recém-criada substância, em homenagem a Jenner.

A partir de então, as vacinas começaram a ser produzidas em massa e se tornaram um dos principais elementos para o combate a doenças no mundo.

Quem produz as vacinas?

No Brasil, as vacinas distribuídas em postos de saúde são produzidas por laboratórios nacionais, internacionais ou por institutos especializados ligados ao poder público, como o Instituto Butantan (do governo do Estado de São Paulo) ou a Bio-Manguinhos (do governo federal).

A decisão sobre quais vacinas serão produzidas é feita a partir do planejamento anual da CGPNI (Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações), em parceria com os órgãos produtores. São levados em conta, por exemplo, a incidência de determinada doença, os agentes envolvidos nela e a capacidade de produção dos laboratórios.

Essas instituições enviam então os produtos a centrais de distribuição, órgãos governamentais responsáveis por embalar, armazenar na temperatura adequada e distribuí-los por todo o país.

No caso da gripe, por exemplo, cujo vírus muda constantemente, o processo de formulação da vacina é feito sob outra lógica. “Durante todo um ano, países do mundo ficam analisando os vírus que são coletados. Duas vezes por ano, a OMS (Organização Mundial da Saúde) define quais vão compor a vacina do ano seguinte”, diz o médico Expedito José de Albuquerque Luna, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde entre 2003 e 2007.

As vacinas são definidas no outono de cada hemisfério, já que os surtos de gripe geralmente acontecem no inverno. A partir de então, tem início uma corrida contra o tempo para desenvolvê-las. A corrida também acontece no caso de epidemias, como a do H1N1, que aumentam a procura pela substância e, consequentemente, a sua produção. No mercado internacional, destacam-se as produtoras multinacionais GSK, Merck, Sanofi e Pfizer.

Quais são as vacinas mais esperadas  atualmente?

Entre as vacinas esperadas para serem fornecidas à população nos próximos anos estão as contra a dengue e o HIV.

Parte do obstáculo para que essas vacinas sejam desenvolvidas é político: essas doenças prevalecem principalmente em países pobres e não há interesses econômicos, por parte da indústria farmacêutica, para voltar seus esforços a elas.

No Brasil, ao menos quatro institutos trabalham para desenvolver a vacina para a dengue: o grupo farmacêutico privado francês Sanofi, o instituto Butantan, ligado ao governo paulista, a empresa farmacêutica japonesa Takeda Pharmaceutical Company e o instituto Bio-Manguinhos, ligado ao governo federal.

A Sanofi já teve sua vacina aprovada no país, pela Anvisa, para uso pediátrico e adulto, dos 9 aos 45 anos de idade. Elas chegarão às clínicas privadas no valor de R$ 138 a dose – sendo que serão necessárias três doses para garantir a efetividade. O valor, similar ao da vacina contra HPV, reduz a possibilidade de que ela seja incorporada ao SUS.

O segundo processo mais avançado é o do Instituto Butantan. Ele desenvolve a vacina em parceria com  o National Institutes of Health, o Instituto Adolfo Lutz e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Atualmente, o projeto está na fase de ensaios clínicos, basicamente,  testes necessários para a aplicação e produção em larga escala.  Espera-se que o produto final, que será aplicado em apenas uma dose, esteja disponível em 2018.

O desenvolvimento da vacina contra HIV também está em andamento. Em março, a empresa francesa Biosantech apresentou resultados preliminares de uma vacina experimental contra o vírus causador da Aids. A vacina pode ser usada, no futuro, junto com o coquetel antirretroviral.

Outros institutos de pesquisa pelo mundo também têm se dedicado à questão. Recentemente, dois estudos, um publicado pela “Science” e outro pela “Nature”, mostraram que anticorpos potentes, retirados de pacientes que têm uma resistência maior,  podem ser clonados e usados para combater o vírus.

Em 2014, recursos globais investidos na pesquisa de vacinas contra o HIV chegaram a US$ 841 milhões. Em maio de 2016, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) fez um apelo por mais recursos e colaboração entre governos, cientistas e o setor privado para as pesquisas feitas nesse sentido.

Qual o caminho das vacinas até a população?

Para que uma vacina seja aplicada em um paciente, seja ela produzida aqui ou fora, ela passa por um longo processo que envolve compra, avaliação, liberação e distribuição pelo país. No Brasil, o Ministério da Saúde é o órgão responsável pela compra e distribuição de todas as unidades que serão utilizadas no sistema público de saúde.

As vacinas passam por uma avaliação feita pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde) e, após liberação, são enviadas para os Estados. Em casos de substâncias importadas, elas devem ser liberadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) após passarem pela alfândega.

O governo envia então, mensalmente, as vacinas aos Estados, que são responsáveis por distribuí-las aos municípios, de acordo com as necessidades locais. São 40 mil UBS (Unidades Básica de Saúde) em todo o país que recebem os imunobiológicos.

Para definir o número de doses enviadas a um Estado, as unidades da federação devem notificar previamente o governo sobre a necessidade local, levando em consideração o tamanho do público-alvo, a situação epidemiológica (a distribuição da doença na população) e os estoques federal e estaduais.

O Ministério da Saúde oferta gratuitamente no SUS 17 tipos de vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS),  para todas as faixas etárias. São 400 milhões de doses de imunobiológicos disponibilizadas anualmente, para combater mais de 20 doenças. O investimento da pasta na oferta de vacinas cresceu 225%, passando de R$ 1,2 bilhão, em 2010, para R$ 3,9 bilhões, este ano de 2016.

O sistema nacional é elogiado por médicos, dada a dimensão territorial do país. Ao mesmo tempo, gargalos na rede de distribuição fazem com que as substâncias muitas vezes não cheguem ao destino ou cheguem já vencidas. Problemas alfandegários, escassez mundial, alta da procura devido a epidemias e modificação das substâncias estão entre os principais problemas de distribuição no Brasil. Outro motivo para o atraso na entrega de vacinas no país é a demora na adaptação de certas substâncias aos padrões estabelecidos internacionalmente.

Por vezes, quando a procura é maior que a oferta, seja porque o número de doses encomendadas não foi recebido ou por outra questão pontual, a vacina é restrita a grupos de risco: recém-nascidos, profissionais com risco de contato com sangue, pacientes que farão hemodiálise etc.

Como funciona o Programa Nacional de Imunizações?

Por prevenção, é recomendado que crianças sejam vacinadas logo cedo – assim que o sistema imune estiver desenvolvido o suficiente para responder a substâncias particulares. Dependendo do tipo de vacina, é necessário tomar mais de uma dose, e em diferentes etapas da vida, para adquirir a “imunidade completa”.

Com isso em mente, muitos governos estabelecem um calendário de vacinação que orienta os cidadãos sobre quando, como e por que vacinar seus filhos.

No Brasil, esse calendário é estabelecido pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações), criado em 1973 pelo Ministério da Saúde e desde então responsável por organizar a política de vacinação da população brasileira no geral.

Em 1980, o PNI organizou a primeira Campanha Nacional de Vacinação contra a poliomielite, com o objetivo de vacinar todas as crianças menores de cinco anos de idade em um único dia. O último caso da doença no país foi notificado nove anos mais tarde, na Paraíba.

O programa tem atualmente como meta a eliminação do sarampo e do tétano neonatal, além da redução da ocorrência de outras doenças como a difteria, coqueluche, tétano acidental, hepatite B, meningites, febre amarela, tuberculose, rubéola e caxumba. Recentemente, o PNI disponibilizou também um aplicativo que permite gerenciar cadernetas de vacinação cadastradas pelo usuário, além de fornecer informações sobre as vacinas do calendário e campanhas de vacinação sazonais.

Por que existem pessoas que são contra as vacinas?

Contestações a vacinas existem desde que as primeiras campanhas para vacinação foram organizadas. Elas são feitas a partir de argumentos que evocam a ética, a efetividade e a segurança dessas substâncias.

No Brasil, um episódio épico nesse sentido marcou a primeira campanha de vacinação lançada pelo governo federal. Foi em 1904, no Rio de Janeiro, quando o Estado lançou uma campanha de vacinação obrigatória para combater a varíola.

O projeto, no entanto, foi aplicado de forma autoritária: com pouca informação dada à população, agentes sanitários invadiram casas e vacinaram pessoas à força, provocando uma grande reação popular, que entrou para a história nacional como a “Revolta da Vacina”. Boa parte da população não sabia do que se tratava a substância e temia ser infectado pelo vírus da doença a partir da injeção.

Críticos contemporâneos questionam a forma como as vacinas são desenvolvidas, por exemplo, ou argumentam contra a obrigatoriedade da vacinação, que atacaria liberdades individuais. Há ainda a alegação de que o número excessivo de substâncias que devem ser tomadas seja prejudicial e dê origem a vírus e bactérias mais resistentes.

Cientistas afirmam que o desconhecimento sobre o tema e a existência de inúmeros boatos e informações sem embasamento científico sejam responsáveis por um grande número de ocorrências de doenças que poderiam ser evitadas, caso as instruções sobre vacinação fossem seguidas.

No Brasil, o movimento antivacina também tem seus representantes. Uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde em 2014 constatou que a média de vacinação no país era de 81,4%, enquanto que entre os mais ricos era de 76,3%.

Por se tratar da parcela da sociedade com renda mais alta, a diferença não se dá devido à falta de acesso, mas porque muitos pais se recusam a vacinar seus filhos, por diversos motivos. Entre eles estão o excesso de vacinas no calendário oficial (eles questionam se é necessário injetar tantas substâncias nas crianças) e a falta de confiança no sistema nacional.

Para especialistas, a escolha pode ter sido responsável pelo surgimento de casos de sarampo na Vila Madalena, bairro nobre de São Paulo, em 2011.

O grande número de vacinas no calendário oficial também preocupa alguns pais, como a editora Natália Coltri Fernandes. “Falei isso para o meu pediatra e ele disse que podíamos esperar, observar as demandas do corpo [da minha filha], o funcionamento de seu organismo”, disse ela ao Nexo.

Escolas, públicas e privadas, exigem a carteirinha de vacinação para realizar a matrícula das crianças. Mães e pais na mesma situação de Fernandes podem fazer a matrícula caso tenham um atestado do médico justificando a ausência das vacinas.

No mundo: O papel da OMS

A OMS (Organização Mundial da Saúde), órgão vinculado à ONU (Organização das Nações Unidas), desempenha papel fundamental no combate a doenças no nível internacional. Em particular, em países subdesenvolvidos.

Em 2012, a OMS aprovou o Plano de Ação Global de Vacinas, estratégia debatida e firmada pelos 194 países-membros da organização, para ser implementada durante os dez anos seguintes. Entre as metas está apresentar novas e melhores vacinas e tecnologias, fortalecer a imunização rotineira e melhorar o controle de doenças bem conhecidas.

O plano, porém, é criticado por algumas organizações, como a Médicos Sem Fronteiras, por ignorar particularidades de alguns países, como a dificuldade de acesso a postos de saúde.

“Concentrar-se nas novas vacinas sem impulsionar os sistemas existentes não é uma estratégia que irá beneficiar a maioria das crianças. Não podemos simplesmente direcionar esforços para novas criações enquanto estivermos falhando em garantir os direitos básicos”, criticou a médica Estrella Lasry no site da organização.

Lasry cita, entre outros pontos, a falta de profissionais treinados nesses países para aplicarem injeções, o custo de transporte para populações que vivem em áreas remotas e o fornecimento de energia elétrica instável para manter as substâncias devidamente refrigeradas. “Atualmente, é baixo o investimento em vacinas adaptadas, acessíveis às pessoas de maneira mais simples, e o fato do novo Plano de Ação não ter dado mais atenção a isto é algo muito preocupante”, disse a médica.

Em 2015,  a OMS alertou que as metas globais de vacinação estavam “fora dos trilhos”. Segundo a agência, uma em cada cinco crianças no mundo não recebe as vacinas básicas.

Um relatório divulgado pela agência naquele ano mostrou que os medicamentos não estão sendo entregues de forma equitativa ou confiável. Apenas um dos seis objetivos previstos para 2015 avançou devidamente. Entre os que falharam, estava a eliminação do sarampo em três regiões – muitos países enfrentaram epidemias da doença nos meses anteriores ao relatório.

Ainda assim, a OMS calcula que as vacinações atualmente evitam entre 2 e 3 milhões de mortes por ano.

Fonte: Nexo

Hormônios bioidênticos na pós-menopausa

A ideia de denominar substâncias hormonais semelhantes aos produzidos pelo próprio organismo como bioidênticas não é nova. Sua popularização ocorreu após as grandes personagens da mídia norte-americana divulgarem seu uso, inclusive inferindo qualidades que não foram comprovadas nos estudos clínicos (Taylor, 2001). Por isso, muitos investigadores ainda colocam em dúvida a superioridade da sua segurança e do seu efeito em relação a outros hormônios usualmente utilizados na terapia de reposição clássica, ou seja, os não bioidênticos (Holtorf, 2009; NAMS, 2012).

O termo bioidêntico na sua forma mais restrita é reservado, em geral, às substâncias de origem vegetal que tiveram modificação química em sua estrutura, tornando-se indistinguível dos hormônios humanos: a) estrogênio (17beta-estradiol, estrona e estriol); b) progesterona; c) androgênios (testosterona e deidroepiandrosterona) (Cirigliano, 2007). Salienta-se que estes compostos não incluem os fitohormônios. O bioidêntico contrasta com os estrogênios oriundos da urina de égua prenha e dos derivados sintéticos do estrogênio (promestrieno) e da progesterona (progestagênios). De forma mais ampla, Cirigliano (2007) considera ainda que os compostos que se tornam semelhantes ao hormônio original, também deve ser considerados como bioidênticos, como valerato e cipionato de estradiol e ésteres da testosterona.

Recentemente, alguns investigadores alegam que a melhor forma de ministrar o hormônio bioidêntico seria a via transdérmica. Além disso, sugerem monitoramento frequentemente, pela urina ou saliva, para avaliar os níveis hormonais. Esta prática é muito onerosa e os resultados podem ser questionáveis, pois ainda não sabemos o nível hormonal ideal para cada mulher (Fishman et al, 2015).

A percepção do termo bioidêntico para a população não é clara. Dois grandes inquéritos (Harris Interactive Inc e Rose Research LLC) foram utilizados para elaborar o relatório Symphony Health’s Pharmaceutical Audit Suite (PHAST), que mostra as extrapolações e tendências de uso de diversos hormônios, incluindo os bioidênticos, na população americana. A maioria da população tem conceito equivocado e não detém informações confiáveis ou certeza se os hormônios bioidênticos têm aprovação do FDA. Além disso, uma parcela (27%) das participantes do estudo Rose, simplesmente não sabia nada sobre estes hormônios e o seu significado, bem como não tinham percepção se o resultado seria melhor do que com os demais tratamentos disponíveis.

O grande desafio com os hormônios bioidênticos é a individualização da dose a ser ministrada à paciente, pois há a necessidade de suporte laboratorial mais frequente e personalizado, o que aumentaria os custos enormemente sem necessariamente alcançar os objetivos do tratamento, ou seja, melhora dos sintomas. Não há comprovação científica que mostre que o seu uso, além de mais caro, traria mais benefícios às mulheres. Em geral, a dose padrão dos hormônios da terapia hormonal habitualmente prescrita pode ser mantida ou modificada conforme as queixas da mulher (Davison, 2009).

Assim, é importante assinalar que faltam evidências sobre sua real efetividade e segurança em mulheres na pós-menopausa em comparação com as terapêuticas hormonais não bioidênticas habitualmente empregadas.

Autor: Dr. Edmund Chada Baracat – Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina

Referências Bibliográficas

Fishman JR, Flatt MA, SetterstenRA.Bioidentical Hormones, Menopausal Women, and the Lure of the“Natural” in U.S. Anti-Aging Medicine.SocSci Med. 2015; 132: 79–87.
Cirigliano M. Bioidentical hormone therapy: a review of the evidence. Journal of women’s health.2007; 16:600–631.
Taylor M. Unconventional estrogens: estriol, biest, and triest. ClinObstet Gynecol. 2001;44(4):864-79.
Holtorf K. The bioidentical hormone debate: are bioidentical hormones (estradiol, estriol, and progesterone) safer or more efficacious than commonly used synthetic versions in hormone replacement therapy? Postgrad Med. 2009;121(1):73-85.
North American Menopause Society. The 2012 hormone therapy position statement of: The North American Menopause Society. Menopause. 2012;19(3):257-71.

Davison S. Salivary testing opens a Pandora’s box of issues surrounding accurate measurement of testosterone in women. Menopause. 2009;16(4):630-1.

Fonte: Febrasgo

Como diagnosticar e quando tratar insuficiência istmocervical?

A Insuficiência Istmocervical (IIC) é a doença em que a falha no sistema oclusivo do útero determina abortos tardios e partos prematuros, tornando-se uma gravidez de alto risco.

O quadro clínico característico é de histórico de perdas gestacionais, sempre na mesma época da gravidez, que começam com cervicodilatação, seguido de rotura das membranas, com expulsão rápida do concepto associado a pouca dor e pouco sangramento e concepto vivo e sem malformações.

O diagnóstico fora da gravidez se faz pela anamnese referindo a história típica de perdas gestacionais prévias, e pode ser complementado pelo teste da vela 8 e histerosalpingografia. Os exames complementares não são fundamentais, mas auxiliam a verificar a dilatação e a posição do orifício interno do colo do útero. Na gestação, o diagnóstico também se faz pela anamnese e eventual cervicodilatação fora de trabalho de parto. O Ultra-som durante a gestação pode mostrar as membranas prolabando pelo canal cervical, produzindo a imagem em dedo de luva ou em ampulheta. Cabe ressaltar que o colo curto não faz diagnóstico de IIC, e que o comprimento curto do colo só auxilia no diagnóstico de IIC quando já houver história de prematuridade prévia.

Uma vez diagnosticada a IIC o tratamento deverá ser a cerclagem, que consiste em sutura em bolsa. Três são as técnicas em que todas as outras se baseiam:

  • Shirodkar, que requer abertura da mucosa vaginal, por via transvaginal;
  • McDonald, que é a sutura circular transmucosa, também por via transvaginal;
  • Benson-Durfee, realizada por via abdominal;

Não há evidências de que uma ténica apresente melhores resultados que a outra, e o cirurgião deve optar pela que tenha maior afinidade. A mais usada, em vista de menor morbidade, é a de McDonald.

Essas cirurgias devem ser realizadas, quando possível, entre 12 e 16 semanas de gestação, após o Ultra-Som morfológico de primeiro trimestre descartar grandes malformações no concepto. Perdida essa oportunidade, pode-se praticá-la até 25 semanas.

Importante tratar as vulvovaginites antes do procedimento, que deverá ser realizado sob raquianestesia, com a bexiga vazia e em posição de Trendelemburg. Pode-se usar como fio de sutura o Prolene 2 com agulha G-9 ou Ethibond 2 já agulhado. Não há necessidade de uterolíticos ou do uso de antibióticos durante ou após a cirurgia. A alta hospitalar deverá ser de 6 a 24h após o procedimento. No Pós-operatório não há necessidade de repouso absoluto sendo que a paciente deverá receber informção de ter vida praticamente normal.

São contra-indicações absolutas à cerclagem a presença de contrações uterinas de trabalho de parto, o sangramento e alterações do bem estar fetal.

O fio deverá ser retirado ao redor de 37 semanas de gravidez, após o que deve-se aguardar que a paciente entre em trabalho de parto. O tempo entre a retirada do fio e a parturição, em média, é de 7 dias, período em que o colo geralmente apresenta algum grau de cervicodilatação. Caso haja indicação obstétrica de cesárea, o fio deverá ser retirado, ainda sob efeito da anesteria, logo após o parto. O fio tambem deverá ser retirado se houver rotura das membranas, trabalho de parto ou se houver alteração da vitalidade fetal.

Pode-se pensar em manter a cerclagem para partos futuros? Não existem estudos, mas uma das complicações mais desagradáveis da cerclagem é o aumento importante de corrimento vaginal e existe a possibilidade desta cervicite vir a ser causa de dificuldade para engravidar. Portanto, essa conduta não tem sido adotada como rotineira.

Na cerclagem de urgência, com as membranas expostas, é necessário respeitar as contra-indicações: o colo não pode ter dilatação acima de 4 cm e não estar muito esvaecido, não pode haver suspeita de corioamninite e o concepto deve ter vitalidade conservada. Também há necessidade de discutir com o casal riscos e vantagens. A literatura mostra haver cerca de 60 a 70% de sobrevida do concepto, mas, em geral, a cerclagem de urgência prorroga aproximadamente em 8 semanas a gestação e pode tirar de situação em que o concepto morreria por não atingir idade gestacional de viabilidade .

As cerclagens mais difíceis são as com membranas prolabadas para dentro da vagina, em que há necessidade de reduzir as membranas para dentro da cavidade uterina. Pode-se fazê-lo com chumaço de gaze embebido em soro fisiológico, balão da sonda de Folley ou pela redução do líquido amniótico por amniodrenagem orientada por Ultra-Som no momento da cirurgia.

Na exposição das membranas há que se ter muito cuidado com a possibilidade de infecção após o procedimento, uma vez que podemos ter uma corioamnionite subclínica.

Finalmente, os bons resultados da cerclagem dependem de diagnóstico correto da Insuficiência Istmocervical e de sua realização no momento oportuno.

Projeto de educação sexual e prevenção de gravidez na adolescência

Trata-se de projeto nascido da observação de que há muitas adolescentes fazendo ultrassonografia gestacional no município de Novo Horizonte. São 26% com menos que 18 anos.

Preocupados com esse dado alarmante e com o objetivo de tentar diminuir a estatística, optou-se por ministrar palestras nas escolas, que abrangessem a faixa etária de 12-13 a 18 anos, com alunos de ambos os sexos.

Para introduzir aspectos psicológicos da gravidez na adolescência, a responsabilidade e a necessidade de ambiente harmônico e com estrutura mínima para receber um bebê, houve a inclusão no projeto da psicóloga Lígia Ebner Melchiori.

“Uma vez formada a equipe, montamos as palestras, incluindo também a temática das doenças sexualmente transmissíveis que vêm aumentando estatisticamente no País”, comenta Roberto Melchiori, representante credenciado SOGESP das cidades de Catanduva, Novo Horizonte e Itajobi.

O passo seguinte foi solicitar o apoio das secretarias de Saúde e de Educação do Município, com a liberação dos profissionais no momento das palestras ou facilitando o acesso às escolas.

Do segundo semestre de 2017 até o momento atual, já foram ministradas 16 palestras para 1252 alunos, de todas as escolas municipais, estaduais e particulares da cidade.

“Os alunos também tiveram oportunidade de esclarecer dúvidas a respeito do conteúdo apresentado e nos surpreenderam com a quantidade de perguntas, verbais ou por escrito. Ainda não temos dados estatísticos da diminuição do número de gestantes adolescentes, mas houve um grande aumento, por parte dos adolescentes masculinos, para tomar a vacina de HPV”.

Este projeto ilustra como medidas simples podem contribuir para maior informação, redundando em resultados que realmente venham a se refletir em melhor cuidado com a saúde e a prevenção de gravidez, no caso no campo da adolescência.

Fonte: Sogesp